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Doze hotéis já foram fechados em BH. Olimpíada não ajuda a melhorar crise no setor

A crise econômica tem atingido fortemente o setor hoteleiro em Belo Horizonte desde a Copa do Mundo de 2014. Para o evento esportivo houve um investimento muito alto, com aumento de 75% na oferta de hospedagem. Mas veio a crise econômica, que jogou por terra boa parte desse investimento. Desde a Copa, 12 hotéis fecharam as portas e a taxa de ocupação mantém-se baixa. A realização de alguns jogos olímpicos não chegou a alterar a demanda desta época, que costuma ser maior, segundo a presidente da Associação da Indústria de Hotéis em Minas, Patrícia Coutinho (foto). Mas o setor está se movimentando, junto com outras empresas ligadas a indústria do turismo para atrair e aumentar a permanência das pessoas na cidade, com o retorno do programa “BH mais um dia”, que está sendo reformatado para oferecer produtos e descontos que atraiam o turista.

 

A realização de alguns dos jogos de futebol das Olimpíadas Rio 2016 movimentaram o setor hoteleiro?

O impacto foi igual a qualquer outro evento na cidade. Houve um aumento, mas essa é a nossa alta temporada. Em junho, julho e agosto a hotelaria em Belo Horizonte tem sempre uma boa ocupação. No ano passado, no mesmo período, nós tivemos também um leve aumento. Mas nós não tínhamos grande expectativa em relação as Olimpíadas, até devido ao número de jogos e mesmo pela qualidade dos jogos, nesse início. Agora teremos até uma quarta de final, aí, talvez melhore. Nós tivemos um impacto somente nos hotéis que receberam as delegações. Nos demais, não tivemos hóspedes que vieram especificamente para assistir as partidas da Olimpíada.

 

Pelo menos 12 hotéis fecharam as portas devido a crie econômica. Como o setor está reagindo para evitar mais estragos?

Nós tivemos fechamento de hotéis sim. O mercado está se adequando a nova realidade, devido aos altos custos operacionais e à redução dos negócios, porque, querendo ou não, muitas empresas mineiras fecharam. Nós esperamos que com o reaquecimento da economia tenhamos uma situação melhor. Nós também estamos trabalhando para trazer produtos que façam com que as pessoas venham a Belo Horizonte, queiram conhecer a cidade e fiquem mais tempo.

 

Houve um excesso de investimentos na Copa do Mundo de 2014, uma euforia que não se sustentou após os jogos?

Sim. Por ter sido um grande evento esportivo e turístico em Belo Horizonte, era tudo uma novidade muito grande para todos os setores. Acho que, criou-se uma expectativa, que se mostrou exagerada. Mas o legado para a hotelaria para a Copa do Mundo foi que a lei que estimulou a construção de hotéis não impôs um limite no número de quartos que seriam construídos em Belo Horizonte. Deveria ter sido limitado o número de UHs, como nós falamos, que é o número de Unidade Habitacional.

 

Com isso, tem quarto demais e hóspede de menos?

É isso. Nós tivemos um aumento de mais de 75% no número de quartos e é claro que isso afeta o mercado. Aliado a disso, nós tivemos aumento expressivo de água e luz. Nós tivemos uma crise hídrica recente, tivemos a inflação. Estamos com vários setores apertando o sinto e com a hotelaria também. Mas o que mais dói em relação a hotelaria é que os investimentos para se construir um hotel são altíssimos. O fechamento de um hotel significa uma perda muito grande. Nós tivemos 12 hotéis fechados da Copa do Mundo para cá.

 

A questão política, com a mudança no governo afetou o turismo, com consequências para a hotelaria?

Todos os órgãos públicos estão muito fragilizados porque a arrecadação caiu muito. Na verdade, o que estava em encaminhamento da política de turismo continua, mas o que mais prejudica o turismo é a mudança constante das autoridades que estão à frente em todos os níveis, municipal, estadual e federal e essa situação gera instabilidade. Nós tivemos várias mudanças de ministro do Turismo, no estado, na Belotur. Entendemos que a crise é macro, que afeta vários setores, mas a hotelaria é a base do turismo.

 

Qual a expectativa em relação ao governo Temer?
Sou brasileira, a expectativa é a de que ele faça um bom governo.

 

O setor está se mobilizando para tentar trazer eventos para Belo Horizonte. O que está sendo pensado neste sentido?

O fato da Pampulha ter sido considerada Patrimônio Cultural da Humanidade, colabora para a promoção da cidade e estamos tendo uma boa interação com várias entidades pensando em como atrair turistas para conhecer a cidade. Nós estivemos reunidos com várias entidades e estamos querendo relançar vários produtos que deram certo no passado, para incentivar as pessoas a ficarem mais tempo na cidade. Estamos trabalhando para relançar o “BH mais um dia”.

 

O que seria oferecido ao turista?

Estou contando em primeira mão. Nós estamos tentando trazer descontos aliados a hotelaria, restaurantes, com a cultura e agentes de viagens para fazer com que a pessoa que venha a Belo Horizonte fique um dia a mais para aproveitar os serviços que a capital mineira tem a oferecer.

 

Quando a campanha começa?

Nós teremos uma nova reunião nesta semana para formatar e dar corpo a esta proposta. O que posso adiantar é que será um trabalho em cooperação entre agências de viagem, restaurantes, hotéis e o setor cultural. Será um programa mais ou menos parecido com o que já existe em outras cidades, como em São Paulo, onde as pessoas podem utilizar vouchers, descontos e promoções. Se uma pessoa vier participar de um congresso e ficar um dia a mais, ela ganhará descontos em vários produtos, inclusive no hotel.

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