Há 15 anos à frente do PMDB, o vice-presidente Michel Temer (foto), foi reconduzido ao cargo pelos próximos dois anos, em convenção realizada ontem em Brasília. Candidato único, Temer recebeu 537 votos favoráveis de um total de 559, segundo a secretaria-executiva do PMDB. 11 votos foram contrários à chapa, 6, em branco, e 5, nulos. Ao todo, 390 convencionais votaram, mas parte deles tem direito a votar mais de uma vez. A votação obtida por Temer expressa a unidade do partido que nos últimos dias buscou a conciliação entre seus diferentes grupos, considerada fundamental para o grande salto que o partido pretende dar agora. Demonstrar a força da unidade, que Temer procurou realçar em seu discurso, no qual não citou uma vez sequer a atual aliança com o PT, foi a estratégia montada para que a legenda se mostre pronta a ocupar o governo caso haja o impeachment da presidente Dilma. Para conter a pressão dos mais açodados, entre eles o presidente da Fiesp e ex candidato ao governo de São Paulo, o empresário Paulo Skaf, que defendia o imediato rompimento do PMDB com o governo, com a entrega de todos os cargos ocupados por filiados, a convenção de ontem aprovou noção proibindo a qualquer peemedebista aceitar nomeações para cargos no governo federal pelos próximos trinta dias. É o tempo que os peemedebistas querem para armar a saída e a marcha para a oposição, caminho que ficou evidenciado na convenção. Para as lideranças do partido, o PMDB já está fora do governo e seus parlamentares liberados para votarem pelo impeachment da presidente caso o processo, como prometeu o deputado Eduardo Cunha, seja realmente retomado na próxima quinta-feira. Tudo está pronto para a saída, a não ser que ocorra um fato excepcional.
Sonho de se tornar ministro vai por água abaixo
O deputado federal Mauro Lopes, do PMDB mineiro, que até hoje espera a nomeação da presidente Dilma para assumir a Secretaria Nacional de Aviação, não deve mais ocupar a vaga. Com a pressão dos peemedebistas para que o partido desembarque do governo federal, o sonho de fazer parte do governo vai se desfazendo. Mauro Lopes, no entanto, quer assumir o cargo de qualquer jeito, sabe-se lá por quê. Mas ao que tudo indica, nem mesmo a presidente Dilma faz muita questão de tê-lo por perto.