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Uma mulher pode assumir o Tribunal de Justiça de Minas

Paulo César de Oliveira
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Em campanha para a presidência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o segundo maior do país, a desembargadora Mariangela Meyer (foto) pode fazer história. Os magistrados mineiros podem fazer dela a primeira mulher a presidir o TJMG, um espaço que tem sido ocupado por homens. A seu favor, além da trajetória na magistratura mineira, a desembargadora foi responsável pelo acordo milionário envolvendo o estado e os municípios, que deu projeção nacional à Justiça mineira. Houve a adesão de 745 dos 853 municípios mineiros ao acerto para o pagamento de parcelas referentes ao ICMS, ao IPVA e ao Fundeb, que deixaram de ser repassadas aos municípios no governo anterior.

A senhora está em campanha pela presidência do Tribunal de Justiça de Minas. Se vencer, será a primeira mulher a presidir o Tribunal?

A primeira candidata que colocou o seu nome para a disputa da presidência do Tribunal, realmente fui eu. Caso seja sagrada vencedora, serei a primeira mulher a ocupar o cargo em Minas.

Esse pode ser um momento importante para a magistratura mineira, um divisor de águas?

Acho que será mais uma conquista das mulheres, do espaço feminino, caso seja exitosa. Será um momento histórico, principalmente no Tribunal onde o universo masculino é bem maior do que o universo feminino. O universo feminino não chega a completar 20% dos desembargadores. A maioria realmente é formada por homens. Essa não é uma situação só em Minas, vemos poucas mulheres presidindo os tribunais, não é? Parece que são cinco tribunais que já são presididos por mulheres. Não sei se estaria incluindo o Rio Grande do Sul, cuja eleição aconteceu há pouco tempo. 

Como tem sido a aceitação dos desembargadores à candidatura da senhora?

Os colegas são extremamente gentis, extremamente educados e eles têm me recebido com uma fidalguia fora de série. Eles são receptivos, são agradáveis, eles mostram a possibilidade ou a simpatia pela candidatura da primeira mulher. Vários mostram isso e, a princípio, não estou sentindo uma rejeição ou algum tipo de preconceito. Ao contrário, estou sendo até surpreendida com aceitabilidade e com a receptividade.

A senhora está com um discurso de busca de ações inovadoras, um discurso diferente. Essas propostas têm agradado?

Eu diria que não tem condição de arriscar a uma candidatura desse nível, não tem condições alguém simplesmente entrar sem oferecer propostas, projetos e sem oferecer planos de ação. O eleitorado é um eleitorado muito elitizado, muito culto, muito exigente, que vai escolher entre os candidatos o que oferecer a melhor proposta, o que oferecer melhores condições, o que oferecer o perfil adequado para assumir a gestão do segundo maior tribunal do país. Isso é que é importante que se saiba: é administrar quase que uma cidade de pequeno porte. Há uma busca também quanto a vida e a trajetória do candidato. Sou uma pessoa que estou no poder Judiciário vai completar 42 anos. Entrei por concurso público em 1978 e venho caminhando nessa trajetória. Fui escrevente, fui escrivã e vim caminhando até que fizesse o concurso para a magistratura e na magistratura eu estou há 32 anos. No Tribunal de Justiça estou há mais de 10 anos, quase 11 anos. Tenho uma caminhada e isso tudo faz com que essa experiência, essa bagagem que a gente traz seja considerada, porque traz um certo conhecimento. Fora tudo isso, eu ainda tive a chance de ter sido eleita terceira vice-presidente do Tribunal na gestão passada e mostrei a minha capacidade de gestão, o meu potencial, a minha capacidade de inovação. Fiquei responsável pelo setor de conciliação e mediação do Tribunal e realizei, junto ao governo do estado, o primeiro acordo milionário, não só de Minas como do Brasil. No caso foi a administração pública estadual e os municípios. Isso elevou bastante o nome do Tribunal e o colocou em uma situação de destaque no cenário nacional. Nas minhas visitas eu tenho levado meu plano de gestão e sobre ele tenho conversado e passado para eles as ideias que eu tenho tido. Tenho ouvido os colegas também. Não é um plano que é individual, que é só pessoal não. Tenho colhido dos colegas sugestões e dito para eles que o que eu tenho em vista, é uma gestão de diálogo, compartilhada, que vai buscar as garantias, assegurar as garantias já conquistadas pelos magistrados e pelos servidores e, ainda, trazer melhorias de condições dentro do que for possível e dentro do que o orçamento permitir.

Que estrutura a senhora terá para trabalhar, caso seja eleita?

Hoje a estrutura do Tribunal melhorou bastante. Devido à pandemia, o Tribunal foi obrigado a correr com a informatização, com os sistemas dos processos eletrônicos. O tribunal fez um trabalho hercúleo para conseguir colocar os servidores e os magistrados em condições de trabalhar de home Office. As audiências acontecendo também de forma virtual. A área de informática, por mais que se diga que ela está atendendo, ainda é deficitária, precisa ser bastante melhorada, é preciso aquisição de tecnologia avançada, de softwares e de programas que melhorem as condições e tenha uma celeridade maior, que não caiam tanto. Todo esse suporte tecnológico precisa ser melhorado, precisa ser atualizado para oferecer melhores condições de trabalho tanto para os servidores como para os magistrados. (Foto reprodução internet)

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