Os negócios fechados durante o Minas Trend 2017 trouxeram um novo ânimo para os empresários do setor. Muitos conseguiram vender 60% da produção e ainda devem realizar mais negócios após o evento. Um resultado que animou e trouxe novas perspectivas para o setor, segundo o presidente do Sindivest MG, Luciano Araújo (foto). Para ele, ainda é cedo para falar que a crise acabou, já que o desemprego ainda atinge 13 milhões de brasileiros, o que significa menos consumo.
Os empresários estavam com muita expectativa em relação ao Minas Trend 2017. O evento ficou dentro do esperado?
Foi muito positivo em vários aspectos. Conversando com empresários, muitos comentaram que nesta edição eles venderam mais do que na anterior. Em muitos stands, os empresários estavam muito satisfeitos com as vendas. Outro ponto importante foi a comemoração dos 10 anos do Minas Trend, que teve uma mídia muito forte e essa divulgação aumentou a visibilidade da feira e, mais do que isto, se refletiu em negócios. Os empresários ficaram satisfeitos porque venderam bem. Nós não temos um balanço ainda com os números, mas tínhamos uma previsão de venda de 30 milhões de reais. Não sabemos ainda se batemos esse valor.
Pela movimentação e entusiasmo dos empresários, o senhor arriscaria dizer que ultrapassou esse valor?
Essa previsão de 30 milhões de reais já é um valor muito interessante para uma feira. O que é importante é que vários empresários comentaram que as vendas foram maiores do que o ano anterior, muitos venderam em média 60% da produção do ano, o que acontece normalmente nas duas edições da feira, o que demonstra a importância da Minas Trend hoje para a indústria de moda mineira.
As vendas indicam que a crise acabou para o setor?
Não, ainda não, porque o setor de confecção, o vestuário vive muito do consumo. Com 13 milhões de desempregados no país, ainda tem uma retração do poder de compra das pessoas. Eu diria que o pior ainda não passou, porém o que nós observamos é que alguns setores, que trabalham mais com produtos com menor valor agregado, estão sofrendo mais do que os produtos que foram expostos no Minas Trend, que são produtos com maior valor agregado. Quando nós pegamos os números do setor, nós estamos falando dos números de todos os segmentos por isso que, em função do poder de compra está menor. A grande solução para o mercado em um momento como este, é fazer produtos com maior valor agregado e foi isso que o Minas Trend conseguiu mostrar, ao apresentar empresas que têm realmente um diferencial competitivo, que tem um design arrojado, criatividade. E isso não falta no mercado. Para esse segmento do mercado, eu diria que não temos crise. Eles realmente conseguiram vender bem.
Os empresários estão mais confiantes?
Outro aspecto importante que nós observamos é que o índice de confiança da indústria melhorou e ao melhorar, ela volta a investir. Quando passa de 50% o índice de confiança o empresário volta a manifestar vontade de investir, isso também se reflete em nosso segmento. O índice de confiança do setor chega a 52% no país e com isso, começa aquela sensação de que já dá para investir, porque se tem a sensação de que o pior já passou. Com essa perspectiva, o empresário começa a investir e com isso a economia começa a girar de uma maneira melhor. A grande solução para uma recuperação econômica é o governo investir em obras de infraestrutura para agilizar a retomada da economia e facilitar o escoamento da produção.
As reformas propostas pelo governo também podem impulsionar o setor?
Sim, porque, na verdade, o mercado, a economia, clamam por mudanças, por adequação da legislação à realidade atual. Às vezes tem mudanças que agradam mais a um setor do que outro, mas é importante o país trabalhar para fazer essas reformas e os ajustes necessários. De qualquer forma isso tem um reflexo positivo e o empresário fica mais confiante para investir.
Os empresários saíram do Minas Trend com uma expectativa melhor de Brasil?
Os da feira, com certeza, até mesmo pela performance que tiveram e fizeram de negócios. Como eles trabalham com pedidos, eles saíram com a produção para os próximos meses. Nós ouvimos isso de muitos empresários e é importante registrar, como Sindivest MG, como presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Minas Gerais, o quanto tem sido importante o apoio da Fiemg na gestão do presidente Olavo Machado ao nosso setor, que tem sido fundamental para que nós consigamos ter esse reflexo positivo.
Esse foi um dos setores mais afetados pela crise. O que ainda falta para melhorar de vez?
Esse é um dos setores mais afetados e vale lembrar que é um dos maiores empregadores do país. Qualquer reflexo negativo nós estaremos falando de muitos empregos perdidos. A questão da distribuição de renda no país diminuiu e com isso o consumo de vestuário também diminuiu. Mas a nossa expectativa é a de que reduza um pouco o desemprego e aí volta a girar a economia e o poder de compra e o setor, sem dúvida, será beneficiado.