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Blog do PCO

Caridade e consciência

Louvável, muito louvável a atitude humanitária de muitos que se dispõem a agir, contribuindo para amenizar a dor e a fome dos milhares de brasileiros que vivem pelas ruas, formando o grupo dos sem tetos que, a cada dia, ganha novos membros. Mas apenas o espírito de caridade, dos que acredito ser a maioria, embora muitos colaborem apenas para aplacar a consciência, não vai resolver o problema. Em Belo Horizonte eles já são perto de nove mil, número superior aos habitantes- com casas- de pouco mais de quatrocentos municípios mineiros. Mas este é um fenômeno nacional. Em São Paulo um prefeito- que gosta de se mostrar apoiador do presidente Bolsonaro- expulsou da cidade dezenas de sem-teto. Simplesmente os colocou em um veículo e os despejou na cidade vizinha. Atitude não apenas desumana. Atitude nojenta. Mas infelizmente não muito diferente da indiferença. Não ter onde morar não é o maior problema da maioria dos sem-teto. Isto é consequência, pré ou pós a perda da motivação de vida, nem sempre por razões econômicas. É uma questão complexa que a sociedade precisa discutir e enfrentar. Que os governos, em todos os níveis, precisam tratar com seriedade, sabendo de antemão que apenas distribuir barraquinhas coloridas para os que dormem ao relento, vai solucionar. Não culpem apenas a pandemia pelo aumento do número de excluídos. Nem pensem que um boom econômico, que alguns já insistem em ver, vai resolver este drama pessoal. Quem chega a ir para as ruas perdeu muito de seu entusiasmo pela vida. Suas referências de vida. Se transformou – nem sei como a ciência os trata – num doente social que necessita de cuidados, antes que sejam arrebanhados pelo crime ou pelos oportunistas com o dom da palavra. Este é um alerta à sociedade que precisa ter a consciência de que quem vive na chamada situação de rua, precisa sim, e muito, de comida, agasalho, atendimento médico. Mas precisa de muito mais para voltar a viver. (Foto reprodução internet)   

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