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Roberto Brant: agronegócio e sustentabilidade na pauta da CNA

Paulo César de Oliveira
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roberto Brant

O agronegócio tem um papel importante no Produto Interno Brasileiro. No primeiro trimestre deste ano a economia brasileira cresceu 1,4%, puxada pela alta de 12,2% da produção agropecuária. O presidente do Instituto CNA (Confederação Nacional da Agricultura), o ex-ministro Roberto Brant (foto/reprodução internet), ressalta a importância do setor, que aguarda uma resposta positiva da União Europeia em relação ao Mercosul, como consequência das medidas tomadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O agronegócio também está preparado para os debates que serão realizados na Cop30 em Belém, quando o setor pretende mostrar os avanços em sustentabilidade que tem feito no país. 

Nessa viagem do presidente Lula à França e dessa amizade do presidente Lula com Emmanuel Macron pode sair a solução para o Mercosul e a União Europeia?

Primeiro, essa coisa de diplomacia presidencial tem seus limites, porque o Macron coloca esses obstáculos para a conclusão do acordo, não é por uma posição dele pessoal. É pela pressão dos agricultores franceses, que são muito pouco competitivos, sobrevivem à custa de muitos subsídios e tem pavor de enfrentar o Mercosul, que é o Brasil e a Argentina principalmente, além do Paraguai e o Uruguai. O charme do Lula, se é que ele tem algum, não é capaz de demover o Macron, porque ele está respondendo a uma situação política concreta na política interna da França. Agora, eu acho que, apesar dessa rejeição, dessa resistência dele, o acordo vai acabar se concluindo, pela circunstância criada pela hostilidade do presidente Donald Trump à União Europeia. A União Europeia está vivendo um novo momento, uma hostilidade aberta em todos os setores, da segurança a economia e ao comércio. Então ela está se reposicionando em relação ao resto do mundo, até da China. A União Europeia tem atritos comerciais importantes com a China, que está competindo com eles em vários ramos, como na indústria de bens de capital e na indústria automobilística, que são indústrias fortes na Alemanha, França e Itália. Mas eu acho que esse acordo vai evoluir favoravelmente por causa dessas circunstâncias nacionais. A União Europeia está procurando fazer novas alianças, reposicionando suas alianças mesmo. Se a União Europeia não se aproximar da América Latina, ela vai ficar mais isolada, vendo a China estreitar muitos laços, seja com o Brasil, seja com a Argentina. São laços econômicos principalmente. 

O presidente Lula tem uma relação difícil com o agronegócio, não é? 

É o PT que tem. Não é ele pessoalmente. Eles têm aquele ranço do esquerdismo que acompanha o PT a sua vida inteira. E o PT não se modernizou, não se atualizou, não compreendeu as mudanças da história. Isso é histórico. Embora não se possa dizer concretamente que ele tenha prejudicado o agronegócio. É mais uma briga cultural, porque na verdade, o agronegócio continua crescendo, continua aumentando suas exportações. Ele quando pode e o governo dele quando pode, não prejudicam as nossas relações comerciais com o mundo. Quando pode, ajuda. Na verdade, eu não vejo do ponto de vista concreto algum problema. Eles têm esse ranço aí, que vem do MST, da pauta de reforma agrária. Isso é mais é devido à clientela política do PT. O PT de um modo geral, está perdendo muito diálogo com a sociedade brasileira. Lula está voltando para os seus núcleos tradicionais.

 E isso pode impactar na tentativa de um quarto mandato? 

Eu acho que sim. Eu acho que até as pesquisas estão mostrando isso. Eles estão ficando restritos aquela porcentagem que eles sempre tiveram, já muitos a mais de 30 anos, 30%, 32%. O desempenho do partido nas eleições de 2024 foi catastrófico. Não elegeram ninguém em lugar nenhum. Eles quase que não têm prefeituras, nem Minas, nem São Paulo, nem no Rio. Eu acho que isto prejudica. Agora, do ponto de vista do agro, eu acho que há má vontade, mas não há um prejuízo objetivo. Não ajuda, mas não atrapalha. 

O agronegócio vai ser um dos temas discutidos na Cop 30. O setor está preparado para o que vem aí? 

Estamos, quer dizer, esse conflito de meio ambiente e agricultura é uma loucura inventada pelo ativismo ambiental. Na verdade, se tem um setor econômico que depende do meio ambiente é a agricultura e a pecuária. A indústria, os serviços a vida urbana, elas são impactadas indiretamente pela mudança climática, mas a atividade agrícola é impactada diretamente. O brasileiro tem convertido em uma numa atividade cada vez mais sustentável. Mesmo porque, tem uma legislação moderna, que o agro apoiou, que é o Código Florestal. Para se ter uma ideia, o PT e o Partido Verde, a Marina Silva, foram contra o Código Florestal. Eles fizeram tudo para ele não ser aprovado. Quando ele foi aprovado, eles entraram no Supremo questionando a maioria dos seus dispositivos, com ações de inconstitucionalidade. O Supremo, depois de 2 ou 3 anos de estudo, acabou confirmando quase todo o código. A legislação ambiental brasileira foi apoiada desde o início pelo agro e foi combatida pelo movimento ambientalista. O movimento ambientalista ficou muito radical, e a verdade é que ele está perdendo politicamente no mundo. Tem de partir para o diálogo, porque a questão do meio ambiente é universal e agora com a cruzada anti ambientalista dos Estados Unidos. hora do resto do mundo se unir em torno dos objetivos ambientais, sem discriminação, com diálogo franco, aberto e tolerante. Ninguém é dono do ambiente. Certos setores do meio ambiente se consideram donos do meio ambiente. Só eles é que podem dizer o que está certo, o que está errado. Daí vem esse conflito absurdo. O agro vai participar da Cop. Vai levar sua opinião e o agro torce para que o mundo inteiro adote políticas de sustentabilidade. A Marina é uma pessoa isolada até no próprio governo Lula. Ninguém sai em defesa dela, porque ela fica fixada nos velhos dogmas do ambientalismo. Não vê o mundo mudar. Para que as coisas mudem, é preciso ação política, não basta discurso. Discurso para essas pessoas ficarem bem, não resolve nada.

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