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Um condenado eleito mudou a legislação eleitoral britânica

Bobby Sands morreu em 5 de maio de 1981, mas seu nome é até hoje lembrado como símbolo da luta por autonomia da Irlanda do Norte, um dos países que formam o Reino Unido. Sua morte, aos 27 anos, resultado de uma greve de fome iniciada por ele e por nove outros companheiros de cela, gerou forte repercussão nacional e internacional, dividindo opiniões e acirrando tensões. Também acabou resultando em uma mudança nas leis eleitorais britânicas. Sands pertencia ao Exército Republicano Irlandês (IRA), grupo paramilitar católico que pretendia separar a Irlanda do Norte do Reino Unido e recorria a métodos extremistas, como explosões e emboscadas. O IRA foi desmantelado em 2005 após um acordo de paz. Estima-se que a luta armada tenha causado 3,5 mil mortes desde sua fundação, em 1919. Sua figura já era bastante conhecida no movimento, mas foi sua eleição de dentro da prisão – em meio à greve de fome que então durava dois meses, que provocou polêmica – fazendo com que o Reino Unido acabasse proibindo pessoas condenadas a penas superiores a um ano de se candidatarem a cargos políticos.

 

Eleito na prisão

Preso em 1977, em março de 1981, Sands começou uma greve de fome. Ele também decidiu que outros prisioneiros deveriam deixar de comer para que o protesto recebesse o maior destaque possível na imprensa. A greve de fome só terminaria caso fossem atendidas cinco exigências: 1) o direito dos presos a não usar uniforme, 2) o direito a não fazer trabalhos dentro da prisão, 3) o direito de livre associação com outros prisioneiros e de se organizar com fins recreacionais e educacionais, 4) o direito de uma visita, uma carta e uma encomenda por semana e 5) a restauração completa do “status especial” perdido durante a manifestação. Para Sands e outros membros do IRA presos, a greve de fome tinha como objetivo mostrar que eles eram prisioneiros políticos, e não criminosos comuns. Sendo assim, deveriam ser tratados de forma diferente. Logo após o início da greve, um parlamentar norte-irlandês morreu de ataque cardíaco repentinamente. Sua morte levou a eleições e foi vista como uma oportunidade pelos apoiadores de Sands para “aumentar a conscientização pública” sobre a prisão dele e de outros membros do IRA. De dentro da prisão, o nome de Sands acabou sendo lançado. Somou-se a essa iniciativa a declaração da então primeira-ministra do Reino Unido, Margaret Tatcher, ferrenha opositora da independência da Irlanda do Norte. Ela questionou: “como posso falar com eles (prisioneiros) se eles não têm apoio, não têm mandato?”. Sands acabou sendo eleito por uma margem apertada de votos. Apesar disso, Thatcher recusou-se a negociar e mudou a lei, de forma a impedir que qualquer outro prisioneiro com uma condenação superior a um ano de prisão pudesse se candidatar. Com informações da BBC Brasil. No entanto, pouco depois da eleição, Sands morreu no hospital da prisão. Ele estava em greve de fome havia 66 dias. No curso de sete meses, outros nove membros do IRA também teriam o mesmo fim.

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