Preocupado com os rumos da política brasileira, em especial com a falta de rumo dos partidos do Centro, o ex-deputado federal, José Santana (foto/reprodução internet), assiste os adversários se movimentando. Para ele, é preciso esquecer a vaidade e ter juízo para sentar-se à mesa para buscar o melhor caminho. Ele também se mostra desiludido com o Congresso Nacional, com suas lideranças fracas e com um país que está “podre”, a começar das suas instituições.
Como o senhor avalia o quadro eleitoral em Minas?
Eu acho que se a pessoa é candidata, ela define na hora certa. Eu falo muito que o tempo da política é diferente do tempo normal. Antes e depois é tarde. Tem a hora. A hora foi outubro. Você não viu nenhuma manifestação. Eu acho que o quadro em si, a partir do Brasil, está muito nebuloso. Eu até falei com algumas lideranças, que eu conheço, com senadores, presidentes de partido, que nós tínhamos que ter juízo. Esquecer a vaidade. Sentar à mesa para estabelecer um caminho. Qual que é o melhor? É o B, então vamos no B, todos juntos com o mesmo adjetivo de olhar o Brasil. Eu nunca fui de extrema direita, nem de direita, sempre fui do centro. Eu comecei minha vida pública com Juscelino Kubitschek na residência do doutor Júlio. Depois, lá no Palácio com o doutor Israel, responsável pelo gabinete dele. Mas eu fico vendo aí, rapaz, lá dos Estados Unidos, falando de determinadas coisas, não muito recomendáveis. No momento político que nós temos, em que nós temos que pensar em união, não em divisão. As coisas estão muito difíceis. Por outro lado, eles (a esquerda) estão se unindo em torno de um candidato só. Eu acho que para nós, não é muito recomendável. Eu estou muito preocupado com esse momento a nível nacional, e aqui em Minas também não temos definições. Tem de um candidato que está indo, parece que para o PSD, que é o vice-governador Mateus Simões, mas nós não temos mais definição nenhuma. Tinha uma notícia de que o Cleitinho não será candidato. E quem me falou é uma pessoa, amiga, um irmão dele. Isso quer dizer, então que nós estamos a menos de ano da eleição e nós estamos sem um quadro definido, não só pela oposição, como pela situação.
E o quadro de senadores? Está muito indefinido também. Antigamente essas coisas eram definidas na hora certa. Na hora certa era definida a chapa e até hoje nós não sabemos nada. Mas falam que depende do Bolsonaro. Outros falam que depende de outras pessoas. Mas eu acho que nós temos que sentar. Tem um ditado que fala que, quem vai na frente bebe água limpa e eu não vejo nenhum caminho agora.
Nós temos um Congresso e as Assembleias trabalhando como se estivéssemos em permanente campanha eleitoral, todos contra. O país avança desse jeito?
O Congresso está muito fraco. Eles ficam falando em anistia. Eu sou até favorável, porque aquele pessoal de 8 de janeiro, aquilo não foi revolução, aqueles foram uns pobres coitados, que foram levados para porta do quartel e incentivados por alguém que precisava de fazer uma avaliação sobre qual era a ideologia deles e andaram fazendo aquela quebra cadeira lá. E os ministros do Supremo, que têm liberado tanta gente não muito recomendável, pessoas com comprovação do comportamento deles aqui na vida, e dá uma pena estrondosa para aquela senhora que pintou coitada com batom, usando a palavra do ministro do Supremo, Luís Roberto Barroso, “perdeu mané”. E outra coisa, por que que eu não acredito em anistia? Não é por causa da Câmara. É porque o presidente do Senado não é pessoa muito recomendável, ele teve vários processos no Supremo Tribunal e que hoje foram legalizados, foram arquivados. Um homem que não tem essa postura de presidir com seriedade, com grandeza, com dignidade um Poder, não vai aceitar e nem indicar um relator para falar sobre problema da anistia.
A população está sem opções de políticos? Faltam políticos para pensar nos problemas da população?
Eu não sei se estamos a pé. Eu estou achando que as lideranças estão fracas. As lideranças maiores estão mais fracas e estamos precisando de reabilitar o Congresso Nacional. Eu falo muito que o país está podre, a partir do Supremo, passando pelo Executivo e o nosso Legislativo deixa muita a desejar. Mas lá tem uns 40%, 45% de pessoas que tem responsabilidade, que assinam requerimentos, que lutam em favor do Brasil e outros que deviam fazer o mesmo como está na nossa Constituição. Não tem segredo. Eu fui constituinte, a nossa Constituição tem todos os instrumentos necessários para coibir os excessos, mas não coíbem. Quer dizer, então o Congresso é muito falho e deixa muito a desejar.