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Engenharia de qualidade e desenvolvimento

Paulo César de Oliveira
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Quando engenheiros e arquitetos estão ocupados com a elaboração e execução de projetos é sinal de que tem obra, tem investimento à vista. O setor é um termômetro de que a economia está avançando. A presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros, Virgínia Campos de Oliveira (foto), sabe bem disso e tem notado um avanço nos investimentos, após os dois anos de desaceleração que aconteceram com a pandemia da Covid-19. Mas após a crise, o ambiente ainda não colabora para impulsionar o setor, principalmente devido as eleições que acontecem em outubro, mas que já contaminam o ambiente de negócios e, consequentemente, o de investimentos. Outra preocupação, segundo ela, é com o emprego para os profissionais mais jovens.

Com a crise, a expectativa era de que o setor da construção tivesse um impulso, com a geração de empregos. Isso aconteceu?

A nossa expectativa era que a economia pudesse estar mais impulsionada de uma forma mais forte e mais efetiva para que os empregos avançassem mais fortemente. Nós compreendemos que os últimos dois anos tem sido um acúmulo de problemas, nós já vínhamos de uma economia recessiva por um período anterior e quando parecia que estávamos começando a ter um fôlego e ter essa impulsão que esperávamos, tivemos o problema da pandemia. Não foi um problema local, foi um problema mundial que afetou também os empregos e, no nosso caso, a Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) representa os profissionais da engenharia, da arquitetura e da agronomia que também foram afetados. Nós temos no nosso corpo de associados os profissionais liberais, as microempresas, as pessoas que trabalham com consultoria e esse público foi afetado. Começou a faltar investimento, afetando os empregos, porque nós trabalhamos muito com projetos, na base da engenharia consultiva. Na SME as pessoas trabalham muito com a engenharia consultiva, trabalhando para a indústria, trabalhando para a infraestrutura, mas o nosso nicho de trabalho é a engenharia consultiva. Os nossos associados são muito ligados à engenharia consultiva. E essa é a primeira a sentir, porque sem projeto não tem trabalho para essa engenharia consultiva. Mas já percebemos que as coisas têm melhorado, estão acontecendo alguns incentivos e nós estamos muito atentos a essas novas possibilidades de investimento aqui no estado. Estamos otimistas em relação aos investimentos nas ferrovias, que tem contado com um apoio muito grande da Secretaria de infraestrutura e esse é um segmento de mercado que pode trazer muito para Minas, valorizando da indústria mineira. A indústria estando aquecida, os profissionais liberais também estão aquecidos, porque eles são demandados para poder trabalhar nos projetos. Eu diria que estamos um pouco com frustrados com a economia, mas nós somos otimistas. Estamos percebendo melhorias significativas, com a reversão de um quadro de desaceleração econômica. Sabemos que a retomada é lenta e nós temos que ter um tempo para a economia seguir. É claro que nós defendemos essa retomada com uma engenharia de qualidade, aquela feita com os princípios de sustentabilidade, economia sustentável.

Por esse ser um ano eleitoral dificulta essa retomada? Está havendo uma desaceleração?

Não diria que seria uma desaceleração, eu acho que o ambiente fica um tanto caótico. Os avanços dos investimentos necessitam de segurança jurídica de segurança, de estabilidade política, porque em um é num ambiente harmonioso que as coisas avançam com objetividade. Eu acho que ano político, de eleição, fica um pouco instável esse ambiente, no sentido de sabermos o que realmente vai acontecer. As eleições são em outubro e já começa todo esse movimento. É um movimento instável do ponto de vista político, claro, é da natureza do momento, e essa instabilidade, essa falta de certezas de quem vai ganhar, qual a política que vai ser adotada, deixa, realmente todo mundo um pouco retraído. Isso é o normal do ano político, mas não sinto que os investimentos estão retraídos. Os que já estavam em andamento continuam em andamento. As coisas acontecendo. Mas o que estamos precisando mesmo é de que haja uma situação onde essa estabilidade política para que os investimentos venham com maior impulso. O momento é de atenção e esperamos que, passado esse momento, venha a impulsão que está todo mundo querendo. Nós estamos em um período de pouco investimento já de longa data e isso reflete nos empregos, principalmente para os jovens, isso nos preocupa, muito inclusive para trazer jovens para dentro da nossa entidade, que é uma entidade antiga. Nós temos 91 anos. É uma entidade que precisa de reciclagem, de trazer os jovens para discutir conosco, trazer novas ideias, trazer novas energias para dentro das discussões. Nos preocupa muito esse mercado de trabalho para os jovens. Estamos atentos para que eles tenham uma entrada no mercado de trabalho de uma forma segura, em todos os sentidos: do ponto de vista da legislação trabalhista, da forma segura no sentido de ter o suporte do fluxo de conhecimento, do repasse do conhecimento que já tem disponível e com inovação.

Eles saem da escola e não tem para onde ir, não há mercado?

Eles saem da escola e não tem para onde ir, ficam desmotivados, mas sobretudo, é preciso entrar em um ambiente de trabalho onde o fluxo da informação chegue até eles também, onde o conhecimento adquirido seja passado para eles de uma forma que eles consigam adquirir experiência, impulsionados pela experiência dos mais velhos, pelo conhecimento que já existe para que eles tenham um impulso e possam também inovar. Um ambiente de trabalho que ele possa entrar com segurança trabalhista e com segurança também do conhecimento já posto à mesa, um conhecimento já estabelecido para que ele aprenda com rapidez e possa, dentro da carreira dele, também adquirir novos conhecimentos e aprimorar o que já existe aí. Confio demais que são os jovens que vão fazer a grande mudança, para um país economicamente mais e igualitário, com mais justiça social.

A Sociedade Mineira de Engenheiros tem uma pauta a apresentar aos candidatos ao governo e à presidência da República?

Nós estamos discutindo isso nas nossas comissões técnicas. A Sociedade Mineira de Engenheiros tem algumas comissões técnicas muito relevantes e que sempre contribuíram com pautas para o Governo do Estado e para o Governo Federal. Nossas comissões técnicas são formadas por nossos associados altamente qualificados, os associados da SMS são altamente qualificados e nós estamos trabalhando exatamente nessa construção de uma pauta para apresentar para o governo. É bom colocar a nossa visão sobre engenharia, o que a gente chama de engenharia de qualidade. Engenharia de qualidade para nós é aquela praticada’ com o canal de escuta ouvindo a sociedade, as entidades organizadas, sobre as tendências, as necessidades e as prioridades da sociedade. A engenharia de qualidade tem por objetivo, obviamente, trazer bem-estar para a sociedade e é essa a nossa finalidade. Esse canal de escuta é importantíssimo para que a gente exerça boa engenharia. As nossas comissões técnicas estão com essa pauta, para ser levada para os governos que estão e para que estarão ocupando as cadeiras no ano que vem. 

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