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O comércio continua sofrendo com o prolongamento da crise brasileira

Este não tem sido um ano fácil para nenhum setor. Mas o comércio sente fortemente a diminuição da renda do trabalhador e o aumento do desemprego. O presidente da CDL-BH, Bruno Falci (foto), não tem grandes expectativas para este ano. Ao contrário, as projeções são as de queda de 2,97% em relação a 2015, que também foi um ano de retração nas vendas. Mas a situação se agrava, segundo Falci, com o aumento da carga tributária, que acaba penalizando a todos, menos a quem arrecada.

 

Qual a expectativa dos empresários do setor para este final de ano, a partir do Dia das Crianças?

O comércio está muito ressentido de todos os problemas e erros provocados pela gestão macroeconômica dos últimos anos. Estamos com problemas com a inflação, problema de desemprego, uma recessão, uma queda na renda da população. Infelizmente estamos com todos os cenários negativos, sem contar o sentimento da população e dos empresários com o excesso de corrupção e com uma política ruim dos políticos. Quem faz a riqueza de uma nação é o setor produtivo, os empresários e os trabalhadores. Precisamos dos políticos para organizar o crescimento. Mas os políticos, com muita competência, conseguiram desorganizar o crescimento que o Brasil vinha tendo. É lógico que existem políticos, assim como existem empresários. O que quero dizer é que tem alguns empresários que, de alguma forma, não conduzem os processos da forma correta, como, infelizmente tem uma boa parte dos políticos que não fazem uma gestão boa.

 

O setor produtivo está tendo dificuldade para sair da crise?

Tudo isto que está acontecendo no Brasil, toda essa crise, está destruindo o setor produtivo brasileiro. Seja a indústria, o agronegócio- que está salvando o Brasil, mas que poderia estar muito melhor-, o comércio e o serviço. Todos sentem muito esses problemas. E nesse bojo todo, para complicar ainda mais a situação, está a má gestão governamental no cenário nacional. Mas este cenário se repete nos governos estaduais e municipais Brasil afora, com raras exceções de gestões bem feitas. Em Minas Gerais, a todo momento, sentimos um aumento da carga tributária e isso é péssimo, porque o setor produtivo, empresas e funcionários, estão sentindo e vão sentir mais ainda o reflexo dessas decisões, que pesam no bolso do cidadão. O governo, ao invés de ajudar a população, e automaticamente os empresários, ao aumentar o imposto está jogando uma pá de cal em uma série de empresários e trabalhadores. Os governos querem fazer caixa não através de uma boa gestão. Querem fazer caixa para pagar os compromissos assumidos, muitas vezes em situações de interesse próprio, à custa de impostos, em vez de reduzir o número de funcionários, ter uma gestão mais eficiente e mais barata. Normalmente o gestor público não se preocupa com a gestão. Se tem dinheiro ele pensa “então vamos gastar, economizar para que, a eleição está aí na frente e precisamos é de votos”. É assim que funciona.

 

O senhor acha que os erros cometidos estão se repetindo. Os políticos não entenderam nada do que levou o pais a essa situação?

Ainda não entenderam. Haja vista as eleições Brasil afora e em Belo Horizonte, com as abstenções. Os números não são bons. Quem é líder aqui? Quem tem o apoio da população? Não tem ninguém. Nenhum deles. Tem aqueles que têm menos rejeição. Não tem ganhador até então. Tem quem perdeu menos e quem perdeu mais. A abstenção é a prova maior da insatisfação da população em relação aos políticos. Os políticos estão desgastados e não é à toa. E o comércio enfrenta uma série de mudanças tributárias, que afetam profundamente os empresários, com aumento de impostos, aumento de alíquotas, com o governo, cada vez mais, transferindo o ônus para a população e os empresários, sem nenhum bônus. Se olharmos os quatro pontos básicos: saúde, educação, transporte e segurança, são quatro vergonhas nacionais. E não adianta falar que não tem dinheiro. Não tem dinheiro porque não tem gestão, porque eles arrecadam demais. Mas gastam mais.

 

Havia uma expectativa em relação à Temer e ele está frustrando os empresários?

Ele enfrenta muitas barreiras, porque ele está começando o governo agora, e pegou a economia completamente destroçada. Não sei qual foi o maior escândalo da semana passada, mas sei que foi grande. O desta semana eu já não me lembro mais. Porque um escândalo se sobrepõe a outro e a população já está achando que é normal tanta coisa errada. Além disso, estamos vendo a cidade com excesso de ambulantes, de camelôs, de moradores de rua, levando a insegurança, a sujeira para a rua. E isto exige uma solução. Nós temos de ter uma ação democrática. Uma minoria não pode impedir a maioria de andar em uma calçada limpa e segura.

 

A violência aumentou no centro da cidade por causa dessa ocupação?

É um dos maiores pontos. São artesãos que não são artesãos, moradores de rua e uma série de coisas que não vão levar a um bom caminho.

 

Todo o trabalho que foi feito anteriormente está sendo perdido?

Uma boa parte está sendo perdido. Aí entra Ministério Público e os Direitos Humanos, que não promovem a segurança da sociedade. A prioridade deveria ser a segurança.

 

Como isso tudo está refletindo nas vendas?

Reflete de uma forma ruim. As pessoas hoje não podem andar na rua com o vidro do carro aberto. Somos atacados por flanelinhas, somos atacados por pessoas paradas no sinal. Os bandidos estão soltos e a população está presa dentro de casa, no carro, na empresa, quando a obrigação seria do governo. Já não bastam os altos impostos, a população tem que pagar mais esse custo, que já estaria pago com os impostos. O governo a cada dia cobra um imposto mais alto, ele enfia a mão no bolso do cidadão e toda vez que toma dinheiro da população, todo o sistema é prejudicado, menos o governo, que passa a ter mais dinheiro para fazer o mau feito. Se você paga uma gasolina mais cara, vai faltar dinheiro para as necessidades básicas. Cada vez que o governo federal, estadual ou municipal extorque a população, é menos dinheiro circulando.

 

Com todo esse cenário, para o comércio 216 é um ano perdido?

Já é um ano perdido. Nós trabalhamos com uma tendência de queda em torno de 2,97% de queda em relação a 2015, que já teve uma queda de 4,35%. É queda em cima de queda e o governo com a ganância tributária. Isso está ficando inaceitável e o resultado está vindo pelas urnas, com a quantidade dos votos de protesto. Os grandes perdedores das eleições são dois: a população está perdendo e do outro lado os políticos já perderam. O resultado das urnas está aí para dizer que os políticos perderam. Nós precisamos do governo para, além de não nos atrapalhar, que incentivem, motivem, sejam catalisadores para o desenvolvimento. Ajudando no desenvolvimento. No cenário que estamos, cada político está querendo salvar a sua pele. Isso tudo é muito ruim para o país. Mas do outro lado os empresários estão se alinhando. Quem faz o PIB do Brasil são os empresários e quem manda no país são os políticos. Isso está errado. A balança não está boa. Os políticos estão com muita carta na mesa. E isso é culpa nossa, dos empresários, que demos muito apoio aos políticos. Tem uma frase que usamos na CDL: “se a cidade vai bem, o comércio vai bem”. Nós torcemos para que todas as cidades fiquem bem, mas está difícil.

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