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O Porto de Minas tem uma vantagem sobre os demais: é totalmente administrado pela iniciativa privada. Sem entraves da burocracia estatal

Desde que o empresário Eike Batista iniciou o projeto de construção do Porto de Açu, em São João da Barra, os empresários mineiros viram a oportunidade de ter um local para o escoamento da produção do estado. Um porto mineiro, adequado às necessidades da indústria mineira. Eike Batista passou o projeto adiante. O empresário vendeu o controle acionário do porto para a EIG Global Energy Partners, fundo americano que atua nos setores de energia e infraestrutura e é representado pela Prumo, é uma empresa multinegócios, planejada para otimizar o desenvolvimento dos setores de energia e infraestrutura brasileiros. O presidente do Porto de Açu, José Magela Bernardes (foto), entende que o Porto de Açu tem tudo para se tornar um porto mineiro e leva uma vantagem sobre os demais por ser um porto privado, ou seja, as adequações necessárias podem ser feitas com rapidez e eficiência.

 

Qual o principal diferencial do Porto de Açu?

Ele tem vários diferenciais. O primeiro deles é porque é um porto privado. Nós traçamos o nosso destino. O segundo diferencial dele é que é um porto que foi concebido no conceito asiático de porto indústria. Temos grande disponibilidade de área e de cais para a indústria. O porto é exclusivo e único no Brasil. Nós temos outros portos com algumas características, mas não iguais ao porto de Açu. É um porto privado, com características de porto indústria, com estilo asiático. É incontestável que é um modelo que deu certo.

 

O porto começou a ser implantado com o empresário Eike Batista e foi assumido por esse grupo?

O porto tem três fases, a do Eike Batista, na qual foi sonhado esse conceito e materializado esse conceito de porto indústria. A segunda fase foi quando a EIG veio no final de 2013, comprando a parte acionária de Eike Batista e entrando na fase de construção de infraestrutura básica. A terceira fase vem agora, na qual o porto já tem a infraestrutura básica, está operacional e começamos com aquela fase de operar e comercializar o porto, de atrair mais clientes para o porto.

 

Como atrair investimentos com o país passando por uma das suas piores crises?

Todo o nosso investimento em infraestrutura foi feito nesse período de crise. É um período em que o porto não estava totalmente operacional e nós estávamos investindo em infraestrutura. O porto está pronto e nossa expectativa é a de que saiamos da crise e agora podemos atrair um número maior de clientes.

 

A infraestrutura interna vai bem, mas para chegar até o porto é um problema. Como resolver essa questão para que os produtos cheguem ao Porto de Açu?

No caso do minério, nós temos hoje o mineroduto da Anglo American, na mina em Conceição do Mato Dentro, um mineroduto de 529 quilômetros. Hoje já existe uma infraestrutura desde Minas Gerais, da mina até o porto. A Anglo este ano estará exportando entre 15 e 17 milhões de toneladas de minério de ferro. A estrada de ferro tem chance de chegar até lá, mas é um projeto de médio e longo prazo. Nós estamos trabalhando com outras alternativas. Uma delas é a ES 118, a Vitória/Rio, que passa dentro do Porto do Açu. Estamos trabalhando com o governo estadual e com o governo federal para viabilizar essa estrada de ferro.

 

Essas obras externas, se não tiver participação da iniciativa privada elas não saem?

A iniciativa privada é um catalizador. Ela ajuda a sair muito mais rápido e mais eficiente. Eu acredito que o poder público tem o seu lugar e a sua capacidade de atuar em áreas em que a iniciativa privada não deveria atuar. E ao contrário, tem áreas em que a iniciativa privada é muito mais eficiente e é inerente da atividade dela fazer esse trabalho.

 

Qual a capacidade que o porto tem hoje e qual é a área de ocupação?

Hoje o porto tem 17 quilômetros de cais e 90 quilômetros quadrados de área industrial. Nós temos uma ocupação significativa de área molhada e temos, dentro dos trabalhos que estamos efetuando no porto, bastante ocupação. Quando se vê essa dimensão de um porto gigante, nós vamos ter trabalho para várias décadas para ocupa-lo totalmente.

 

É possível tornar o Porto de Açu em um porto mineiro, como querem os empresários?

Minas Gerais tem sempre o desejo de ter o acesso direto ao mar. Minas usa o porto de Santos, o do Rio de Janeiro e o de Vitória e acredito que nós podemos atender melhor os industriais mineiros. E sendo um porto privado, nós podemos negociar diretamente, através da Fiemg, com as necessidades dos industriais de Minas Gerais e dar competitividade e eficiência. Os outros portos não fazem tudo na medida do cliente. Esse é um detalhe. O outro é que, por exemplo, para se chegar ao porto do Rio de Janeiro, o acesso é pela estrada tem que se passar por dentro da cidade do Rio de Janeiro, com todas as dificuldades que isso tem, além dos gargalos do próprio porto dependendo do que se vai importar e exportar. O Porto de Açu, apesar de estar um pouco mais distante, você consegue chegar lá pela BR 101, conectando por uma estrada que é bastante razoável até o porto e chegando no porto, tem-se um atendimento diferenciado, por sermos um porto privado. Esse trecho do Rio de Janeiro até Campos dos Goitacazes está sendo duplicado e tem um projeto do governo do Rio de Janeiro de fazer um corredor logístico ligando Campos a Porto de Açu. Hoje, em linha geral, não existe um gargalo.

 

A crise econômica está atrapalhando os planos de expansão e ocupação da área instalada?

A crise diminui o ritmo. Naturalmente o porto tem uma forte base da indústria de óleo e gás e essa indústria vive hoje uma crise. Existe uma defasagem aí e o Brasil está enfrentando uma crise econômica que impede o crescimento industrial. A crise torna a curva de crescimento mais devagar. Nós temos gargalos de infraestrutura por toda a parte. O porto é um dos poucos investimentos que houve nos últimos anos que alivia um grande gargalo da infraestrutura, tanto da parte industrial, quanto da parte portuária. Não os intimida o que está acontecendo hoje, porque é um projeto de longo prazo que estará presente naquela região nos próximos 100, 200, mil anos. Naturalmente essa situação que estamos vivendo agora é de curto prazo. Quando se faz um investimento desta envergadura não se pode pensar que hoje está ruim e amanhã o quê eu faço? Esse projeto é pensado em longo prazo, como qualquer investimento de infraestrutura. Hoje não é bom, mas o futuro está garantido.

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