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Afonso Walace Oliveira: A hora da arquitetura

Paulo César de Oliveira
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A Savassi está ganhando um empreendimento, que está se tornando um cartão de visitas para quem chega à cidade. É o Statement, na avenida do Contorno, visível para quem chega à Belo Horizonte pela avenida Nossa Senhora do Carmo. Assinado pelo escritório D’Ávila, e construído pela Concreto, o prédio chama a atenção e, segundo o arquiteto Afonso Walace Oliveira, sócio da D’Ávida, que tem como presidente Alberto D’Ávila, essa é uma obra icônica. Boa parte da construção aconteceu durante a pandemia, uma mostra de como o setor continuou a todo vapor, mesmo durante essa fase crítica.

Como a arquitetura desenvolveu os seus trabalhos durante a crise causada pela pandemia, parece que houve avanços nesse período?

O mercado da construção civil foi um dos segmentos que não parou. Pelo menos as obras, que sustentaram de uma certa maneira o Brasil durante a pandemia, porque o setor não foi interrompido. Tiveram a preocupação de controle de afastamento e de higienização das obras, mas as elas não pararam. Agora, pós pandemia, nós começamos a colher o fruto dessas obras que estão ficando prontas e sendo inauguradas. No mercado houve uma redução natural, como em qualquer setor, mas não houve uma redução em função da pandemia, mas temos percebido uma volta bem acelerada da movimentação de compra e de locação de imóveis. Isso é um reflexo do aquecimento da economia, com a movimentação. Tanto com as vendas residenciais, quanto comerciais. O comercial sofreu mais. O mercado de salas ainda tem alguma dificuldade de se recuperar, porque as pessoas, com a pandemia, começaram trabalhar em casa e temos percebido uma movimentação híbrida das empresas. Prestamos muitos serviços para a Vale e percebemos que alguns dos funcionários dessas empresas grandes, elas não estão 100% no espaço físico da sede, ou da regional, dos prédios da empresa. Os funcionários estão ficando parte em casa. Vão dois ou três dias no escritório, mas muita coisa tem sido feito de casa. 

O home Office veio para ficar e está mudando o funcionamento das empresas?

Nós, por exemplo, crescemos de uma tal maneira durante a pandemia, que hoje se a gente tiver que voltar com a equipe toda, ela não cabe no espaço. Nós estamos com esse esquema híbrido. Nós temos um grupo de arquitetos, que em uma fase do projeto trabalham no escritórios e outra fase o arquiteto trabalha em casa mesmo. Esse esquema tem suas vantagens e desvantagens e vamos conciliando as duas coisas. Teve ganhos de um lado, porque aprendemos, de uma certa maneira, a conviver com a tecnologia, que nos facilita muito com essa maneira de nos encontrarmos virtualmente de forma muito eficiente, mas aquele calor do encontro dentro do escritório. nós não queremos perder, então, a gente provoca para que esses encontros aconteçam com uma certa frequência e em fases que a gente precisa de estar debruçados em uma mesma planta, dentro do processo criativo pois precisamos dessa interface com a caneta, com o lápis, com computador, com colorido, com o outro falando e dando opinião em cima do projeto. Isso é bacana.

Em função da pandemia as pessoas passaram a buscar apartamentos maiores, casas maiores, com varanda. Com o retorno veio a busca por apartamentos minúsculos. O que as pessoas estão buscando?

Durante o tempo em que a pandemia se instalou, com o lockdown, houve uma procura muito grande por casas em condomínios, espaços com áreas internas. Nós  tivemos muitas encomendas de loteamentos, de áreas para construção de casas com quintal. Os apartamentos de maior área também foram muito procurados, principalmente, os apartamentos que a gente chama de maison, que são os apartamentos de maior área. Hoje em dia o cachorro é um membro da família, há uma demanda por espaços abertos ou uma varanda maior. Os apartamentos que hoje mais vendem são os apartamentos de coberturas e apartamentos que têm terraços mais baixos. Mas, por uma questão de mobilidade, o público mais jovem saíu de casa e está tendo a necessidade de morar perto do trabalho. Querem morar sozinhos, mas perto do trabalho e por isso os apartamentos de medidas muito pequenas estão sendo procurados. Já fizemos apartamentos de até de 12 e 15 m². Esses apartamentos, que em função de estar pertinho do lugar de trabalho, têm a preferência. Tem muita gente que no fim de semana viaja, vai para outra referência, para a casa dos pais, do avô e no dia de semana está ali perto de trabalho. Esse mercado também cresceu muito, principalmente com os apartamentos com o serviço, ou seja, que tem uma infraestrutura próxima muito apropriada para quem mora sozinho, com serviço de academia, um serviço de área de lazer, um mercadinho dentro do próprio prédio. Atividades que facilitam a vida, sem a necessidade de se fazer grandes deslocamentos. Por incrível que pareça, temos visto empreendimentos pequenos tomarem conta do mercado. Cada dia mais, temos projetado apartamentos de um quarto, dois quartos. Além disso, o preço dele é mais em conta. O ticket inicial fica mais em conta. São dois lados: o alta renda e o apartamento pequeno, que não é de baixa renda. É um apartamento pequeno charmoso, com o custo não muito barato, porque tem uma infraestrutura, uma entrega de serviços no prédio, que tem um custo.

Vocês estão com um grande lançamento, o Statement, como é esse empreendimento?

O Statement é um prédio comercial de alto padrão, que fica em frente ao Pátio. Esse é empreendimento da Concreto, em um terreno que era um conjunto de lojas. Tinha a Rio Verde e tinha várias casinhas pequenas. Viabilizamos esse lançamento de andar corrido enorme. É uma laje muito grande, em torno de 1000 m² . Temos lajes maiores, de andares mais altos e as menores, com a característica de estar num ponto central de Belo Horizonte. Todo mundo que chega em Belo Horizonte descendo pela avenida Nossa Senhora do Carmo, dá de frente para esse empreendimento. Ele é de muita visibilidade né e a nossa preocupação era a de transformar aquele ponto, em referência icônica, que pudesse marcar a chegada e ser uma boa referência para os visitantes de Belo Horizonte. Nesse sentido, trabalhamos com um edifício prismático ele é cheio de biofilia, que é um edifício que tem terraços em vários níveis, ele tem varanda, terraços, o prédio vai variando de uma laje para outra. As plantas, do projeto paisagístico, não estão ainda é sendo plantadas. Daqui há alguns meses essa vegetação estará cobrindo os andares superiores do prédio e a gente imagina que ele seja um cartão de visita, de boas vindas, para quem estiver chegando em BH e também para a Savassi, que é um espaço que sofreu tanto com a chegada dos shoppings e acho que ela está se revitalizando a cada dia, com empreendimentos novos e nesse empreendimento, nós quisemos liberar o pavimento térreo dele, não tem loja. É uma grande portaria vazada, onde é possível ver lá dentro. (Foto reprodução internet)

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