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Manifestações, mesmo menores, assustaram o governo

Paulo César de Oliveira
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A presidente Dilma reuniu-se ontem (16), ao final da tarde, no Palácio da Alvorada, com os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Defesa, Jaques Wagner, além de Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação Social, para analisar as manifestações de ontem em todos os estados e no Distrito Federal. Apenas a população de Rondônia não se manifestou. A única informação oficial sobre o encontro veio em nota de uma linha, assinada por Edinho Silva: o governo considerou que as manifestações ocorreram dentro da normalidade. O comunicado lacônico não refletiu, no entanto, o estado de ânimo dos participantes do encontro. Segundo assessores de alguns ministros, o que mais assustou o governo foi o fechamento do foco das manifestações que, ao contrário das anteriores, foi bem definido. Enquanto nas duas mobilizações deste ano os protestos foram difusos, ontem ele foi bem definido: contra a presidente Dilma, o ex-presidente Lula, o PT e a corrupção em todo o país. Mesmo comemorando uma menor participação popular – a estimativa é de que menos de um milhão de pessoas estiveram nas ruas- o governo considera que um foco mais específico é politicamente mais perigoso. Em Belo Horizonte, durante as manifestações começou a coleta de assinatura para um projeto de iniciativa popular, organizado pela maçonaria, que visa criar mecanismo que assegurem maior agilidade do Estado no combate à corrupção. “A Corrupção Nunca Mais” tenta atingir um por cento do eleitorado para se viabilizar legalmente. Outro fato que preocupa o governo é o trânsito de parlamentares da oposição nas manifestações, o que não ocorreu nas duas anteriores, quando os próprios organizadores evitaram a partidarização dos movimentos. Ontem o senador Aécio Neves participou da manifestação em Belo Horizonte criticando o governo, mas tomando o cuidado de avisar que falava como cidadão, não como presidente do PSDB. Além de Dilma e Lula, personagem das maiorias das críticas contidas em faixas e cartazes, o senador Renan Calheiros e o deputado Eduardo Cunha também foram hostilizados. Em São Paulo manifestantes carregavam uma faixa agressiva contra a presidente: “Dilma, decida-se entre Getúlio e Jânio”, sugeria o manifestante. Em Brasília quem fez sucesso foi um enorme boneco de Lula vestido de presidiário. O novo herói dos manifestantes foi o juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, saudado em vários cartazes e faixas. Em São Paulo, enquanto 350 mil pessoas ocuparam as ruas para protestar contra o governo, o Instituto Lula organizou uma reunião defronte sua sede, com a presença estimada, pela Polícia Militar, de 1500 pessoas que se manifestaram “a favor da democracia e contra a intolerância”. Os desdobramentos do domingo de manifestação virão esta semana.

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