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Tiririca estava errado

“Pior do que tá, não fica”, era o bordão da campanha para deputado federal do Palhaço Tiririca, em São Paulo, nas eleições de 2010. Tiririca foi o mais votado, mas nem por isso, estava certo em sua avaliação. Ao contrário, errou e errou feio. De lá para cá piorou, e piorou muito. Nossa representação política nunca esteve em nível tão rasteiro. Nossos governantes – para fazer justiça em todos os níveis- nunca foram tão fracos. Enfim, nossas instituições estão num nível de fazer corar de vergonha frade de pedra. Como se não bastasse, olhando à volta, não se enxerga perspectiva de melhora. Dizem que são bons os níveis da economia, mas em contrapartida, são desanimadores os sinais que envolvem os três Poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, este reduzido à sua condição de “Geni”, alvo de todos os tipos de crítica e acusações. Não é bom para a democracia quando sua mais alta Corte se transforma em protagonista político, quando entra na mira dos críticos mais ferozes, normalmente apaixonados em defesa de seus interesses, materiais ou ideológicos, que não medem o que falam, que acusam com o único propósito de desmoralizar. Vivemos esta fase. Cuidamos de desmoralizar nossa instância final que, somos obrigados a reconhecer, tem também sua parcela de culpa por não ter, como diziam os antigos, “se dado ao respeito”. Talvez até por faltar a alguns de seus membros o “notório saber jurídico” exigido na Constituição para nomeações de ministros à Corte Suprema. Qualquer que seja a razão, é preciso reconhecer que um Judiciário desmoralizado é ruim para todos, inclusive para os que têm o prazer de achincalhar o Poder, muitas vezes sem o “notório saber jurídico” para fazê-lo. Mas nossos problemas não param por aí. Temos talvez o pior Legislativo de nossa história ou, de grande parte dela. Seria injusto se disséssemos isto apenas da Câmara e do Senado. Pelo que se vê e se ouve, o baixo nível é também nas Assembleias e Câmaras Municipais. Não se pode admitir parlamentares que não têm um mínimo de compostura, de ética e de capacidade de dialogar na busca de consensos. Discordar, até com certa veemência, é parte das relações humanas e da atividade política, mas não é isto que temos visto. O que assistimos quase diariamente não é a discordância, é mais a agressividade despudorada de quem não tem preparo emocional para o debate, preparo intelectual para a defesa de pontos de vista, que usa a agressividade – em alguns casos até mesmo a física- para se impor. Gente que se elegeu com um discurso de justiceiro que pode agradar ao eleitor despreparado, mas que faz muito mal ao país. Não é de gente assim que precisamos agora. Os Executivos com todos os seus defeitos – que não são poucos nem tão diferentes dos outros Poderes, têm, pela ação de alguns de seus membros mais sensatos e técnicos, tentado promover reformas fundamentais para o país. Esbarram, porém, no despreparo dos outros Poderes, e também de alguns membros de suas equipes (a maioria para ser sincero) o que tem retardado ou até mesmo impedido que objetivos sejam atingidos. Esta é a nossa realidade. É com ela que temos que conviver até que, democraticamente, consigamos alterá-la.

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