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Recuperação econômica será lenta e difícil

Paulo César de Oliveira
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Todos querem respostas rápidas do governo Temer. Os empresários querem um ambiente seguro, com regras claras e com investimentos, para que as empresas voltem a produzir. A população quer recuperar os empregos e a renda perdida e tudo para ontem. Além dessa urgência que o país tem, o presidente Michel Temer tem que garantir a sua governabilidade no Congresso Nacional, aprovar as medidas necessárias para o país avançar e conquistar a população, que agora está dividida entre a necessidade de ver o país voltar aos trilhos e os apelos dos petistas e dos movimentos sociais, que engrossam as manifestações de rua contra Temer. A classe produtiva já deu o sinal positivo ao governo, resta saber, segundo o ex-ministro Paulo Paiva, se Temer vai conseguir vencer a resistência das ruas e se terá coragem para tomar as medidas impopulares para colocar as contas em ordem.

 

Os empresários acreditam que se houver interesse do governo e do Congresso Nacional o país sai da crise em seis meses. O sr acredita nesta possibilidade?

Eu tenho um pouco mais de cautela. Eu acho que que o governo tem uma enorme dificuldade em trabalhar as questões fundamentais para melhorar a economia. O presidente Temer está diante de um dilema que é: ou ele tem uma atitude altruísta para tomar medidas e aprova-las no Congresso cujos benefícios serão para os futuros governos, com desgaste político. Ou ele opta pela racionalidade política de construir uma base para poder enfrentar as eleições de 2018. Vamos ver quais os caminhos o presidente irá tomar. Diferentemente do que foi no governo Itamar, lá nós tínhamos uma crise com a hiperinflação e o governo só dependia de uma reforma constitucional para completar o seu programa. Hoje essa reforma se chama DRU, Desvinculação das Receitas da União, que na época para aprovar foi vestida de um nome simbólico chamado Fundo Social de Emergência. Fora isso, as medidas foram administrativas e com a edição de Medidas Provisórias. Quando a inflação reduziu, a população sentia no bolso, entendia o que se estava fazendo. Hoje, a questão depende de um ajuste fiscal estrutural de mais longo prazo e dificilmente as pessoas entendem os benefícios disto para elas. Com isto, o que as pessoas querem? Elas querem que o governo gaste mais. Tem-se aí uma visão diferente de mercado e a visão da população, o que torna a tarefa do governo Temer bem mais difícil. Do ponto de vista da economia, ela já dá sinais de recuperação e o mercado espera um resultado mais concreto do governo. O mercado gosta de ver sangue e acho difícil ter essas coisas a curto prazo.

 

O governo precisa se estruturar para gerar emprego, como recuperar a economia e gerar empregos?

Do ponto de vista puramente da economia, a economia já está dando sinais de recuperação. Nós já estabilizamos a recessão. Os últimos dados de estimativa do PIB do IBGE mostram que provavelmente no primeiro trimestre do ano que vem já se tenha uma taxa positiva do PIB. As indústrias nos últimos cinco meses têm crescido em relação ao mês anterior. Há um processo de recuperação da economia e há sinais de que inflação no próximo ano será mais baixa do que neste ano. Há um movimento na economia, uma capacidade ociosa e uma taxa de investimentos também positiva. Pode esperar uma produção maior no trimestre seguinte, há sinais de que economia está se recuperando. Essa recuperação será lenta, e qualquer medida para forçar o crescimento da economia de forma artificial, que não tenha base nos fundamentos da economia, pode-se desequilibrar e o crescimento pode virar um voo de galinha, ou seja, cai na frente. A recuperação está em curso, mas ela será muito lenta.

 

Acabaram-se as desculpas de que não se podia tomar medidas mais efetivas porque o governo era interino?

Certamente, agora acabou o governo provisório. O governo é efetivo, ele tem legalidade, a legitimidade ele precisa construir, porque tem uma baixa popularidade e tem que construir com medidas efetivas que sejam reconhecidas pela população. Do ponto de vista da economia, essas medidas não são muito simples, são complexas. Se o presidente Temer conseguir avançar e demonstrar que ele construiu uma base política sólida, já é um grande avanço. Ele tem a necessidade de se consolidar como representação institucional, é o primeiro desafio dele, o de construir a governabilidade na sua relação com o Congresso e em cima deste tem os fantasmas do processo de cassação que estão no Supremo Tribunal Federal, no Superior Tribunal Eleitoral, na Lava Jato, que ninguém sabe o que vai acontecer amanhã e com as manifestações populares, que não são insignificantes e tendem a crescer.

 

O PT vai deixar o presidente Temer governar?

Acho que o PT vai fazer todo o esforço para não permitir que o presidente Temer tenha uma comunicação com a população. E este é o desafio para ele. Ele tem a legalidade, ele é o representante institucional, em o desafio de construir a governabilidade de um lado e de outro de se comunicar com a população, que é a dimensão mais frágil do Temer.

 

 

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