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Paulo Abi-Ackel: conversas, fusões, federações modelam PSDB

Paulo César de Oliveira
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Paulo Abi Ackel

O PSDB, que ao lado do PT e do MDB foi um dos maiores partidos do país, governando estados e prefeituras importantes, perdeu espaço e tenta encontrar um novo caminho a partir do centro, unindo-se às legendas que têm propósitos semelhantes. A ideia é a de unir esses partidos em torno de um nome para a presidência da República e nos estados. Como isso se dará, o presidente do PSDB em Minas Gerais, Paulo Abi-Ackel (foto/reprodução internet), afirma que vai depender das negociações, das muitas conversas para definir fusões, federações ou apoio a um nome que unifique os partidos de centro, que hoje estão pulverizados e enfraquecidos. 

Que impactos a eleição dos Estados Unidos pode ter para os partidos políticos?

 No meu modo de ver, não tem impacto no futuro da política brasileira.  É uma demonstração de vontade de mudança do eleitor americano, mas que não é decorrente das mesmas insatisfações que existem no eleitor brasileiro em relação a corrente A ou B. De alguma maneira, o mundo tem hoje uma maior participação do conservadorismo. É a única coisa que eu vejo em comum com o resultado das eleições no Brasil.  Mas não quer dizer, em absoluto, que amanhã, havendo um candidato mais à esquerda e Lula for para a reeleição, ele  não tenha condições de vencer, ao contrário do que aconteceu nos Estados Unidos com a vitória de um candidato mais conservador.  Aliás, há analistas americanos que asseguram que Trump não é exatamente um conservador em muitas das políticas públicas que ele fez. Tudo isso está um pouco distante. 

 A direita ficou meio assanhada, o bolsonarismo ficou eufórico com a vitória de Trump. A direita pode se beneficiar com essa vitória?

 Eu acho que eles tentam até misturar um pouco as coisas, o que é conveniente para eles. Mas, sinceramente, não vejo nenhum elo, entre o fortalecimento da direita ou enfraquecimento da direita ou divisão da direita. São países diferentes, culturas diferentes e problemas diferentes que, portanto, não têm essa relação.  Analistas americanos muito conceituados, questionam esse rótulo. Trump não é tão da direita como aparenta. Já o chamaram de tudo, até de ser um fascista e ele está longe de ser um. Pelo contrário, ele fez muitas políticas públicas que a direita não faria. 

 E o futuro do PSDB? 

 O futuro do PSDB é igual ao futuro de todas as siglas ideologicamente assemelhadas. Elas têm que ter um sentimento voltado para a união, porque se somadas, essas siglas representam uma força muito considerável. Hoje esses partidos estão muito maior que a esquerda e é  equivalente à direita. Um candidato da direita extremada não vence as eleições. Um candidato que tem um lugar no centro, porém mais progressista, tem muito mais chance de vencer uma eleição presidencial do que um candidato mais nos extremos. O que ocorre com o centro é que o centro é muito dividido entre várias siglas. O que seria importante é a união do centro em torno de um nome, de um projeto único, do mesmo ideal.

 Nos estados onde o PSDB já foi muito forte, como São Paulo, Minas Gerais, o partido diminuiu muito? Onde o partido está errando?

 Vou discordar de você. O partido diminuiu muito em São Paulo. É fato. Nós sabemos o porquê. Foram uma série de equívocos. Houve um governo que, do ponto de vista partidário gerou muitos problemas, foi o que aconteceu no governo de João Dória. Ele fez a ruptura com Geraldo Alckmin, que acabou indo ser vice do Lula.  Com a vitória do Tarciso de Freitas, o PSD fez uma captação muito consistente, muito forte dos prefeitos do PSDB e diminuiu o tamanho do partido lá e ampliou muito o tamanho do PSD no estado, e eles estão no governo do estado e estão com o estado na mão. E esse é um problema que, de fato, fez com que o partido ficasse bem pequeno em São Paulo em relação ao que era antes. Mas a política é feita de ciclos e ninguém pode ter a pretensão de querer se perpetuar na cadeira de governador. Agora, em Minas, ao contrário do que dizem, o partido não diminuiu substancialmente não.  O partido elegeu antes 83 prefeitos e dessa vez elegeu 64. Então, se você considerar que todas as siglas diminuíram, exceto o PSD, e que todas as siglas se pulverizaram, porque todos tem financiamento eleitoral, tem o fundo financiador e é natural que nós ficássemos uma casa a menos. Mas nós fizemos mais prefeitos, muito mais do que o PL e muito mais perfeitos que o PT. Se somarmos os dois, o PSDB ainda terá feito mais. O que aconteceu com o PSDB foi o mesmo que aconteceu com outros partidos de centro. O centro está fragmentado e porque está fragmentado, todos ficam um pouco menores.

 Para 2026, qual que é a tendência? É reunir em uma aliança, numa federação ou num partidão?

 É cedo para dizer, mas todos trabalham com a ideia de unir forças em torno de um projeto. Como se dará essa união? Na minha opinião, ainda é prematuro dizer se será pelo formato da federação, será pelo formato de uma fusão de alguns e de federação com outros. Não será nenhum dos dois, será apenas o apoio a um nome, com todos apoiando um nome, como aconteceu, por exemplo, com Fuad em Belo Horizonte? Como se dará lá, em 2026? Nós agora estamos saindo, ainda estamos saindo do período da eleição municipal e agora nós vamos conversar, né? Vamos lidar com o problema de 2026.

Esses partidos têm nome para a disputa?

Têm nome, todos têm. Se você tirar o PT e o Psol, à esquerda, e se você tirar o PL à direita, todos os partidos estão, vamos dizer assim, razoavelmente assemelhados. Uma linha de certo, uns mais de centro direita, outros mais de centro-esquerda.  O ideal seria que todos tivessem o mesmo nome, seja para a presidência da República, seja para os governos dos principais estados na eleição. 

E qual será o papel de Aécio Neves nesse processo? 

Ele tem demonstrado uma disposição gigantesca, tem conversado sem parar na articulação dessa união, nessa convergência.  Ele tem que decidir agora, se deve disputar uma eleição majoritária ao governo do estado, por exemplo, ou não. Talvez seja uma decisão para tomar mais na frente, mas como articulador dessa frente. Ele tem tido o meu apoio, o apoio do presidente Marcone Perilo, pelo lado do PSDB, mas tem tido também apoio do Baleia Rossi,  presidente do MDB, do ex-presidente Michel Temer, do  Antônio Carlos Magalhães, do União Brasil e tantos outros líderes partidários. As conversas são permanentes.

Ele teria condições para a disputa ao governo de Minas?

As pesquisas indicam isso. As pesquisas indicam claramente. Mas eu ainda não tenho certeza se isso é um desejo dele. Mas ele é um grande articulador e é natural que conduza essas conversas. A fragmentação partidária está tão grande, que será preciso ter responsabilidade para buscar uma convergência em torno de um nome. Se não houver essa união, vai aparecer um nome do mundo digital e o ambiente está propício para esse tipo de candidato. Também acho que Minas está precisando de um estadista, que volte a fazer o estado ter importância no Brasil, no plano das grandes decisões, que possa atrair grandes investimentos. Nosso estado está absolutamente estagnado, não tem Minas na agenda nacional. 

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