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A crise na visão do prefeito Vítor Penido

Paulo César de Oliveira
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As cidades da região metropolitana de Belo Horizonte tentam voltar a normalidade. O comércio foi reaberto, as pessoas voltaram para as ruas, mas a vida, está longe de voltar ao normal. O prefeito de Nova Lima e presidente a Granbel, Vítor Penido (foto), entende que enquanto não houver uma vacina, as pessoas continuarão no escuro, reféns do Covid-19. Daqui para frente, a responsabilidade está nas mãos da população, para seguir as recomendações sanitárias para evitar que a doença continue avançando.

 

Várias cidades da Região Metropolitana estão voltando ao normal. A situação está sob controle?

Na verdade, se formos fazer uma comparação de Nova Lima com Belo Horizonte, com outras cidades, nós estamos em uma situação bem tranquila. Nós podemos ter um número maior de confirmações, porque nós estamos testando um número grande de pessoas. Se for analisada a média percentual, nós estamos bem. É claro que pessoas estão morrendo, e infelizmente nós temos 22 pessoas que morreram devido a doença, mas são pessoas idosas, com outros problemas de doenças, mas o que tem sido possível fazer em termos de atendimento, no CTI, na parte clínica de internações, nós estamos fazendo. Nós estamos com os hospitais e a nossa clínica com ociosidade. O que se pode fazer hoje é dar apoio e condições caso a pessoa precise ser internada. Não existe medicamento, a expectativa de se ter uma vacina é muito grande, mas estamos fazendo a nossa parte, com internação de boa qualidade. Tem casos, que lamentavelmente que não conseguimos evitar o falecimento da pessoa.

 

O pior já passou?

É muito difícil falar isso. Outros países da Europa estão tendo casos da doença novamente. Estamos em uma faixa de estabilidade e na expectativa de voltar. Mas tudo depende da população, que tem que continuar a fazer isolamento, tomar cuidado com a higienização, uso da máscara. Estamos fazendo uma campanha pesada pelas redes sociais, outdoors e chamando a atenção para com os cuidados que devem ser tomados.

 

Estão todos no escuro, ninguém sabe o que vai acontecer?

Sem dúvida. Esse talvez seja o nosso maior problema. Nós não sabemos até que ponto vai chegar para reduzir essa mortalidade. Todos nós estamos sujeitos a passar por isso.

 

Há uma preocupação em relação à volta às aulas. Nova Lima já pensa em retomar com as aulas?

Nós dependemos da decisão do Estado. Nós somos orientados pela Secretaria Estadual de Educação e estamos aguardando. Não sou médico ou infectologista, mas tem cidade que as escolas atendem crianças da periferia, o risco de contaminação dentro da sala de aula é menor do que essa criança ficando nas ruas, na minha opinião. Nova Lima tem um percentual quase insignificante de pessoas que não tem saneamento básico ou água tratada, mas o risco de contaminação é maior com as crianças nas ruas, sujeitas a contaminação por não terem como fazer o isolamento social, porque moram em casas pequenas. Na escola, além da alimentação de altíssima qualidade, além de estarem ouvindo a orientação dos professores, o risco, para mim, é menor.

 

O senhor tem conversado com os prefeitos da região metropolitana, até por ser presidente da Granbel. Qual a maior preocupação?

 Não é uma preocupação só dos prefeitos, mas de todos os brasileiros que esse fechamento provocou, com redução de salários, da renda familiar. Muitos estão sobrevivendo com essa ajuda do governo federal, que é um valor bem inferior do que se a pessoa estivesse trabalhando. Essa queda na arrecadação, no repasse de recursos para os municípios, não sei o que pode acontecer. No ano que vem a situação pode piorar muito, mas muito mesmo.

 

Em meio a essa crise, estamos entrando no período eleitoral, o que vem por ai?

Esse é outro problema. Se você pegar uma cidade como Nova Lima, nossos projetos todos estão parados, na área cultural, da saúde, educação. Vai ter um acúmulo muito grande na área de consultas, cirurgias, os casos que não são urgentes também estão sendo adiados e isso será um problema daqui para frente. As escolas estão com problemas. Todos os setores estão sendo altamente prejudicados.

 

O afastamento do governador do Rio é o tipo de situação que pode afugentar pessoas que estão interessadas em entrar na política?

Esse talvez seja um dos maiores problemas que nós enfrentamos hoje. As pessoas de bem estão cada vez mais se afastando. A cota para as mulheres que os partidos são obrigados a cumprir, por exemplo, a coisa mais difícil é conseguir os 30% de mulheres que estejam dispostas a enfrentar as eleições. Em Nova Lima mesmo temos um problema em razão desses escândalos e a situação que acabam acontecendo e até mesmo esta situação que qualquer político vive, de denuncismo. Qualquer coisa hoje, antes de apurar a denúncia acaba sendo divulgada a investigação, desmoraliza a pessoa antes de ter a denúncia confirmada. Tem muita coisa no Brasil, as nossas leis são muito fracas, não tem punição para quem denuncia, as denúncias as vezes não tem consistência, são vazias e não existe punição para essas pessoas. Se houvesse mais seriedade, tenho certeza de que o quadro seria outro. Hoje é quase impossível fazer um bom quadro de pessoas que possam realmente representar, quer seja no legislativo, no executivo, não é fácil conseguir pessoas e bem para participar do processo. A maioria dos políticos, quando consegue se eleger a preocupação não é a de governar, é com a reeleição. Com isso, lamentavelmente, o sujeito não toma decisões, não age e as coisas vão se enrolando. Dou um exemplo da cidade de Nova Lima, peguei uma cidade totalmente destruída em todos os sentidos, não só na parte das finanças como na desmoralização, dos escândalos. Dois anos depois, só tenho 80% de aprovação dos meus governos, entre ótimo, bom e regular positivo. Nos meus governos anteriores a aprovação era de 90%. Isso com todos os problemas que temos hoje. A saúde está com 80% de aprovação, a educação está com 80% de aprovação, a cultura também. Se eu não fosse muito firme, determinado e até mandão, se não tivesse autoridade, teria virado um boneco. Fui prefeito seis vezes, deputado federal duas vezes e estadual uma vez. Eu me propus a voltar a ser prefeito para mostrar a covardia que fizeram em Nova Lima. Entrei faltando uma semana para a eleição, estava consciente de que não poderia disputar a reeleição. Vou deixar a cidade organizada, estruturada e apta a fazer grandes investimentos. Estamos com R$ 200 mil em obras contratadas e com dinheiro empenhado, duplicando, inclusive trecho de rodovia do estado MG e uma outra que vai de Nova Lima a Sabará.  O que falta a maior parte dos políticos é mais transparência, amor e seriedade.

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