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Valério tem medo de morrer se falar tudo que sabe

Paulo César de Oliveira
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O empresário e publicitário Marcos Valério alegou temer pela própria vida ao se negar a responder uma pergunta durante depoimento ao juiz Sérgio Moro, na 13ª Vara Federal de Curitiba. Ele falou por pouco mais de uma hora ao juiz sobre um empréstimo do Banco Schahin ao pecuarista José Carlos Bumlai dinheiro que tria sido repassado ao PT. O MPF acredita que parte do dinheiro foi utilizada pelo partido para pagar o empresário Ronan Maria Pinto, dono do jornal Diário do Grande ABC. Ele estaria chantageando líderes da sigla porque tinha informações que ligavam integrantes do partido à morte do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel. Quando um representante do MPF perguntou qual seria o trunfo de Ronan Pinto para chantagear os petistas, o publicitário pediu a Moro autorização para não responder a pergunta e, então, dirigiu-se ao promotor que o havia questionado: “o que eu fiquei sabendo é muito grave e o senhor não vai poder garantir a minha vida”. Marcos Valério (foto) negou participação no empréstimo que é foco dessa fase da operação. Ele disse que foi procurado, em 2004, pelo então secretário geral do PT, Silvio Pereira, que teria pedido R$ 6 milhões a serem pagos para o empresário Ronan Maria Pinto. O publicitário conta que chegou a aceitar a transação, mas desistiu ao descobrir as circunstâncias “graves” que envolviam o negócio. “Acho melhor você arrumar alguém da confiança do presidente para resolver esse assunto. Eu não sou dessa confiança”, foi a frase que Valério disse ter dito a Pereira ao desistir de participar do empréstimo. Segundo o publicitário, os alvos da chantagem eram o ex-presidente Lula da Silva e os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho.

 

Delúbio sabia, mas garante à Justiça que não sabia

Marcos Valério disse que testemunhou, no ano seguinte, uma reunião entre o ex tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e representantes do Banco Schahin. Segundo ele, foi nesse encontro que ficou sabendo que a transação havia sido concretizada. Ele revelou ainda que foi informado pelo ex-presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto, de que o dinheiro havia sido levantado por meio de um empréstimo do pecuarista José Carlos Bumlai no Banco Schahin. Okamotto também teria revelado a ele que o empréstimo havia sido quitado por meio de um contrato firmado entre o banco e a Petrobras. O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, também prestou depoimento pela mesma fase da Operação Lava Jato. Ele falou por cerca de meia hora e negou a versão de Marcos Valério de que teria tratado do empréstimo com representantes do Banco Schahin. Delúbio, disse ter tomado ciência da operação pela imprensa.

 

Valério tem o que falar sobre o mensalão mineiro

Durante o interrogatório em Curitiba, o empresário Marcos Valério parecia mais interessado em obter uma delação premiada em relação ao mensalão mineiro, com a intermediação do juiz Sérgio Moro, do que falar sobre assuntos do PT. Os advogados de Marcos Valério enviaram um pedido de delação ao Ministério Público de Minas Gerais, mas após 90 dias, não obtiveram nenhuma resposta. Marcos Valério teria de 15 a 20 nomes de pessoas de vários partidos, inclusive empresários renomados, envolvidos no mensalão mineiro, com provas documentais e testemunhais. Ele quer ser transferido para uma Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) e passar para o regime de semiliberdade até o fim de 2017. Valério foi condenado a 37 anos de prisão por envolvimento no mensalão do PT.

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