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Redes sociais, rota de fuga de quem não quer ou não sabe explicar

Nossos governantes, em todos os níveis andam se comunicando muito mal com os cidadãos. Sob o pretexto de falar diretamente com o povo, tentam transformar as redes sociais nas Ágoras modernas, esquecendo-se, claro, propositadamente, que as praças na Grécia antiga, eram locais de encontro com a sociedade para debates. Usam as redes não com o objetivo de se comunicar diretamente com o povo, no que tentam chamar de nova política, de democracia direta, mas de evitar entrevistas, fugindo de questionamentos. Para nossas autoridades, Bolsonaro e Zema são mestres nisto, as redes sociais são megafones de circos mambembes que se limitam a comunicar os horários dos espetáculos, evitando seu conteúdo. E não será agindo assim que vão conseguir governar. Não será assim, com certeza, que terão ao seu lado a população contra o que chamam de “velha política” que nada mais é do que o diálogo, a negociação com o quem, pelo menos na teoria do regime democrático, a representação da sociedade. Desconhecer o Parlamento, tentar impor suas vontades satanizando a política, se isolando nas torres do Poder, só dificulta a missão de promover as reformas. Querem um exemplo? A reforma da Previdência. Necessária, fundamental para a economia do país, ela vai se arrastando e o governo Bolsonaro não consegue se comunicar com o cidadão. Explicar que ela terá que ser feita, mesmo prejudicando interesses pessoais e de grupos. O pouco que, até aqui, a reforma rastejou – sim, porque ela não andou- não foi por ações do governo, mas empresários, que têm agido por conta própria, procurando parlamentares para conversar, convencer. Não é tarefa fácil. Não se esqueçam de que políticos vivem de votos e a reforma da Previdência, mesmo que indispensável, inadiável, imprescindível e outras coisas mais, é impopular e, como tal, pode tirar votos. Reformas exigem líderes. Líderes são pessoas capazes de influenciar pensamento e comportamento de outras pessoas. Mas para isto têm que se comunicar. E comunicação exige ouvir também. Nossos governantes andam confundido “comunicar-se com” – ATENÇÃO não é .com – com “comunicar a alguém”. Pelas redes, apenas comunicam algo. Não explicam, fogem de questionamentos. Experimentem outras formas. Quem sabe métodos mais tradicionais, como entrevistas coletivas. Criticar a imprensa como meio de evitar questionamentos é estratégia antiga, própria dos que querem esconder, ou não esclarecer, algo. Para estes, os jornalistas são mesmo incômodos. Afinal, têm a curiosidade média do cidadão. São curiosos profissionais. Nada mais do que isto.

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