Muitas pessoas, mesmo bem sucedidas profissionalmente, resolvem dar uma guinada em suas vidas. Elas buscam mais do que sucesso e poder, mas a realização profissional, algo que faça sentido em suas vidas. A modelo Carol Dias (foto) é um exemplo disso. A fama lhe trouxe a oportunidade de buscar a sua verdadeira aptidão. Das poses para fotos, ela passou a lidar com números e se tornou uma educadora financeira. Ela trabalha com instituições financeiras e empresas, mas o que mais importa para ela, é ajudar as pessoas a lidarem com o dinheiro e buscar a realização de seus sonhos.
Você é uma pessoa que se reinventou muitas vezes. Como é isso como é esse processo?
Na verdade eu acho que todo dia é um recomeçar. Todos os dias nós temos que estar nos renovando. Eu era modelo em determinada época da minha vida, mas sempre quis ajudar o próximo e não encontrava qual era o meu propósito. Um dia falei para minha colching: tenho mais dinheiro, tenho meu trabalho, tenho fama, mas eu não estou feliz. Falei que tinha alguma coisa errada aí. Foi aí que ela me falou que faltava um propósito. Respondi para ela que meu propósito era o de ajudar as pessoas, mas com o que? Daí fui parar para pensar em que eu podia ajudar as pessoas. Comecei a perceber – sempre fui investidora, invisto na Bolsa de Valores há 10 anos – que eu tinha uma necessidade de ajudar o brasileiro a construir uma educação financeira para conseguir pagar suas contas. Percebi que eles queriam realizações, mas não tinham dinheiro. Eu sempre ajudei as pessoas a realizarem seus sonhos. Foi aí que pensei: quero falar um pouco da minha vida como investidora. As pessoas acham que comecei a ganhar minha vida como modelo, mas não sabem que investi esse dinheiro. Um lado que as pessoas não conheciam muito. Foi aí que decidi ampliar meu campo como educadora financeira, o de estudar finanças. Estudo economia pelo menos de 3 a 4 horas por dia, e foi aí que decidi abrir a minha história como investidora, falando primeiro de um erro muito grave: o de não estudar essa parte de investidora e aí decidi ir para a parte de educação financeira e hoje está muito bem. Esse tema está crescendo muito, é muito falado. Foi uma maneira que encontrei de recomeçar, de fazer o que eu amo.
Você achou sua vocação, é esse é o seu caminho?
Sim. Abdiquei de muitas coisas. Eu era modelo, tirava muitas fotos, eu tinha marca de grande como modelo, mas eu optei em um caminho que é o que eu amo fazer, que é ajudar os brasileiros a terem independência financeira, realizar seus sonhos. O dinheiro vem bem quando a gente ama o que faz. É uma recompensa pelo bom trabalho.
Com essa pandemia, com tantos desempregados sem saber o que fazer, que caminho eles podem fazer para encontrar ou para desenvolver r uma aptidão?
Uma das coisas que me perguntam é isso. É nas crises que aparecem as oportunidades, por dois motivos: primeiro porque a pessoa vai ter que se reinventar em uma crise, inevitavelmente, e outra é porque surgem oportunidades em lugares que ela não imaginava. Hoje está muito forte o marketing digital. Muitas pessoas, como nas academias, que foram obrigadas a se reinventar, isso é só um exemplo. Eles fizeram cursos online de treino, as nutricionistas também se viram trabalhando com consultas online e muitas , que sei que não tem como fazer esse tipo de mudança, podem usar os aplicativos. Pode ser free lancer de alguma coisa. Se você escreve bem, escreve para blog, para site. É preciso buscar essa força no mundo on line. Tenho amigas que estão em um momento difícil e foram vender brigadeiro. Tenho uma amiga que é modelo, que ficou em uma situação em que ela teve que mudar. O que ela pensou? Eu cozinho bem, então vou vender brigadeiro no meu prédio e aí todo mundo começou a gostar. Muitas domésticas se viram obrigadas a vender marmitex, porque elas também não podem ficar paradas. Elas tiveram que abrir o leque.
As mulheres se viram melhor do que os homens em momentos como esse por causa desse tipo de coisa, de saber cozinhar, saber se virar e a fazer uma coisinha ou outra?
Isso é muito do esforço da pessoa, de saber enxergar a oportunidade na adversidade. Muitos homens foram fazer serviço de Uber, outros foram trabalhar em blog, ser editor, roteirista, eles também tiveram que se reinventar. Muitos homens que trabalharam em várias atividades foram servir as grandes empresas. Tenho um amigo que resolveu fechar e se alinhar ao Magazin Luiza e virou parceiro da Magazin Luiza. É nessa hora que a gente tem que se reinventar, ver o que o mercado está pedindo e se adequar.
O governo está ajudando nesse momento difícil na economia?
O governo está fazendo a parte dele, ele está pagando um auxílio emergencial e as pessoas têm que entender que esse dinheiro não é para gastar, é para auxiliar. Vejo muitas pessoas jogando esse dinheiro na lata do lixo, literalmente. Nós não estamos de férias, elas estão precisando. Nós vínhamos em um momento econômico bom. O Paulo Guedes é um baita economista e vínhamos em um patamar alto na Bolsa de Valores e vínhamos nos reconstruindo. Como tudo isso aconteceu, com a pandemia dessa gravidade, não há muito que se fazer, temos que segurar as pontas. As pessoas não podem depender do governo. Bato sempre nessa tecla, a de que ter liberdade financeira depende da gente, não do governo. Amanhã o governo troca e as pessoas culpam o governo. Troca de novo e as pessoas continuam culpando o governo. Nesse momento, não acho que o governo está atrapalhando, ele está ajudando, um auxílio para que as empresas não quebrem, o governo está tentando segurar. Mas tem coisas que fogem, não dá para dar um salário enorme para todos, porque senão haverá um rombo enorme.
Pós pandemia, o que se pode vislumbrar?
Minha área, nesse momento, não sofreu muito, porque trabalho em home office. Eu ia lançar um livro nesse ano sobre a minha história, sobre educação financeira e tive que adiar para o ano que vem. Estou lançando um curso online, provavelmente em novembro, de como investir melhor o seu dinheiro, para que ele realmente transforme a vida das pessoas. Eu e minha equipe já estamos finalizando para que as pessoas saibam investir. Após a pandemia, vou continuar com o meu caminho de educação financeira, porque acho que ainda há um grande espaço para se trabalhar. Mesmo porque, mais do que nunca, os brasileiros, como todos no mundo, perceberam como é importante saber cuidar do dinheiro. Muita gente se viu encurralada. Nós estávamos em uma alta muito forte na Bolsa, com 120 mil pontos e tinha muita gente investindo tudo. De repente teve uma queda em março para 65 mil pontos. As pessoas começaram a só investir em Bolsa. Sempre falo que é preciso ter cuidado, é preciso ter uma reserva, porque em um momento de emergência não é possível contar com esse dinheiro. Sempre digo que é preciso ter uma carteira diversificada.