Desiludido com os partidos políticos, o prefeito de Betim, Vittorio Medioli (foto), ainda não encontrou o seu caminho partidário. Ele já passou pelo PSDB, pelo PV e se elegeu prefeito de Betim pelo PHS. Após montar o partido em Minas, a falta de compromisso e envolvimento dos seus correligionários, o fizeram a procurar outros caminhos. O Podemos era uma das alternativas, mas não é mais, e até o final do ano, Medioli pretende se desfiliar. Alegando não ter apego ao poder, ele disse que está à disposição, “se eu puder ser útil ótimo, estou em Betim, à disposição”.
O senhor desistiu de ir para o Podemos, como chegou a cogitar?
Não vou para o Podemos e não vou ficar no PHS. Vou me desfiliar, ficar avulso. O Podemos já está estruturado. Estou no PHS ainda, mas devo sair, porque o partido é tumultuado, sem um comando fiel, e tem muitas ações na Justiça em Brasília e aqui. Nós fizemos um bom partido em Minas, mas não adianta, não tem ninguém que colabore para mantê-lo de pé. Vamos ver o que vamos fazer agora, no final do ano. Tenho que manter uma filiação, que é obrigatório, mas ainda não sei para onde irei.
Que partido se adéqua ao perfil do senhor?
Mais do que partido, quero dar uma contribuição. Vou fazer um projeto que não tenha nomes, e sim ideias, para resgatar Minas. Resgatando os municípios, podemos resgatar o estado. Muitos querem saber o que estou fazendo em Betim e o que poderia ser feito no estado. Vou colocar tudo por escrito e oferecer a todos e depois escolham um bom candidato a governador, até porque eu, como prefeito de Betim seria um peso grande sair. Vou fazer de tudo para contribuir oferecendo algumas ideias e projetos para que pessoas de bem se juntem e votem nele.
O senhor não vai disputar o governo de Minas?
Eu sou prefeito de Betim. Eu acho que a política é um ato de desapego, ao contrário do que alguns líderes mostram, que é um apego doentio ao poder. Eu não tenho apego nenhum ao poder. Se eu puder ser útil ótimo, estou em Betim, à disposição. Mas impor o meu nome, eu não tenho essa presunção, eu não tenho esse apego ao poder. Tenho apego ao desenvolvimento, para que as pessoas saiam do sofrimento e que se desenvolva o país e o estado, com todo o potencial que temos.
Os partidos políticos perderam a identidade?
Eu tinha pedido algumas lideranças no Congresso Nacional para que eles abrissem brechas para as candidaturas avulsas porque, hoje, a sociedade quer se manifestar e isso está difícil, porque há uma blindagem em torno do poder. Os partidos agem como cartórios, como o que nós temos visto. Não são acordos políticos, são acordos de interesse, são projetos de poder. As melhores democracias atualmente têm abertura para as candidaturas avulsas. Aqui, nós estamos longe de ser uma democracia moderna. Agora, grupos podem se formar e apresentar um projeto que os partidos não tem condições de apresentar.
As conversas de líderes do partido com pré-candidatos à presidência, como aconteceu com Ciro Gomes, incomodam o senhor?
Eu militei muito no Congresso Nacional na política partidária e recebo a visita de um ou de outro. Estou bastante descrente com as lideranças que estão aí, requentadas. Há muito tempo não conseguem entusiasmar o povo, com credibilidade, com grande apoio. E não adianta ganhar o governo e ficar sem apoio para conduzir as medidas necessárias. Não tem um projeto, se elegem em uma gincana política, oferecendo mundos e fundos, se comprometendo e depois não conseguem governar. Na realidade, a união tem que ser pragmática em termos de valores, de méritos, de projetos, de métodos. Tem candidatos que falam que o importante é ganhar, depois vai ver o que fazer. Não é assim, é importante ter um projeto e, depois, quem ganhar será o condutor desse projeto.
E Betim, como é administrar a cidade?
Betim está melhorando muito, mas tem que melhorar mais e mais. Nesse primeiro ano estou satisfeito. Estamos conseguindo colocar a casa em ordem, já lançamos vários projetos e, o que é melhor, estamos ganhando credibilidade. Hoje, a credibilidade é para atrair investimentos. Temos um fila de empresas interessadas, estamos lançando projetos estruturais, a via das indústrias, distritos industriais, aeroportos, temos um plano de construção de 10 transposições em cima da linha férrea, estamos preparando Betim para receber um trem de superfície, um metrô, e estamos preparando Betim para o futuro.
Qual é o desafio para um governante?
Estamos nos digladiando em um sistema muito viciado. Política é empreguismo, é cabide de emprego, de dar contratos aos amigos. Isso não pode acontecer. A ordenação de prioridades tem que se dar a partir de onde é maior o sofrimento. Nós em Betim estamos fazendo isto. Mas vai levar muito tempo para que essa ideia se incorpore. A sociedade, quando resgata o maior sofrimento, tem uma melhora incrível, ao se colocar em um nível de sustentabilidade. É o maior ganho que se tem. É o maior aquecimento que se dá à sociedade. A educação no Brasil também é uma lástima. Nós em Betim estamos criando 26 creches, para colocar todos os meninos dentro, ganhamos um prêmio do Unicef, de um projeto de tempo integral para colocamos 7.500 crianças, que caminham para o analfabetismo funcional, de um programa de aula e reforço, de oficina, de esporte, de lazer. Hoje a sociedade carece é de educação. Com educação, o ser humano passa a se autossuficiente. Só que tem as carências de emergência, a saúde, a fome, a infraestrutura, é um desafio imenso.