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Uma defesa com cara de armação

Paulo César de Oliveira
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Quem teve paciência e estômago, ou mesmo por dever de ofício, de ouvir a entrevista do deputado Eduardo Cunha divulgada, repetida e depois, mais uma vez repetida, pela Tv Globo, deve ter ficado, além de indignado, com a sensação de que estão “armando” uma forma, à primeira vista, engenhosa, de salvar o deputado no Conselho de Ética. Não pode ser outra a justificativa para explicações tão estapafúrdias como as apresentadas pelo deputado em sua entrevista. Além da ardilosa tese, tão improvável quanto a prisão do Zorro pelo Sargento Garcia (esta é para os mais vividos), chamou a atenção a frieza de Cunha, que em nenhum momento demonstrou qualquer emoção ou insegurança em sua fala. Postura clássica dos que sabem, perfeitamente, o que está falando e para quem está falando. Ou então dos insanos. Mas vamos, para efeito de raciocínio, com a primeira hipótese. Cunha (foto) construiu uma tese de defesa para oferecer aos seus julgadores, o benefício da dúvida. Apresentou uma peça intrincada para que seus apoiadores e para os que, por lealdade ao governo Dilma, precisam livrá-lo da enrascada em que se meteu, dentro de um projeto de blindagem múltipla que, a cada dia, fica mais transparente. A versão de Cunha, por ser de apuração complicada, cria a presunção de inocência, como tanto gosta o PT. Sem certeza de que está falando a verdade ou não, por mais estranha que a versão seja, justifica-se o voto de absolvição e Cunha sai livre no Conselho de Ética. Ganha-se tempo. Constrói-se a solidariedade necessária para a salvação de todos os que estão e risco mais iminentes de perda de mandato. Ah! não é possível que parlamentares se sujeitarão a um jogo deste. Não? Absolver o Cunha é assim tão diferente quanto impedir a convocação de Antônio Palocci e Erenice Guerra para depor em CPI que apura jogadas financeiras mal explicadas? Cunha teve provas contra ele coletadas pelo Ministério Público da Suíça. Palocci e Guerra foram flagrados em operações financeiras mal explicadas por órgão de inteligência do Ministério da Fazenda. São tão diferentes assim? Quem protege um, porque não pode proteger o outro? Gente, isto aqui é Brasil!

 

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