O comércio tem experimentado as mudanças aprovadas no Congresso Nacional como a taxação das compras abaixo de US$ 50 e a queda no desemprego com otimismo. O presidente da Fecomércio MG, Nadim Donato (foto/reprodução internet), está preocupado com a alta do dólar, que acaba impactando no orçamento das famílias e da necessidade de o Governo realizar uma reforma administrativa, mas está confiante em relação a 2025 para o setor.
O ano de 2024 foi dentro das expectativas para o setor?
Em 2024, o comércio iniciou a consolidação da recuperação de um período muito duro que foi a pandemia. Nesse sentido tivemos, neste ano, uma boa evolução em todo o setor do comércio de bens, serviços e turismo, representado pela Fecomércio MG.
A reforma tributária e outras matérias de interesse dos empresários estão dando fôlego aos empresários?
Ainda estamos na expectativa dos resultados da reforma tributária que sinaliza com benefícios a médio e longo prazos com a simplificação da carga de impostos para o nosso setor. Também em 2024, vimos arrefecer um pouco a concorrência desleal com as plataformas de venda estrangeiras que passaram a ser taxadas nas compras de valor abaixo de 50 dólares. Ainda que seja da ordem de 20%, essa taxação trouxe impacto positivo para o varejo. Por outro lado, as taxas altas de emprego também têm contribuído para um desempenho mais satisfatório de comércio e serviços. E o turismo mineiro também se beneficia disso já que nosso estado lidera o crescimento, entre os demais da Federação, do volume de atividades turísticas em 2024.
O dólar alto, a taxa de juros fechando o ano em quase 12% preocupam?
Certamente que esses fatores preocupam, ainda assim o consumo das famílias, que cresceu 1,5% no terceiro trimestre no país, tende a projetar um quarto semestre positivo neste ano e sustenta ainda uma expectativa positiva para comércio e serviços em 2025.
As medidas para conter os gastos do governo são suficientes e podem garantir um 2025 sem tantos sobressaltos?
A Fecomércio, juntamente com a CNC, tem insistido na necessidade da Reforma Administrativa para racionalizar os gastos do Governo e vimos que o Pacote Fiscal enviado ao Congresso mostrou que esse ponto da gestão federal foi pouco abordado. Dessa situação, depreendemos que continuamos carecendo de um ambiente econômico que favoreça a sustentabilidade dos negócios. A situação fiscal equilibrada é condição indispensável para esse cenário de crescimento que desejamos para nosso setor e para o país.
A isenção de pagamento do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil vai impactar de alguma forma o comércio?
Pesquisas recentes mostram que a isenção de imposto de renda até essa faixa de renda, associada à tributação dos que ganham mais, é neutra para a questão fiscal. Para nosso setor do comércio, a isenção pode se traduzir em mais acesso ao consumo.
Como o consumidor tem se comportado diante dessas mudanças na economia brasileira? Tem gastado mais?
A baixa taxa de desemprego atual no país, de 6,1%, indica que o poder de compra do consumidor segue inalterado até o momento. A expectativa é que siga positiva até o final do ano como mostra a maioria dos comerciantes mineiros que, na metade do mês de novembro, já estavam com os estoques assegurados e confiantes para as vendas de Natal.
As parcerias com a Fiemg, Sebrae, Faemg têm ajudado o setor?
Seguramente que sim, especialmente pela potência de desenvolvimento da economia de Minas Gerais que essas parcerias significam. O diálogo permanente e colaborativo entre Faemg, Fiemg e Fecomércio afina os interesses dos setores dentro da compreensão de que todos são interdependentes. Não existe produção viável da indústria e da agropecuária sem o comércio, assim como não pode existir comércio pujante, que é o que nós queremos, sem a competitividade da indústria e da agropecuária. Essas parcerias entre os três setores sem sombra de dúvida mostram o caminho para o desenvolvimento de Minas Gerais. Em relação ao Sebrae, somos parceiros desde sempre porque grande parte dos estabelecimentos do comércio são micro e pequenas empresas. Então, o Sebrae é nosso parceiro estratégico. Destacamos a parceria entre Fecomércio MG e Sebrae que possibilitou a realização das duas edições do Inova Varejo BH, em 2023 e em 2024. Este evento já entrou para o calendário do varejo mineiro como referência em inovação e informações atualizadas sobre o segmento. Nas duas edições, teve inscrições esgotadas.
O que esperar para 2025?
O ano novo é o que fazemos de cada um dos seus 365 dias. Temos a certeza de que em 2025 o comércio seguirá resiliente como esteve em 2024, trabalhando todo dia sem faltar nenhum. Essa constatação é a senha para que possamos fazer do próximo ano um pouco melhor do que este, trabalhando bem em cada um dos seus dias. Essa é a principal meta de todos os empresários do comércio que a Fecomércio MG representa, todos eles resilientes e confiantes no ano que começa!