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Até o BC acha que a situação vai piorar

Paulo César de Oliveira
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O Banco Central piorou as previsões para o cenário da economia brasileira neste ano no Relatório Trimestral da Inflação divulgado ontem. O banco elevou a projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 7,9% para 9%, o dobro da meta definida pelo governo para a inflação, de 4,5%. Pelo cenário de mercado, a previsão anterior também era de 7,9% e agora foi revisada para 9,1%. Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o BC espera uma retração ainda maior, de 1,1%, do que a projetada no relatório anterior, de 0,5%. Se confirmado, este será o pior resultado do PIB em 25 anos. Desta forma, o órgão não descarta a possibilidade de a economia entrar em recessão técnica neste ano, quando dois trimestres seguidos registram recuo no PIB. No primeiro, já encolheu 0,2%, segundo o IBGE.

 

Surpresas com os dados negativos

O pessimismo do relatório reflete as surpresas com os sucessivos dados negativos da economia do país. “Os efeitos, no curto prazo, dos ajustes macroeconômicos adotados no âmbito das políticas monetária e fiscal, associados, ainda, a eventos não econômicos, concorrem para que o crescimento da atividade econômica neste ano situe-se abaixo do crescimento potencial”, informa o documento. Com a análise, fica cada vez mais evidente que a autoridade monetária desistiu de tentar levar a inflação para o centro da meta de 4,5%. Tampouco, deverá reduzir o indicador para o teto de 6,5%. Com isso, a equipe liderada pelo presidente Alexandre Tombini (foto) terá de escrever uma carta ao ministro da Fazenda explicando os motivos que levaram a instituição a não cumprir sua tarefa bem como dar indicações sobre o que fará para reverter o quadro de descontrole dos preços. “Ainda no cenário de referência, a probabilidade estimada de a inflação ultrapassar o limite superior do intervalo de tolerância da meta em 2015 situa-se em torno de 99% e, em 2016, de 11%”, diz o texto.

 

Expectativa é com o comportamento da Selic

O BC tem dito que sua missão é combater os efeitos secundários da alta da inflação deste ano. O objetivo é evitar transmissão para 2016 por meio da inércia. Para o próximo ano, o BC aposta que conseguirá reduzir a inflação a níveis aceitáveis: a projeção foi ajustada para baixo de 4,9% para 4,8%. No cenário de mercado, a previsão de alta de 5,1% para 2016 foi mantida. As estimativas são usadas como base para os analistas do setor privado calibrarem suas previsões para a próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para o fim de julho. A grande questão a ser levantada é se o BC manterá o ritmo de alta de 0,5 ponto porcentual, como nos últimos meses, ou se já está se aproximando do fim do ciclo de aperto monetário. Desde outubro, o Comitê decidiu por elevar a taxa básica de juros (a Selic), ininterruptamente. Atualmente, ela está em 13,75% ao ano.

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