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Ana Sanches: mineração e poder

Paulo César de Oliveira
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A CEO da Anglo American, Ana Sanches (foto/reprodução internet), é o nome mais falado no cenário da mineração. Além de comandar uma das principais mineradoras do país, ela é presidente do IBRAM, Instituto Brasileiro de Mineração. Mas nada disso a assusta. Ana Sanches sabe da sua responsabilidade e da sua representatividade em um cargo que antes dela, nenhuma mulher havia ocupado. 

É mais difícil para uma mulher estar em um posto de poder?

 Eu acho que é uma responsabilidade muito grande, eu tenho muita consciência da representatividade. É uma responsabilidade de abrir as portas para que tenham mais mulheres, porque é muito ruim um lugar onde olhamos para o lado, fazemos um teste do pescoço, e vemos poucas mulheres. E aí começamos a questionar, o porquê e o que temos que fazer diferente, como sociedade e como empresa, para mudar, se entendemos o valor da diversidade, se entendemos que a diversidade como a verdadeira inclusão, ela traz, sim, olhares diferentes, vozes diferentes, novas perspectivas e isso tudo, acrescenta de forma significativa para o ambiente de trabalho. Então, o que precisamos fazer para garantir essa diversidade e para garantir esse ambiente, inclusivo? É de uma forma positiva, de uma forma que não pareça uma competição, porque, como eu costumo falar aqui, para competir, eu tenho que ganhar, para você perder ou vice-versa. Eu acho que esse movimento que estamos tendo, de aumentar a diversidade nas empresas, é um movimento de ganha, ganha. Atrai realmente mais talentos. Quem está acomodado, é o momento de sacudir, de buscar se aprimorar e no final todo mundo acaba ganhando. Mas é um movimento conjunto, é um movimento realmente de homens e mulheres fazendo isso juntos. Então, voltando para a sua pergunta. É, para mim uma responsabilidade muito grande de realmente exercer essa representatividade e abrir portas para que a gente possa, daqui a alguns anos, nem estar falando disso mais. Para que seja uma coisa tão natural e que a gente nem perceba. Mas por enquanto ainda não é assim.

Na reforma tributária houve alterações para o setor com a regulamentação da matéria?

 Estamos aguardando para ver o que vai realmente acontecer com a regulamentação, mas acho que outros setores acabaram tendo um impacto maior do que a mineração. Temas relevantes tributários para mineração, já vêm sendo discutidos há bastante tempo, e acaba que o grande tema acaba sendo a discussão da própria Cfem (Compensação Financeira pela Exploração Mineral). Mas acho que no nosso caso, não estamos esperando mais nenhuma surpresa tão relevante do que está por vir.

A Anglo American está com um plano de investimentos grande. A mineradora vai manter o cronograma?

 Nós estamos com planos de investimento robusto, na ordem de R$ 12 bilhões, para os próximos cinco anos. A intenção é manter os investimentos. Acreditamos muito no Brasil, acreditamos nos estados onde, estamos operando. Nós temos aí um compromisso muito forte de, até 2026, entregar a nossa planta de filtragem de rejeitos. É uma planta de mais de R$ 4 bilhões. E essa planta estando pronta, mais de 85% do nosso rejeito, da parte grossa do rejeito, ao invés de ser destinado à barragem de rejeitos, ele vai ser então filtrado, compactado, e vamos ter, então, um empilhamento desse rejeito a seco, que é um forte compromisso nosso, de buscar alternativas para a barragem. Essa planta está com a construção em andamento, caminhando super bem e com previsão de começar a operar no início de 2026. A nossa mineração já é bastante segura e respeitando todos os critérios da legislação. Seria, na verdade, um esforço nosso de demonstrar nosso interesse de reduzir a dependência de barragem de rejeitos. Mas em termos de segurança, nós já temos os nossos níveis de segurança nos padrões que nós realmente entendemos que são os corretos e adequados. 

Quando falamos em uma executiva na área de mineração, pensamos em uma pessoa dura, muito formal. Mas você não abriu mão da feminilidade. Como é isso? 

Em toda a minha carreira, se eu tivesse que mudar meu jeito, a minha personalidade, para adequar a algum padrão de expectativa, eu acho que não estaria sendo fiel a mim mesmo. Aí eu preferiria tomar outro rumo. Sempre quis ser fiel ao meu estilo, fiel a mim mesma, isso para mim é extremamente importante. Respeito as pessoas, cada um no seu estilo, no seu jeito de ser, com a sua personalidade. E o que eu mais peço às pessoas é que elas venham para o ambiente de trabalho trazendo o seu melhor, independentemente de como esse melhor está empacotado. Para mim o que importa é realmente a essência, é o valor de cada uma, a vontade verdadeira de contribuir em toda essa jornada de transformação. 

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