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Blog do PCO

Pix da miséria

Dia destes, na semana passada, fui abordado por um casal jovem, ambos na faixa dos vinte anos, quando andava pela rua na região hospitalar de Belo Horizonte. Com o casal duas crianças, uma ainda de colo. A mulher pediu-me uma ajuda financeira dizendo que era para comprar alimentos. Disse-lhe que, naquele momento, estava sem dinheiro e ela, com naturalidade, apresentou a solução: “ eu tenho Pix”. O que eu não tenho. O uso da tecnologia para pedir esmola causou-me espanto e levou-me a pensar, ainda hoje como podem ver, se o país, está certo em suas políticas sociais. SE não é preciso fazer mais do que simplesmente dar cobertor, um prato de comida e até mesmo as bolsas isto, bolsas aquilo, de valores irrisórios que não atendem as necessidades dos que são beneficiários. Lembrando deste casal e vendo as cenas da multidão desassistida da cracolândia, em São Paulo fico a pensar se não é hora do Estado agir em proteção do cidadão, procurando recuperá-lo para a vida e não apenas enganando sua fome e minorando o frio que sente? “Mas doutô uma esmola a um homem qui é são. Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão” diz uma das canções do mestre Luiz Gonzaga. É verdade. É preciso sim suprir as carências materiais, mas é preciso agir para recuperar a autoestima daqueles que perderam o elã pela vida. Fazê-los viver, não apenas mantê-los vivos. Se não agirmos para recuperar os adultos, como no caso que relatei, o que será das crianças que hoje vivem agarradas em suas mãos? Pensem nisso. Ajam. 

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