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Crescimento dos evangélicos na política é natural, sem planejamentos

Nos últimos anos candidatos ligados a Igrejas Evangélicas tem ganhado um espaço significativo na política, tanto no Congresso Nacional, quanto nos Legislativos estaduais e municipais. O líder do PMDB na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Vanderlei Miranda, que é pastor evangélico garante que não existe um movimento organizado nesse sentido. Segundo ele, nos últimos 20 anos houve um crescimento significativo das igrejas, em todos os setores da sociedade e essa participação na política, se desenvolve de forma natural, acompanhando esta expansão. O deputado acha até que este espaço ocupados por evangélicos ainda é pequeno, se considerada a sua expansão nas sociedade.

 

A igreja, de modo geral, tem tido forte influência no processo eleitoral, qual é a representação das igrejas nesse processo?

Essa participação acontece de forma muito natural e até proporcional. Se observarmos o crescimento da igreja evangélica nos últimos 50 anos, vamos perceber que nos últimos 20 ela cresceu muito mais do que nos 30 primeiros anos. A igreja evangélica no Brasil remonta há mais de um século. No Vale do Rio Doce, onde se estabeleceram os primeiros batistas, temos em Ipanema a Igreja Batista mais antiga do estado, com 112 anos. Os presbiterianos, da mesma forma, os metodistas, as chamadas igrejas históricas estão no estado há mais de cem anos. E é natural que com o crescimento da igreja em todas os setores da sociedade acontece também de uma forma muito natural na política. Nós temos uma boa representação no parlamento, mas poderia ser maior. Se formos no Tribunal de Justiça, a presença de desembargadores que processam a mesma fé é maior, na OAB, no Conselho de Medicina, ou seja, essa representação está em todos os segmentos da sociedade.

 

Esse movimento é pensado, orquestrado?

Não diria que é um movimento organizado, ele acontece devido ao grande crescimento da presença na sociedade. Se me perguntar se tem uma organização, um poder centralizado, nós não temos. O que temos é um poder central na razão da nossa fé, que é Cristo. Se você fala em Igreja Católica você pensa em um líder, que é o Papa. Mas não temos na nossa estrutura de igreja essa figura como um Papa. Temos sim em cada denominação, o seu presidente, o seu conselho, a sua convenção. Pertenço a Igreja Batista da Lagoinha, que por sua vez, está ligada a Igreja Batista Nacional. São duas convenções com muita independência.

 

Existe um discurso subliminar para atingir a todas as linhas da igreja durante um processo eleitoral?

Não diria nem uma linguagem subliminar. Entendo que temos várias formas de comunicar a mensagem e, se você pensar de que forma o candidato conduz a mensagem dele, fica claro que não fala para um segmento, mas para toda a sociedade, quando o candidato não se deixa contaminar pelo vírus religioso. Nós temos religiões no mundo inteiro e muitas vezes, em vez de construir pontes, a religião acaba criando muros. Talvez essa seja a visão de alguns poucos de que o seu diálogo, a sua comunicação deve ser no sentido de construir pontes e não os muros.

 

Qual o peso que as igrejas devem ter nas eleições municipais de 2016?

Eu diria que esse peso é muito relativo, porque somos atualmente 25% da população. Se pensarmos que Minas Gerais tem 20 milhões de habitantes, nós somos aproximadamente cinco milhões. Esse número é suficiente para eleger alguém para o Senado? É. Mas todos votariam fechados em um candidato? Não. Não existe o voto de cabresto. Pode acontecer em um ou outro caso, mas não existe a imposição de um nome, de um candidato. Mas há uma tendência que, sabendo de um candidato que pensa como eu, que tem na sua conduta uma regra de fé semelhante a minha, pode ser que eu canalize meu voto para aquele candidato. Mas não é regra e nem é saudável para o processo democrático. Nada imposto é bom. Não se deve votar em um candidato porque ele é um evangélico, é preciso ver se ele reúne as qualidades para atender a sua expectativa, o caminho é esse.

 

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