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Presidente da Fiemg: venda de usinas da Cemig uma desconsideração para com Minas Gerais

Paulo César de Oliveira
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Os movimentos de empresários e políticos, inclusive de oposição ao PT, que se uniram para tentar reverter o leilão das quatro usinas da Cemig, ficaram com a sensação de abandono. Para o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, Olavo Machado Jr (foto), o que aconteceu foi uma desconsideração para com Minas Gerais. Ele entende que o governo até conseguiu fazer um caixa maior do que estava prevendo, de R$ 12,1 bilhões, mas lembra que as usinas construídas pelos mineiros com dificuldade, passam agora para outras mãos, sem considerar aquilo que estava nos contratos. Os mineiros não têm nada para comemorar, lamenta Olavo Machado, que se mostra preocupado com essa situação, porque os mineiros, segundo ele, sempre procuraram fazer um país melhor, ajudando a buscar as soluções nacionais e nada disso foi considerado. “É com decepção que se vê o que está acontecendo na Cemig”.

 

Brigas políticas prejudicaram Cemig

O ingrediente político envolvido na questão do setor elétrico foi um complicador no processo. Primeiro com a ex-presidente Dilma mudando as regras do setor impedindo que a Cemig prorrogasse o contrato com as usinas por mais 20 anos e agora o governo Temer encerrando a polêmica leiloando as usinas. Para Olavo Machado, não é assim que vamos fazer um país melhor. “Um país se faz com união, fazendo que os custos e os benefícios sejam divididos entre todos. Esse processo começou com a inabilidade da presidente Dilma. O sistema elétrico era bem estabelecido. Grande parte das empresas que arrendou as usinas é de fora. Nada contra o investidor estrangeiro, que é sempre bem vindo, mas é bom lembrar que energia elétrica é uma questão de segurança nacional e nós não estamos levando isso em conta. Só olhamos o valor das empresas e das commodities. As empresas, muitas vezes vão aplicar para ganhar dinheiro, para fazer negócio, não é para ajudar ninguém”..Outra questão colocada por Olavo Machado é em relação a indústria nacional. “Numa hora em que se tem outros interesses colocados por empresas estrangeiras, como o governo vai se portar”?. Ele teme que aconteça com outros setores o mesmo que está acontecendo com o setor elétrico e com os impactos que vem dessas decisões. Para ele, o setor elétrico estava obsoleto, e por isso serão necessários muitos reparos, que, no entanto, não devem ser feitos pela engenharia nacional. Então, além de perder as usinas, o empresário brasileiro vai perder oportunidade de mercado, de geração de emprego e riqueza.

 

Futuro da Cemig

O leilão das quatro usinas da Cemig, apesar de causar impacto, não deve afetar muito a estatal, que segundo Olavo Machado Jr, sempre foi uma empresa grande, com pessoas competentes e continua sendo referência nacional no setor de hidro engenharia. Para ele, essas pessoas vão saber colocar a Cemig, mesmo com as dificuldades, em posição de destaque. “Ela vai voltar ao passado, mas nada disso vai passar sem estudar bem os mercados, as oportunidades, os funcionários que lá trabalham e lembrar que isso tudo é um momento de dificuldade que esperamos que eles saibam modificar. O leilão já é passado e temos que conviver com a situação e criar mais oportunidades para Minas Gerais”.

 

Pimentel culpa governo do PSDB por leilão de usinas da Cemig

O governador Fernando Pimentel (PT) usou a sua página no Facebook para lamentar o leilão das usinas da Cemig, que poderia ter sido evitado, se o governo anterior tivesse aderido a Medida Provisória 579/12, editada pela ex-presidente Dilma e que mudou as regras do setor elétrico. “Hoje é um dia triste para Minas Gerais. Usinas Hidrelétricas importantes que foram operadas pela Cemig durante esses 30 anos, foram leiloadas pelo governo federal e agora passarão para o controle de empresas estrangeiras. Nós tentamos de todas as formas possíveis uma negociação com a União que permitisse que a Cemig continuasse operando essas usinas, mas infelizmente não encontramos espaço dentro do governo federal para atender essa justa demanda dos mineiros. É verdade também que essa situação podia ter sido ajustada pelos governos estaduais que nos antecederam, sem custo para a Cemig, com a adesão á Medida Provisório 579, mas infelizmente não foi esse o entendimento da época e agora o resultado está consumado com esse leilão”. Deputados que fazem oposição ao governo do estado contestaram a declaração de Pimentel e em nota disseram que a Cemig perdeu as usinas “por total irresponsabilidade do PT que sequer apresentou uma proposta para mantê-las como patrimônio dos mineiros’.

 

Leilão das usinas da Cemig decepciona deputados mineiros

O leilão das quatro usinas da Cemig, ontem, pelo governo federal, decepcionou a bancada federal mineira. Os deputados vinham intermediando o diálogo entre o governo de Minas, a direção da Cemig e o governo federal para tentar, pelo menos adiar o leilão até conseguir um caminho para que a estatal mineira continuasse com a concessão das usinas. O esforço foi em vão. O porta voz e coordenador da bancada, o vice-presidente da Câmara, deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG) fez duras críticas ao governo Michel Temer, que para ele, só pensa em bancos. “Estamos diante de um governo que só pensa nos bancos. Temos um ministro que só pensa em banco e como eles vão continuar a ganhar dinheiro”, desabafou o parlamentar mineiro.

 

Bancada mineira promete dar o troco

A expectativa era a de que a Cemig conseguisse tirar, pelo menos, a Usina de Miranda do leilão, mas o ministro Dias Tóffoli não permitiu que isso acontecesse, e para Fábio Ramalho, o governo federal na realidade, não cumpriu um acordo com o STF de aceitar uma proposta na qual a estatal de Minas pagaria R$ 1,1 bilhão, até 15 de dezembro, pela hidrelétrica. Para o parlamentar, o leilão demonstra a falta de compromisso do governo federal com Minas e com a bancada mais fiel que o governo tem na Câmara. Agora, segundo ele, a bancada vai pensar duas vezes antes de votar com o governo.

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