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Blog do PCO

A crise existe. E o preço para sua solução sobe a cada dia

Já não há como tratar com desdém, como se fosse um problema menor, as denúncias contra o filho do presidente, Flávio Bolsonaro, acusado de receber em sua conta bancária dinheiro de origem duvidosa. Foi por ter sido tratado pelo presidente, por seus filhos, por auxiliares e bajuladores como uma questão menor, coisa armada para atingir o governo, que o assunto tomou a dimensão que tem hoje e que, não duvidem, será maior amanhã. Tivesse o presidente pressionado o seu filho para que as informações cobradas, dele e de seu ex assessor Fabrício Queiroz, fossem dadas, e o assunto estaria sob controle. Ao contrário, protegeram Queiroz criando a suspeita de que o faziam para evitar mal maior com a sua fala. Desde então o assunto só vem se agravando. E instalando uma crise política na medida em que mina a credibilidade não de um Bolsonaro senador, mas do presidente da República, que fez toda sua campanha falando em combater a corrupção. O Jair não foi eleito por causa de uma proposta de governo. Conquistou a maioria dos votos por seu passado de militar das Forças Armadas, o que fascina o brasileiro. O povo o escolheu por ver nele, em função de seu passado, alguém capaz de enfrentar a bandidagem e a corrupção que o PT, no imaginário popular, com muita razão, protegia. O Jair Bolsonaro, pelo seu silêncio e pela forma irônica que vem tratando a questão que envolve o seu filho, está gastando mal seu capital político de alta volatilidade, como é tudo aquilo baseado unicamente na esperança. O presidente ainda não fez nada – o tempo de governo ainda é pouco para cobranças – para ter a confiança. É apenas depositário da esperança popular e não pode frustrar este sentimento. Terá que transformar em confiança a esperança, se quiser mesmo realizar as reformas que tem anunciado que fará. E elas vão ficando cada dia mais difíceis e distantes. É que o preço do apoio político sobe a cada escândalo. Bolsonaro, pelos seus vinte e sete anos na Câmara Federal, sabe disto: em política, como de resto em todas as atividades, não existe almoço de graça. Ele sabe que os apoios que ele e seus filhos recebem, através de declarações que minimizam os fatos que em breve “serão jornal de ontem”, como diz o presidente do PSL, não são gratuitos. Têm um preço, que será cobrado no momento certo. O governo vira refém a cada declaração de apoio, venha de onde vier, e a fatura, não tenham dúvidas, será entregue ao povo para pagamento. Bolsonaro, se não quiser ver seu governo acabar logo, precisa fazer algo. O que, não sei Só sei que terá que ser uma solução política. De muito a crise deixou de ser familiar para ser política.

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