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Senador quer evitar golpe do Senado

Paulo César de Oliveira
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O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar que o Senado descumpra a decisão do ministro Edson Fachin de afastar o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Em Brasília especula-se que um grupo de senadores pretende “peitar” o Supremo e ao aceitar o afastamento através de uma manobra regimental. Randolfe (foto) teme que, à semelhança do que aconteceu com Renan Calheiros (PMDB-AL), a Mesa Diretora do Senado descumpra a determinação de afastamento.”Eu considero de uma temeridade quando o Senado admite a possibilidade de não cumprir uma decisão judicial da Suprema Corte. Era só o que faltava, um presidente ‘propineiro’ e um Senado que não cumpre decisão do Supremo”, afirmou o senador. O mandado de segurança será analisado pelo ministro do STF Dias Toffoli.

Pedidos de impeachment protocolados na Câmara Federal

Com a decisão da OAB de entrar com pedido de impeachment do presidente Michel Temer, o que deve acontecer hoje, serão nove os pedidos de afastamento apresentados na Câmara Federal. Um dos pedidos foi assinado por partidos de oposição: PT, PDT, PCdoB, Rede, Psol e PSB. O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) apresentou dois processos, o deputado JHC (PSB-AL) protocolou outro, o deputado João Gualberto (PSDB-BA) e mais sete parlamentares do PSDB também se manifestaram, além de pedidos apresentados pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP); um do deputado Diego Garcia (PHS-PR); e outro apresentado por um deputado estadual. Caberá ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, analisar a admissibilidade dos pedidos.

A difícil tarefa de Temer em manter a sua base

Não está nada fácil para o presidente Michel Temer recompor a sua base após a gravação do diálogo entre ele e o empresário Joesley Batista. O jantar que ofereceria ontem aos líderes dos partidos acabou virando um encontro informal. Se esse isolamento persistir, Temer corre o risco de perder o apoio do PSDB e de outros partidos que compõe a sua base, inviabilizando de vez a sua permanência no governo. A cúpula do PSDB cancelou a reunião marcada para ontem, em Brasília, para definir se o partido continua no governo Temer. Com 11 senadores e 47 deputados federais, a legenda é a principal aliada do PMDB no governo federal. Se desembarcar do governo, os tucanos levam junto o DEM. Um alento para o governo foi a baixa adesão às manifestações ocorridas ontem nas 12 cidades onde houve protesto. A expectativa de Temer é a de que nesta quarta-feira o Supremo Tribunal Federal encerre o inquérito contra ele, sob a alegação de que o áudio da delação apresentado por Joesley é fraudulento.

Reforma política entra em discussão, se deputados aparecerem para trabalhar

Se os deputados federais voltarem ao trabalho, a semana será de discussão de temas importantes como o do relatório parcial que trata das regras eleitorais, sistemas eleitorais e modelo de financiamento de campanha. O debate sobre o assunto está marcado para esta terça-feira na Comissão Especial da Reforma Política. O relator do projeto, de deputado Vicente Cândido (PT-SP), entende que o eixo central de discussão é o modelo de financiamento e o novo sistema de votações. “Estou priorizando o eixo central, que é financiamento e o sistema de votação. Mas como a gente mexe no sistema todo, estamos trabalhando os pontos mais periféricos”. Com o agravamento da crise, Vicente Cândido acredita que pode ser analisado algum ponto que tenha acordo e possa ir a votação. “Para mostrar à população que nós precisamos mudar e fazer uma reforma política para o bem e a para a saúde da política brasileira.”

Internautas iniciam campanha de boicote aos produtos da JBS

A Justiça e o Ministério Público Federal podem estar sendo condescendentes com os irmãos Joesley e Wesley Batista, que têm escapado imunes ao esquema de corrupção envolvendo desvio de recursos públicos para manter esquemas fraudulentos de políticos e partidos, mas a população não. Internautas iniciaram uma intensa campanha de boicote aos produtos da JBS. As mensagens são divulgadas via redes sociais, WhatsApp e Instagran, com a lista das empresas e produtos pertencentes ou onde o grupo mantém sociedade. No texto divulgado os internautas chamam para aderir ao movimento alegando que: “ se você quer ajudar a acabar com práticas empresariais que destroem nosso país… se você quer que seu dinheiro não alimente os corruptos, pare imediatamente de comprar essas marcas”.

Economia mostrava desconexão com a política

Antes do tsunami político causado pela delação premiada dos donos e executivos da JBS, e das gravações envolvendo o presidente da República, Michel Temer, a economia dava sinais consistentes de recuperação. E pela primeira vez, o mercado interno se mostrava mais otimista do que os investidores externos. Uma prova de que estava acontecendo até aí, uma desconexão entre a economia e a política, segundo o ex-ministro Paulo Paiva. Para ele, sem a política, a economia poderia estar muito melhor. Mas como atualmente no Brasil as notícias mudam a cada minuto, não existe nada seguro.

Peritos criticam falta de análise das gravações

A Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais divulgou nota questionando o fato de a Procuradoria-Geral da República (PGR) não ter periciado o áudio da conversa que o empresário Joesley Batista (foto), dono da JBS, gravou com o presidente Michel Temer, antes de anexá-la ao pedido de abertura de inquérito contra o presidente e a assinatura do acordo de delação premiada que beneficiou Joesley, seu irmão, Wesley Batista, e executivos da holding J&F, à qual pertence a JBS.As conversas foram gravadas em março deste ano, sem o conhecimento de Temer, durante um encontro à noite, no Palácio do Jaburu. No áudio, o dono da JBS afirma que tinha ligação com um procurador da Justiça e dois juízes que lhe passavam informações confidenciais sobre a Operação Greenfield (que apura suspeita de desvio de recursos em fundos de pensão públicos). Para a associação dos peritos criminais, a homologação de delações premiadas sem a devida análise pericial prévia é temerária. “É inaceitável que, tendo à disposição a Perícia Oficial da União, que tem os melhores especialistas forenses em evidências multimídia do país, não se tenha solicitado a necessária análise técnica no material divulgado, permitindo que um evento de grande importância criminal para o país venha a ser apresentado sem a qualificada comprovação científica”. Segundo a entidade, a mera audição da reprodução, pela imprensa, do áudio entregue por Joesley Batista permite notar “a presença de eventos acústicos que precisam passar por análise técnica, especializada e aprofundada”. No entanto, não é possível emitir qualquer conclusão sobre a autenticidade da gravação sem que o áudio e o equipamento usado para gravar a conversa sejam periciados pelo Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal. O material para perícia, a pedido da defesa de Temer, já foi enviado aos peritos. O STF quer urgência no trabalho pois na próxima quarta-feira deverá julgar o pedido do presidente de suspensão das investigações.

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