A agricultura conseguiu sobreviver 2015, mas teme que 2016 seja um ano perdido devido a crise política. O presidente da Federação da Agricultura, Roberto Simões, entende que é difícil para a população ficar assistindo a presidente da República e o presidente da Câmara Federal se digladiando. Os recursos sumiram e o país enfrenta dificuldades de toda ordem. O país, segundo ele, está amarrado a esta crise. E, dificilmente, conseguirá retomar seu crescimento no próximo ano.
Como foi 2015 para a agricultura?
Tivemos um ano de grandes produções, safra boa, exportação razoável e um pequeno encolhimento no preço das commodities no mundo, mas o volume e o valor do dólar compensaram alguma coisa. Foi um ano não de grandes crescimentos, mas de realização forte. Continuará sendo um ano de pequeno crescimento, se nós não tivermos a solução de alguns problemas que agravam a situação.
Como por exemplo?
A questão da infraestrutura, algumas questões ambientais, dificuldades com o ICMS e com alta carga tributária. Minas Gerais precisa de um pouco mais dinamismo para deixarmos de perder negócios, porque nós temos uma estrutura muito própria, entidades muito boas, universidades boas. Nós temos tudo para progredir, mas estamos amarrados a essa crise, que é mais política do que tudo. O que esperamos é uma solução da crise para continuarmos desenvolvendo o agronegócio.
Qual o maior problema para a agricultura. É espaço no mercado externo?
O nosso grande patrimônio é o mercado interno, que consome 80% da nossa produção, ou até mais. A exportação é necessária porque ela ajuda a gerar riquezas e nos permite colocar o que seria o excesso. As duas coisas estão conjugadas. Nós temos capacidade de fazer isso. Temos um futuro muito bom com demanda para os produtos agrícolas. O mundo está crescendo, as populações, a renda então, acho que temos condições de estar ofertando produtos e resolvendo os nossos problemas internos.
O senhor acha que 2016 será um ano mais fácil do que 2015?
Não acredito. Continuo achando que será um outro ano perdido, tal a gravidade da situação em que nós estamos. Não há recursos. Os recursos sumiram, temos dificuldades de toda ordem. Será um ano, se formos felizes, de acertos de uma posição política e ética para depois nós seguirmos produzindo.
O senhor acha que o impeachment vai resolver a situação política do país?
Eu acho difícil entrar nessas questões. Mas uma coisa eu tenho certeza: a presidente da República precisa parar de brigar com o presidente da Câmara. Estourou a bolha, de um lado ou para o outro, eu espero que haja uma solução, porque são 206 milhões de brasileiros que estão esperando e vendo duas pessoas se digladiando.