O empresário brasileiro aprendeu a se reinventar. Foram várias crises desde a redemocratização do país, vários planos econômicos, que fizeram com que o setor produtivo aprendesse a conviver com essas tempestades e a ter muito jogo de cintura e criatividade para sobreviver. E é assim que o setor mineral, um dos mais afetados pela crise, também atravessa esse período conturbado no país, segundo o presidente do Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais (Sindiextra), José Fernando Coura. Otimista, Coura(foto) disse que acredita no país, mas ressalta a importância do voto para que, com responsabilidade, em 2018, o brasileiro possa retornar às urnas para escolher alguém que vá conduzir os rumos do país.
Como o setor mineral está conseguindo sobreviver a essa crise, a mais longa da história do Brasil?
Crises existem para se ter criatividade. A palavra crise, tirando o s vira crie. Nós somos um setor base da economia e acreditamos na retomada da economia. Não canso de falar que esse país precisa de investimentos em infraestrutura. Na hora em que nós resolvermos os problemas das estradas, dos aeroportos, das ferrovias, da habitação, do saneamento, dos portos, de hospitais, de moradia para 9 milhões de pessoas que não tem casa, a mineração está ponta para responder. Grande parte do nosso setor vive de excedentes que são exportados, que são commodities, tirando os bens minerais para a construção civil, as outras são commodities, como o ouro, o níquel, nióbio, como o minério de ferro, como o aço, o zinco, a ferro ligas e o ferro gusa. Tivemos uma melhoria no câmbio, os preços deram uma relativa equilibrada. Não são preços excepcionais e nós aprendemos a nos reinventar. Eu sempre digo que a mineração, a cada dez anos, se reinventa, melhorando os seus recursos, aumentando as recuperações no processo, reduzindo o consumo de energia, recuperando mais, reciclando água e isso nos leva a aprender a cada dez anos nos reinventarmos.
Esperava-se que o governo conseguisse investir mais rápido em obras de infraestrutura, mas o governo acabou não conseguindo acelerar da forma pretendida. Essa dificuldade afeta as empresas que estão muito focadas no governo?
A indústria não está focada no governo, mas no consumo, no investimento e, evidentemente, os dados agregados que são da brita, areia e cimento, os números são terríveis. Nós voltamos ao consumo e a produção de 2005. Isso é terrível. Mas eu ainda tenho fé porque quem já passou nesse país pela ditadura, viu depois a eleição direta, passemos pelo Plano Collor, quando acordamos sem dinheiro nenhum na conta, trabalhamos com inflação de 100% ao mês, eu acredito. Eu sou um otimista, porque quem é torcedor do América é um otimista.
Passado o julgamento da chapa Dilma/ Temer no TSE, a situação tende a se acalmar?
Eu espero que pelo menos nós consigamos levar o país para que, em 2018, a população brasileira possa escolher, democraticamente, o seu presidente, com novas ideias para reduzir a violência, a criminalidade, investindo em educação, saúde e gerando emprego e renda. Nós temos que encontrar o nosso rumo e eu acredito que primeiro, é preciso observar a Constituição, para que possamos conduzir o país e no ano que vem, cada um faça um exame de consciência, porque todos nós somos responsáveis pelo país. O voto é a maior responsabilidade. Voto não é bônus, é ônus que se transforma em bônus, para que possamos pensar em um país chamado Brasil.
Com essas regras eleitorais que estão valendo o senhor acredita que vai mudar alguma coisa?
A regra não precisa mudar. Triste foi na ditadura, quando não podíamos votar. Agora eu posso escolher e espero que cada faça sua escolha dentro de seus critérios, mas pensando sempre no bem comum e no interesse público.