Blog do PCO

Faltam ideias e nomes para mudar nossa política

Paulo César de Oliveira
COMPARTILHE

A política já foi um espaço de discussão dos problemas do país e da busca de soluções. Os que tinham melhor votação eram, justamente, os que encontravam as respostas que mais agradavam a população, ou os que conseguiam resolver os problemas das cidades e dos estados da melhor forma. Foi-se o tempo e o que se vê atualmente é a corrupção generalizada e a falta de nomes para romper com esse ciclo que causa profunda decepção a essa geração de brasileiros. Essa é a visão do ex-ministro de Minas e Energia, Paulino Cícero. Ele começou na política com 21 anos como prefeito de São Domingos do Prata, depois foi eleito por duas vezes deputado estadual e cinco vezes para a Câmara dos Deputados até ser nomeado ministro do presidente Itamar Franco. De lá para cá, o Brasil passou por várias situações traumatizantes, mas nenhuma se iguala ao atual momento. O difícil, segundo Paulino Cícero (foto), é encontrar alguém para recuperar a confiança do brasileiro.

 

Nesse tempo em que o senhor atuou na política e na administração pública, já tinha presenciado casos de corrupção como os revelados pela Operação Lava Jato?

Não, nunca imaginei e nunca sonhei com isso. Na verdade, isso que está acontecendo representa para toda essa geração de brasileiros, uma profunda decepção. Nós não temos no Brasil aquilo que é fundamental para a pessoa crescer e se desenvolver, que é uma estrutura humana de geradores de soluções públicas e políticos que possam se dedicar a planejar e pensar nesta República de maneira atualizada e honesta, correta. Conversando com amigos, curiosamente, ninguém consegue enxergar um nome nem para o governo do estado, nem para a presidência da República, para as eleições do ano que vem. Ninguém consegue imaginar alguém que tenha o fadário de carregar o país nas costas.

 

O que impediu a criação de novos líderes?

Acredito que o que prejudicou foi a rapidez com que a sociedade brasileira trouxe a cornucópia para o dinheiro e o mundo político, das grandes soluções, no pensamento do amanhã ficou altamente comprometido.

 

Virou profissão?

Virou profissão. E por isso mesmo eu não percebo esse desejo de fazer um pouco mais de esforço, de luta para ver se nós conseguimos em 2018 celebrarmos em Minas uma eleição bonita, que consiga levantar o povo, como fizeram alguns políticos no passado e também a mesma coisa na área federal.

 

Hoje político é sinônimo de corrupção, quem vai querer entrar na política com esse conceito?

Vai ter que aparecer uma cara nova, alguém que tenha esse tipo de postura, em que o povo possa acreditar. Mesmo com todo o desânimo nesse estado e nesse momento do Brasil, nós acreditamos que até o ano que vem possa aparecer alguém.

 

Não corre o risco de aparecer algum aventureiro, com uma solução mágica para o país?

Que aparecerão, certamente aparecerão. Mesmo porque dificilmente se consegue fazer uma eleição bonita quando se leva tantos candidatos para as urnas. Nós estamos com 34 partidos. Quantos deles lançarão candidatos? O que isso vai significar quando fizermos a diálise e a definição de quem será o cidadão que vai assumir a presidência da República?

 

A impressão que se tem atualmente é que não é possível se fazer política sem roubar. O senhor acha que não tem que ser assim?

É perfeitamente possível se fazer política sem roubar. Sou de uma geração que veio toda ela transformada em solucionadora dos problemas e das crises que o estado estava vivendo. Cheguei à política com 21 anos como prefeito de minha cidade, São Domingos do Prata, e depois com 25 anos cheguei à Assembleia Legislativa. E veja que situação curiosa: todos os anos e as oito eleições parlamentares que disputei, a única preocupação minha era a de resolver problemas de asfalto, energia elétrica, tratamento de água e por aí vai. E era com isso que tínhamos crédito perante a opinião pública para ganhar a eleição. Nós ganhávamos a eleição porque sabíamos resolver esses problemas e nós os resolvíamos. Hoje a coisa mudou muito e nos preocupa muito.

 

A radicalização já está começando e é perigosa?

Acho que sim. O nosso momento de Brasil é altamente indagativo, difícil, espero que não evoluamos para algo pior, que não caminhemos nunca na direção das Venezuelas. Ainda acho que existem alguns estamentos na política brasileira, como nas universidades, onde existem muitas pessoas com a cabeça no lugar e que podem ajudar a resolver os problemas na área econômica e pode ser um princípio para a solução dos demais problemas que a sociedade vive.

 

O Congresso Nacional discute a possibilidade de mudar o sistema brasileiro de presidencialismo para semi-presidencialismo ou parlamentarismo. Essa mudança pode alterar em que?

Enquanto fui parlamentar, nos meus anos de Brasília e Belo Horizonte, invariavelmente fui francamente favorável ao parlamentarismo. Era uma solução meio rígida, que pode deixar a desejar em alguns aspectos, mas as grandes nações do mundo estão praticando a arte do parlamentarismo. Podemos ter um regime que tenha defeitos, mas cometeremos menos erros e teremos menos problemas.

 

O parlamentarismo sobrevive com tantos partidos?

Certamente o parlamentarismo não poderá sobreviver com 34 partidos. Não existe isto.

 

O nosso problema é como escolher ou quem escolher?

É muito difícil para nós todos.

COMPARTILHE

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

News do PCO

Preencha seus dados e receba nossa news diariamente pelo seu e-mail.