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Cédulas ou urnas eletrônicas?

Nunca se falou tanto no processo eleitoral como agora. Derrotado nas eleições nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump tentou inviabilizar a vitória de seu adversário Joe Biden, sob a alegação de que a votação foi fraudada. O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, fiel seguidor de Trump, trilhou a mesma linha e estendeu as suas suspeitas ao sistema eleitoral brasileiro, o mesmo que o elegeu em 2018. Mesmo com o seu guru criticando as cédulas usadas nos Estados Unidos, é esse sistema que Bolsonaro quer que seja adotado no país. A proposta é considerada um retrocesso por praticamente todas as autoridades na área. O ex-ministro Carlos Veloso (foto), responsável pela implantação da urna eletrônica há 25 anos, quando presidente do TSE, lembra que na época houve a preocupação de que o sistema fosse inviolável e acessível a todas as pessoas. Pensou-se na época em uma máquina simples, de fácil manejo e barata. Ele lembra que o sistema eleitoral brasileiro é reverenciado no primeiro mundo e é considerado um dos melhores sistemas do mundo. Toda essa polêmica, no entanto, deixará marcas, principalmente na biografia de Donald Trump.

O presidente Donald Trump vai deixar marcas na democracia americana?

O presidente Donald Trump vai deixar uma marca muito triste. Uma marca que vai manchar o nome dele, a administração dele, porque ele tentou desmoralizar a democracia e o Estado Democrático norte americano, não respeitando a vontade das urnas e colocando suspeita sobre os resultados. De modo que ele deixará uma marca triste, sem dúvida nenhuma.

O sistema eleitoral americano é muito diferente do brasileiro. É um sistema onde pode ocorrer manipulação como acusa Donald Trump?

Não, não é. O Estado Federal norte americano é realmente diferente do brasileiro. Os Estados que compõe a federação norte americana têm uma autonomia muito grande, devido a sua formação. O Estado americano se formou a partir das 13 colônias, que se tornaram 13 Estados independentes. Esses estados independentes resolveram criar laços, resolveram se unir. Logo que aconteceu a independência americana, que as 13 colônias formaram 13 estados, elas estabeleceram laços confederativos. Mas, 10 anos depois, entenderam que precisavam reforçar esses laços e criaram a Federação, com 13 estados soberanos e independentes que se constituíram em uma união de Estados. Eles constituíram, então, uma Federação. É natural que cada um desses estados reservasse para si uma maior autonomia.

Essas declarações do presidente Jair Bolsonaro colocando em dúvida as eleições brasileiras fazem sentido?

Não fazem sentido, porque nós temos o voto eletrônico desde 1995, 1996. Nós já temos 25 anos de prática em voto eletrônico. Nunca houve nenhuma evidência, nenhuma impugnação que levantasse suspeita de que o voto eletrônico poderia ser fraudado. Ao contrário, o voto no papel, na cédula, era dramático.

O senhor implantou o voto eletrônico no Brasil. A urna eletrônica serve de parâmetro para eleições em outros países?

Ela tem servido de parâmetro. A urna eletrônica é admirada no primeiro mundo. O sistema eleitoral brasileiro é um dos melhores do mundo.

O que quer o presidente Jair Bolsonaro quando ele coloca em dúvida esse sistema eleitoral?

Acho estranho. Ele não se baseia em mínimo de provas e ele foi eleito nesse sistema. Não faz sentido essa suspeita que ele diz ter. Ele não apresenta provas. É como diz o ministro Luiz Roberto Barroso, uma autoridade pública que sabe de algo que pode comprometer o processo eleitoral, tem obrigação de apresentar a denúncia para que ela seja investigada.

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