Criar dificuldades para vender facilidades sempre foi uma especialidade dos Legislativos brasileiros. Uma prática que se radicaliza em períodos pré-eleitorais, quando os legisladores precisam das verbas das emendas para agradar as chamadas bases eleitorais. Com a radicalização política atual, a prática ganhou força e Lula (foto/reprodução internet) vem sendo obrigado a abrir os cofres para conseguir a aprovação dos projetos de interesse de seu governo, especialmente na Câmara Federal. Os deputados – à frente o presidente da Câmara, Arthur Lira- se queixam da falta de articulação política do governo, problema que Lula tem resolvido com a liberação de emendas. Foi com liberação, não com articulação, que ele conseguiu aprovar a Medidas Provisórias de interesse do governo que ameaçavam caducar na semana passada. Foi liberado R$ 1,7 bilhão em emendas. Mas até quando a liberação vai substituir a articulação? Lula precisa, urgentemente, assumir seu mandato como presidente. Abandonar, pelo menos por hora, seu projeto de liderança mundial, e passar a cuidar do cotidiano do governo, a começar pelo controle de vaidades dentro de sua equipe que prejudicam a governabilidade e a convivência política. Entramos no sexto mês de governo e há muito o que se fazer. É hora de começar a fazer. De conversar, de conter os arroubos juvenis de muitos congressistas, transformados em massa de manobra de velhas raposas. Entre esquerda e direita é preciso colocar o Brasil. Entre o campo e a cidade é preciso colocar o brasileiro.
Vendendo facilidades
