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O Governo Bolsonaro só começa depois da reforma da Previdência

Paulo César de Oliveira
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Para muitos o ano de 2019 será o da recuperação da economia do país com retomada do desenvolvimento, após um longo período de recessão e de falta de perspectivas. Mas apesar de toda euforia, o empresário Joel Ayres da Motta Filho (foto), da JAM Engenharia de Ar Condicionado, entende que Jair Bolsonaro terá muito trabalho pela frente, porém Romeu Zema terá muito mais. Não existe fórmula mágica, segundo ele: o governo não pode gastar mais do que arrecada, uma lógica básica e simples, mas para tanto, será necessário fazer a reforma da Previdência e para Joel Ayres, esse será o ponto inicial do governo.

 

Para os empresários, 2018 foi um bom ano?

Graças a Deus terminou. A expectativa para 2019 é maravilhosa tanto no âmbito estadual como no federal. A situação de Minas Gerais é bem pior e vai demandar um tempo maior para ser consertada. No âmbito federal, o nosso ponto zero é a reforma da Previdência. Sem ela não vamos a lugar nenhum. O ano tem que começar com a reforma da Previdência. Ela é inevitável e é vital. Minas Gerais também precisa fazer a reforma da Previdência do Estado. O governador também terá que fazer um enxugamento de cargos. Colocar uma visão da iniciativa privada no governo. É a nossa grande esperança de que dê certo. Vamos aguardar para ver quais serão os resultados. O que vem é ainda uma incógnita.

 

Surpreendeu o final do governo de Fernando Pimentel, numa situação tão difícil, com tantas dívidas, sem dinheiro para pagar os salários, o 13º?

Não entendi nada. Acho que como prefeito, Pimentel foi um bom gestor, não sei falar o que aconteceu no seu governo. Não sei se foi a equipe que ele escolheu, se foi o fato de a Dilma ter saído da presidência antes do fim do seu mandato, se ele esperava mais do governo federal para dar um jeito aqui, não sei. Para mim é inexplicável.

 

Será mais complicado para o governo Zema colocar a casa em ordem, assumindo com tanta dívida?

Acho que o governador Zema terá muito mais trabalho do que o presidente Bolsonaro. Participei de uma palestra com o futuro secretário do Planejamento no governo de Romeu Zema, Otto Levy, e ele falou que se o Estado fosse uma entidade privada, não dava nem recuperação judicial, ia entrar em falência direto. Palavras do Secretário de Planejamento. Acredito que tanto pela falta de pessoas qualificadas, que ele está tentando buscar, por ser uma pessoa que nunca esteve na área pública, e em contrapartida, pode ser a saída tentar trazer o que a iniciativa privada usa para a área pública. Só que existem as leis para restringir tudo o que se faz no governo. Existe uma série de leis, a Assembleia Legislativa. Ninguém governa hoje sem Câmara. O governo não governa sem a Câmara, governador não governa sem a Assembleia e o presidente não governa sem a Câmara Federal e o Senado. O Legislativo prende muito as demandas do Executivo, o que tem seu lado bom e ruim, porque para o governante bem-intencionado, que quer fazer uma coisa boa, esse freio de mão pode ser ruim. Para o mal-intencionado, que quer fazer uma coisa ruim, vemos como uma coisa boa, para evitar que cometa irregularidades.

O fisiologismo, o toma lá, dá cá, é um problema no país?

O toma lá, dá cá, como diz o nosso presidente Bolsonaro, vai acabar. A imprensa fala que o Bolsonaro ia acabar com esse toma lá, dá cá, mas está negociando o segundo e terceiro escalões de governo. Eu acho que o deputado ou senador que está lá, vai buscar recursos para a base dele. Ele precisa de uma forma legal para ter esse recurso. Acho que tem muita falácia. O parlamentar que está lá, vai para buscar recursos para a região dele, e, nesse caso, ele precisa do dá cá. Como ele vai conseguir, como ele vai fazer, se for de uma forma legal o “dá cá”, tudo bem, se for uma maneira de achacar, aí, está tudo mal.

 

Muitos estão apostando que em pouco tempo o governo Bolsonaro dará uma resposta com melhoria na economia. Isso é possível, nos primeiros meses de governo?

Tudo depende da reforma da Previdência. O primeiro dia de governo dele será o dia em que ele fizer a reforma da Previdência. Sem a a reforma da Previdência é você ter um cheque maior do que você recebe todo o mês. Tem dois tipos de empresas, tem dois tipos de pessoas, tem dois tipos de governo: a pobre, que é aquela que gasta mais do que ganha e a rica, que gasta menos do que ganha. Nós temos que nos tornar um país rico, ou seja, gastar menos do que ganhamos. Isso serve tanto para a vida pessoal, para a vida empresarial ou na vida pública. É o básico, é o lógico.

 

 

 

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