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Agronegócio acredita no 2020 e na tecnologia 

O agronegócio é uma das principais atividades da economia brasileira. Mas não tem sido fácil. Alguns setores sofrem com preços, custo da produção e com os entraves burocráticos, que são especialmente travadores, segundo o presidente da Faemg, Roberto Simões. O cenário para 2020, no entanto, parece ser promissor e Simões acredita que algumas medidas aguardadas pelos empresários do setor, que não dependem de recursos, mas de regras de desburocratização, serão adotadas.

Em 2019 o governo federal correspondeu às expectativas do setor?

O ano de 2019 foi um ano considerado, na média geral, um ano bom. Nós temos alguns problemas, mas por exemplo, houve muito sucesso para o setor de carnes, com exportação; foi um ano muito bom para a cana de açúcar, com predominância do etanol; foi um ano bom para grãos, soja, milho, todos eles se deram bem. Tivemos problemas com o café, por falta de chuva, depois tivemos chuva de granizo, preços estáveis, com custo de produção subindo. Foi uma situação difícil, mas agora as Bolsas começaram a reagir. O leite também continua a ser um problema relativo ao preço, e o consumo. As classes menos favorecidas, quando veem o leite a R$ 3 reais e os preços subindo, reduzem o consumo drasticamente. Esse setor manteve-se com preços contidos. Na média geral foi um ano bom, de boas realizações.

 

Para 2020 a expectativa é de melhora?

Temos muitas pré-condições prontas para uma arrancada no ano. Juros mais baixos da nossa história recente, inflação na mesma forma. O comércio varejista, os supermercados indicando vendas crescendo a 8, 10%, a geração de empregos crescendo. São muitos indicadores. As agências de classificação no exterior elevaram novamente a classificação brasileira. Há muitos indicadores de que a economia está em condições de dar uma arrancada neste ano. Então, estamos otimistas. Esperamos que o agro que é a maior vocação do Brasil e de Minas continue firme, prestando a sua valiosa colaboração, no sentido de prover alimentos de qualidade e de bons preços para o consumidor brasileiro e para o mundo. Nós continuaremos a ter a comida mais barata do mundo. Esperamos que, finalmente, 2020 seja de renascimento do Brasil e de Minas Gerais.

 

O preço da carne no final de 2019 assustou e tem gente falando que o aumento das exportações para a China vai fazer o preço no mercado interno aumentar. Isso pode acontecer?

Não tem nada disso. Isso é conversa de quem não é da área. A exportação brasileira de carne varia de 20 a 25% da produção nacional. De 75% a 80% da carne produzida fica aqui mesmo. Nós temos um novo parque consumidor com mais de 200 milhões de pessoas. Não há esse riso. Houve uma elevação exagerada, que nunca é boa para ninguém. Não é boa para o produtor e não é boa para o consumidor. Nós estamos há quase quatro anos com os preços contidos. Crescem os custos de produção, mas os nossos preços continuaram estáveis por quase quatro anos. Então, quando se tem uma arrancada louca dessas, tendo em vista a alta demanda da China, principalmente, por causa de doenças de suínos, houve esse salto. Mas isso não permanece, os preços voltam, mas não aos números de antes dessa subida, que eram muito baixos. São valores que, com o tempo, a população consegue absorver e volta tudo ao normal. Temos um cenário muito bom para um ano muito bom.

 

O presidente Jair Bolsonaro assumiu dizendo não s invasões e o governo do estado seguiu nesta mesma linha. Como está a situação no campo?

Muito boa nesse aspecto. No ano passado, e até agora, segundo as estatísticas, nós tivermos cinco invasões. Já chegamos a números exorbitantes no tempo de Fernando Henrique e Lula. Isso é essencialmente bom para o país, acabar com essa farsa. Essa reforma agrária na realidade nunca existiu. Isso é um bando de periferia de cidades, buscando lote para depois revender e ir embora e invadir adiante. Isso é uma idiotice que tinha que acabar. Se se quer fazer, faça uma coisa séria, procure quem tenha aptidão para trabalhar a terra e dê condições. Pegar a pessoa da periferia, dar 5, 3, 8 hectares isso é uma bobagem infinita e espero que isso acabe de vez. Essa é a nossa grande esperança com esses dois governos.

 

O produtor rural está mais seguro nesse governo, nesse aspecto?

Sem dúvida. Pelo menos, tem certeza de que tem gente para apoiá-lo na questão de segurança jurídica do Brasil, porque ninguém aguenta trabalhar mais como era nos governos anteriores, com cada semana uma regra diferente, uma invasão diferente. Estamos mais seguros e espero que isso continue.

 

Muitos setores reclamam da burocracia do estado. O governador Romeu Zema lançou um pacote para atender algumas demandas do setor. Isso tem acontecido na prática?

Isso é que estamos esperando. Nós conversamos com o governo, várias vezes, porque estávamos em dificuldade financeira. É muito difícil fazer investimentos, nesse primeiro momento, no governo dele, mas algo que nos facilitaria demais e que não depende de dinheiro é a desburocratização e a simplificação dos processos. Minas Gerais é um dos estados, se não o mais, travado do Brasil. Nós temos perdido empresas que fogem daqui, das teias burocráticas, das restrições de meio ambiente. É tudo diferente dos outros estados. Tudo aqui é mais papel, mais burocracia e ineficiência. Esperamos que ele, como é empresário, que viveu essas dificuldades todas, consiga aos poucos destravar Minas Gerais.

 

A tecnologia hoje é uma aliada do produtor rural?

Sem dúvida. Nós temos aqui nas regiões mais produtoras, tecnologia de primeiro mundo. O que tem de moderno, nós temos aqui. Mas o nosso grande desejo, nós que trabalhamos com médios e pequenos produtores, é trazer esses benefícios do mundo desenvolvido e da inovação e da tecnologia, para uma massa maior que ainda não conseguiu participar desse processo. E uma tarefa que estamos desenvolvendo com assistência técnica e outros equipamentos e programas, para ver se incluímos mais gente no benefício desse desenvolvimento tecnológico. Temos programas excepcionais, assistência técnica e gerencial e estamos demonstrando que os produtores menores podem apresentar altos níveis de uso de tecnologia e tirar esse misticismo de que tecnologia é uma coisa cara, não é algo ao alcance do produtor menor. Isso não é verdade. Temos casos e mais casos, sem grandes investimentos, apenas com a recombinação mais eficiente dos fatores que o produtor possui na sua propriedade, com aumento de produtividade, com baixa de custos e mais renda para as famílias. O futuro é investir em tecnologia, em inovação, nas startups do agro, no trabalho com os jovens. Esse é o futuro que vai nos recolocar como importantes participantes da geração de renda e emprego no nosso estado.

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