Blog do PCO

A confiança de quem veio e venceu. A irritação de quem não aguenta mais tantos escândalos

Paulo César de Oliveira
COMPARTILHE

A crise econômica foi sentida mais cedo por alguns segmentos. Os que souberam se adequar e se preparar para a tempestade que estava por vir, conseguiram crescer em plena crise. É o que aconteceu com o restaurante A Bela Sintra, nos Jardins, em São Paulo. Comandado pelo restaurateur Carlos Bettencourt, (foto) o restaurante passou por momentos difíceis de 2012 a 2014, quando foram feitos alguns ajustes na estrutura e nos preços do cardápio, mantendo a qualidade da gastronomia portuguesa e da culinária internacional, que fizeram de A Bela Sintra um local obrigatório para os amantes da boa gastronomia. Carlos Bettencourt abriu a sua casa em 2004 e garante que nunca presenciou um momento como este no país. Mas otimista, se prepara para abrir um novo restaurante e, para se precaver, está abrindo mais uma casa em Portugal.

 

Em um ano que todos estão querendo esquecer e o senhor falando em expansão. Qual é a fórmula?

Na realidade nós tivemos um tenebroso inverno nos anos de 2012, 2013 e 2014. A partir de 2015 os números pararam de cair e começamos a recuperar. Essa recuperação, ao longo de todo 2016, foi mais concreta. Nós tivemos no mês de outubro, que eu me lembro mais precisamente, um crescimento de 9,78%, em relação ao mesmo mês do ano passado. Mas todo o ano foi melhor do que 2015.

 

O senhor fez um percurso inverso. Enquanto alguns setores cresceram em 2012 e 2013, o senhor já estava sentindo a crise e a recessão chegando?

Eu comecei a sentir os efeitos da crise em 2012. Em 2013 foi pior e em 2014 foi péssimo, mas em 2015 parou de cair e começou a melhorar em relação aos anos anteriores.

 

O senhor tomou algumas medidas para romper esse processo de perdas?

Na realidade nós fizemos alguns ajustes, mantivemos os preços, as nossas margens diminuíram e estamos trabalhando com uma nova realidade. Mantivemos a qualidade dos nossos produtos e cortamos na carne. Os resultados nós começamos a colhê-los ainda em 2015 e 2016 foi muito melhor do que 2015. A nossa margem de lucro, evidentemente caiu bastantes, mas estamos com as máquinas funcionando a todo vapor.

 

O senhor já tinha visto uma crise como esta no Brasil?

Estou há 32 anos no Brasil e nunca vi nada igual. E os meus clientes com quem eu falo assiduamente, têm a mesma opinião. São brasileiros, industriais, comerciantes e todos são unanimes nesta opinião: nunca se viu uma tempestade tão perfeita como esta, infelizmente.

 

E quais as perspectivas para 2017?

Normalmente eu sou otimista, mas em 2017 eu vou torcer para que seja pelo menos igual a 2016. Eu estava esperançoso de que pudesse ser melhor, mas devido às sucessivas crises, as brigas entre Poderes e com todas as notícias que lemos nos jornais diariamente, as minhas previsões otimistas vão se diluindo com as notícias ruins e espero que 2017 seja, para mim, pelo menos igual a  2016 e para o Brasil espero que seja melhor.

 

E qual a maior reclamação dos clientes do senhor?

As reclamações são sobre as brigas em Brasília, entre os Poderes, todo mundo fala da Lava Jato e do momento pelo qual o Brasil está passando. Todo mundo querendo dar um fim nisto e que as pessoas, as instituições, os negócios voltem a fluir e que haja uma possibilidade de ao final disso tudo, que as coisas melhorem para o bem do país. Todos querem que o país, enfim, encontre o seu caminho correto para crescer e distribuir a riqueza com mais justiça. Mas eu não aguento mais nem ler os jornais, nem assistir nada porque já estou completamente anestesiado de tanto escândalo e de tanta notícia impactante, uma atrás da outra.

 

Vale a pena investir no Brasil apesar disso tudo?

Tudo o que eu tenho eu consegui aqui. Mas estou abrindo um restaurante em Portugal. Provavelmente no ano que vem vou abrir um outro restaurante, também aqui no Brasil. Eu acredito no Brasil, tanto que não estou indo para Portugal, a minha filha é que vai cuidar dessa nova empreitada. Fico aqui no Brasil, porque aqui nós plantamos e colhemos mais na frente. O Brasil é muito grande, muito rico, o povo brasileiro é muito trabalhador e se eu consegui até agora, acredito que vou conseguir avançar em um ritmo menor, com mais preocupações, mas vamos trabalhar e ganhar dinheiro, gerar empregos e esperar que os ventos melhorem. O novo restaurante será talvez até em uma cidade próxima a cidade de São Paulo, ou em São Paulo mesmo. Nós vamos decidir isto em janeiro. Em Portugal já está decidido e vamos abrir o restaurante em Lisboa em fevereiro.

Por confiança no Brasil, A Bela Sintra abre nova casa em São Paulo. Por precaução, abre a primeira casa em Portugal.

COMPARTILHE

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

News do PCO

Preencha seus dados e receba nossa news diariamente pelo seu e-mail.