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Mudança da embaixada brasileira para Jerusalém é decisão com fundo religioso e Bolsonaro “é macho” para cumprir o anunciado

A transferência da embaixada brasileira em Israel, de Telaviv para Jerusalém não tem apenas razões políticas. Há fortes razões religiosas, daí o apoio integral de lideranças evangélicas à decisão do presidente Bolsonaro. O pastor Silas Malafaia, um dos primeiros aliados à candidatura de Bolsonaro, em entrevista à BBC Brasil, disse que a mudança será paulatina, estratégia que teria sido revelada a ele pelo próprio presidente. O evangélico disse não temer retaliações dos países árabes e chegou a ironizar esta possibilidade, afirmando que eles não teriam outro mercado de onde importar os produtos que compram no Brasil. Malafaia (foto) afirmou ainda que o presidente está determinado a fazer a mudança e que ele é suficientemente “macho” para não recuar de sua decisão. Aqui alguns trechos da entrevista à BBC Brasil.

 

“O Bolsonaro falou comigo sobre isso recentemente. Não foi o João ou o Manoel que me disse isso, foi o presidente. Ele falou, “olha, Silas, eu vou fazer essa mudança paulatinamente. Não vou fazer de uma vez porque não tem necessidade e nem tem pressa. O Donald Trump levou nove meses para transferir a embaixada, não vou ser eu que vou fazer em cem dias”. Ele me falou: “Eu vou fazer (a mudança da embaixada) porque essa é a verdade. Aquilo lá é a capital eterna e indivisível desses caras”. Jerusalém nunca foi capital de Estado árabe na História. Foi fundada pelo rei Davi 3 mil anos atrás. É a soberania de uma nação (Israel). Não somos nós que temos que dizer onde eles têm que colocar sua capital.E vocês vejam o que Bolsonaro fez lá e que ninguém faz, indo com o primeiro-ministro (de Israel, Benjamin Netanyahu) visitar o Muro das Lamentações. Vejam a ousadia do camarada”.

 

BBC News Brasil – O senhor acredita que não houve um recuo?

Malafaia – Não tem recuo nenhum. Ele falou para mim que vai fazer por etapas. Ele não está abrindo o escritório dizendo que esta é a decisão final. Ele vai fazer paulatinamente. Se você analisar a personalidade do Bolsonaro, vai ver que aquilo em que ele crê ideologicamente ninguém tira desse cara. Ele pode fazer recuos estratégicos por causa de política de governo, ok. Agora, aquilo que faz parte da convicção dele… Aí, minha filha… Pode escrever aí que o pastor Silas está fazendo uma aposta. Quem disser que Bolsonaro está arregando ou dando um passo atrás abrindo esse escritório vai passar vergonha no futuro.

 

BBC News Brasil – Mas a mudança significaria uma ruptura do Brasil com a postura neutra adotada pela comunidade internacional no Oriente Médio, e poderia gerar atrito com países árabes.

Malafaia – Que atrito? Eles vão deixar de comprar o quê, por acaso?

 

BBC News Brasil – Os países árabes têm parcerias importantes com o agronegócio brasileiro. Importam açúcar, carne, milho…

Malafaia – Mas aí vão comprar de quem? Vão comprar onde? Vão retaliar o quê? Para mim, isso tudo é papo. Isso tudo faz parte do jogo político. O Brasil é independente e soberano. Não vamos ser subservientes. Não é o Brasil nem ninguém de fora que define a capital de um Estado soberano. Israel é uma nação soberana e tem direito de escolher sua capital. Acho que o Bolsonaro reconhecer isso não é mais do que reconhecer aquilo a que o país tem direito. Acho que o Brasil não tem nada a perder, e não vai perder (se mudasse a capital para Jerusalém). Não estou nem falando de um viés espiritual sobre Israel, que é a nossa crença, e sim na soberania de um Estado escolher sua capital. E na soberania de uma nação (o Brasil) de escolher se reconhece ou não. Quem é que obedece a toda resolução da ONU? Quem diz amém para tudo que a ONU fala? Eu não conheço. Para fazer isso (mudar a capital), tem que ter peito, tem que ser audacioso. O Bolsonaro vai ter que ser macho para fazer. Eu acho que ele é. Não estou falando de masculinidade. Estou falando de ser corajoso. O que marca uma liderança é a coragem.

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