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Blog do PCO

Melhor fariam se resolvessem vestir o pijama

Vou resistir à tentação de comentar as últimas decisões do Supremo, evitando entrar em seara que não conheço. Poderia criticar as decisões de soltar presos, de impedir privatizações, de autorizar benefícios com base no que não considero justo. Mas há sempre o legal a nortear os senhores magistrados, embora nem sempre o legal e o justo andem juntos. Sou um seguidor dos bons conselhos e me lembro, sempre que necessário, do que diz que “não vá o sapateiro além das sandálias”. Ou seja, não avance em comentários sobre aquilo que não conhece. Fujo desta tentação. Mas não é apenas isto, o apegar à letra fria da lei, fugindo de sua interpretação ou interpretando-a de acordo com interesses pouco republicanos, que tem causado indignação em todos nós. É também irritante ver o comportamento pessoal de nossos ministros. Agem como um bando de colegiais vaidosos que falam pelos cotovelos. Não se respeitam e trazem ao debate público, de forma desrespeitosa com os companheiros, questões que, se discutidas, deveriam ser internamente. Divergências entre pares são normais, tanto nas questões técnicas quanto na comportamental, mas pessoas com a responsabilidade de decisões finais deveriam ser, no mínimo, mais educadas com os companheiros. Mais éticas em seus comportamentos. Ter a consciência de que uma decisão judicial, que não é para ser discutida, mas cumprida, não pode ser contaminada por qualquer suspeita. No mínimo quem a profere, ou participe da discussão, não pode estar sob suspeita de estar agindo por interesses pessoais, em pagamento de algum favor ou por amizade e gratidão. Quando decisões judiciais, notadamente da Corte maior, estão desacreditadas, é sinal de que é chegada a hora de mudanças. Seja de ordem legal, com alterações das regras de escolhas de membros dos Tribunais Superiores, seja de foro íntimo, com o reconhecimento de que é hora de sair. Deixar de lado a vaidade, os pequenos privilégios de ser, e vestir o pijama para curtir a aposentadoria. A população saberá agradecer pelos trabalhos prestados e o mercado saberá receber de braços abertos um novo consultor. Pensem. A hora é grave. E por ser grave o momento é preciso responsabilidade. Não vamos mudar o país com molecagens, com tentativas de desmoralizar instituições para vitimizar falsos ídolos. Criar tumultos não favorece o processo de mudanças e pode levar a radicalizações inconsequentes. As pesquisas eleitorais mostram que o brasileiro está absolutamente cansado de toda esta situação. O cansaço, a descrença, leva ao vácuo de lideranças. Em política, no entanto, não existe cadeira vaga. Se não se tem líder, o falso líder vai se sentar. Ocupar o espaço de forma demagógica, com o velho discurso populista tão ao gosto dos latino americanos. Estamos muito próximos das eleições e nossas perspectivas não são nada boas. Aliás, são péssimas. As opções que estão nas ruas não são animadoras. A que querem colocar, pelo que representará de divisão do país, pior ainda.

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