Muitos produtos brasileiros, inclusive de Minas Gerais, continuam sendo impactados pelo tarifaço do presidente Donald Trump. Os reflexos acabam afetando o bolso do consumidor e essa é uma preocupação, segundo o presidente da Fecomercio, Nadim Donato (foto/reprodução internet), que ainda acredita no diálogo entre os dois governos para resolver o problema, que para ele é puramente político.
Como esse imbróglio entre Brasil e Estados Unidos reflete no consumo no Brasil?
Nós no comércio somos atingidos em um segundo momento. É lógico que se as alíquotas forem essas de 50% para os produtos que ficaram de fora, como o governo Trump falou, logicamente, a nossa agricultura e a nossa indústria vão sofrer muito. E depois o comércio, porque será repassado, infelizmente, o preço final. E esse preço final, quem vai pagar? O consumidor. Nós estamos atentos a isso, apesar de que na minha opinião, acho que isso não vai acontecer. Acredito que vai haver uma mesa de negociação, porque isso é muito prejudicial para todos os brasileiros. Não é uma coisa pontual. Primeiro a indústria e a agricultura sofrem, e depois é o comércio que vai refletir tudo isso, passando preços muito mais altos para o consumidor. Então todos nós iremos perder. Todos os nossos consumidores. Eu acho que nenhum país pode agredir o outro dessa maneira. São países que devem se respeitar.
Esse tarifaço teve um viés político. Fica mais difícil a negociação nesses termos?
Eu acho que foi totalmente político. Eu não acho que isso é uma questão de reserva de mercado, de economia, alguma coisa que seja tão importante para os países. Eu acho que aí tem uma briga política desnecessária. Todos os países devem ser respeitados, seja do tamanho que for. Cada um com sua magnitude. O Brasil é um país que produz alimentos para o mundo, deve ser respeitado e não adianta aumentar as tarifas, porque para aumentar, terá que aumentar no mundo inteiro. Nós não vamos deixar de produzir e o mundo vai continuar comprando alimentos. Isso quem vai pagar? Todo mundo vai pagar.
Em relação a reforma tributária, qual será a contribuição que a Fecomércio vai dar nessa mudança?
Nós já estamos trabalhando com Reginaldo Lopes, há muito tempo sobre a reforma relatada por ele e questionamos vários pontos. Ele levou muitos dos nossos pontos, inclusive da Confederação Nacional do Comércio e muita coisa já foi mudada. Agora, a reforma tributária, ela vai ser implantada e ela deverá ter uma manutenção, vamos dizer assim. Porque muita coisa você põe no papel, mas na prática ela muda. Então você tem uma cesta básica que diminuiu, e isso vai ter reflexo? Vai pagar imposto, vai comprar menos? Será preciso haver uma discussão mais para frente para que a gente possa ajustar alguns pontos. Então nós continuaremos discutindo a reforma tributária até o último minuto. Quando ela for implantada nos próximos dois anos, que vai ser os impostos federais, a gente já vai começar a sentir qualquer impacto disso e depois vamos ter cinco anos para discutir os impostos estaduais e municipais.
Nesse tempo serão feitos os ajustes?
Com certeza. Faremos os ajustes, já fizemos muitos, mas eu acho que a gente vai ter que fazer mais pela frente. A nossa preocupação com relação a área de serviços é com os empregos. O setor de serviço hoje é o que detém o maior número de empregos. Vamos discutir a folha de pagamento. Será que de repente ela pode gerar crédito para quem emprega? Essa é uma boa questão a ser levantada.