Logo
Blog do PCO

Os professores de javanês

O governo Bolsonaro está cheio de “Senhor Castelo”, aquele personagem do conto “O homem que sabia javanês”, de Lima Barreto que, por estar em dificuldades financeiras, devendo até a pensão onde morava, resolveu atender um anúncio de jornal e ser professor de javanês. Assim como muitos do atual governo, gente graúda inclusive, não sabia nada do que se dispunha a fazer, mas, esperto, imaginou que poucos saberiam e, por isso, bastava aprender três ou quatro palavra e conseguiria o emprego. Depois era só ir estudando um pouco para melhorar a performance. Assim pensou, assim fez, e chegou até ser homenageado no exterior. É isto. Temos um bando de professores de javanês em todos os poderes, gente selecionada até por empresas de recrutamento de pessoal, naturalmente comandadas por catedráticos em javanês. Outra não pode ser a explicação para tanta trapalhada. Para sermos justos, não apenas no governo Bolsonaro, mas também no Legislativo e no Judiciário em nos diferentes níveis de poder. Votamos para progredir e estamos regredindo. Votamos para crescer e estamos encolhendo. Na melhor das hipóteses, nossa economia estará em depressão, mas com bons sinais de recessão. Dizer que vamos crescer na velocidade do átomo quando fizermos a reforma da Previdência é blefar, bem sabe o ministro Paulo Guedes (foto), o único que, no governo federal, sabe realmente o javanês embora tenha ainda enorme dificuldade de pronunciá-lo politicamente. A reforma, absolutamente necessária, é apenas um passo para restabelecer a confiança dos investidores e, a partir daí, fazer com que retomem os investimentos que, sabem todos, têm tempo de maturação. A reforma, como querem fazer crer os javaneses, não trará também economia imediata ao governo, dando-lhe condições de oferecer o paraíso. Não, a economia virá a médio prazo e, por enquanto, o governo continuará quebrado. Só reduzirá a velocidade da queda no buraco. Daí a importância das reformas serem feitas rapidamente. É para conter a sangria. Mas para conseguir isto, o governo terá que voltar a falar português. Legislativo e Judiciário também. Mesmo que um português capenga. O problema é que nossas excelências, na ânsia do poder, garantiram ao povo que falavam o javanês. Não aprenderem o javanês e esqueceram o português.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *