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Construção já sente a reversão da curva

A construção civil teve uma queda por três anos consecutivos. Essa curva, no entanto, começa a mudar e apesar de 2016 ainda ser um ano perdido, a expectativa é a de que o setor tenha uma forte reação em 2017, se o país conseguir recuperar a sua credibilidade e os investimentos voltarem a acontecer. Ainda assim, a conta que está sendo feita é a baseada nas projeções do Banco Central, de crescimento de 1,3%, segundo o economista do Sinduscon, Daniel Furletti ( foto). A construção civil é responsável por 55% dos investimentos do país e a expectativa é a de que as medidas tomadas pelo governo garantam o ambiente seguro para a retomada das obras no país.

 

O custo da construção está estabilizado. O setor não tem sinal de recuperação neste ano?

O valor de R$ 1.264,09 registrado em setembro no índice que mede o custo por m² de construção em Belo Horizonte teve uma variação muito pequena, quase que de manutenção, com um índice de 0,05%, o que indica que está estável. Este índice, índica como estão os insumos para construir e o valor da mão-de-obra. Esses itens não refletem o mercado. Nos últimos 12 meses a variação foi de 8, 27%, um pouco abaixo da inflação e esse percentual indica que não está ocorrendo uma pressão sobre os preços, que estão estáveis, tanto a mão-de-obra, como também os materiais. Como toda a economia, o setor da construção também está tendo uma evolução aquém do que poderia. O PIB do país deve cair em torno de 3 a 3,5 % e a construção civil, por ser muito dependente da macroeconomia, de investimentos, etc, ele também sofre com a recessão da economia brasileira e não está refletindo uma atividade de desempenho crescente. O PIB da construção, por exemplo, caiu em 2015 em 7,6% e neste ano deve cair 4,3%.

 

Uma queda menor sobre uma base também ruim?

Isso mostra que o setor também depende de um ambiente macroeconômico para poder desenvolver. Nós estamos prevendo para 2017 um desempenho melhor, porque a economia deve melhorar. Nós estamos trabalhando com um crescimento em torno de 1,5%.

 

Para voltar ao período de maior crescimento o setor precisaria crescer quanto?

A construção cresceu muito em 2010 e 2011, quando teve um crescimento médio de 12%. Se a economia como um todo tiver esse desempenho, a construção civil fatalmente deve acompanhar. A construção civil tem uma adaptação muito grande nos investimentos. Ela participa em mais de 55% dos investimentos feitos no país.

 

As medidas tomadas pelo governo federal em relação a retomada das obras paralisadas e do Minha Casa, Minha Vida vão impulsionar o setor?

Não só essas medidas diretamente, como as reformas estruturais, que são necessárias para que haja investimento em infraestrutura. Todas essas medidas que estamos assistindo, vão criando um ambiente de maior confiança e esse ambiente acaba levando ao investimento na economia. Junto com o investimento o setor da construção civil vai ter um desempenho melhor. O país precisa de obras viárias, de portos, aeroportos, estradas, habitação, as planas industriais, isso tudo tem a construção civil envolvida.

 

Em Minas Gerais, qual é a situação?

No estado, o setor caiu mais do que o restante do país, em menos 8,7, porque tivemos menos obras devido a recessão. O país teve um recuo de 8,6% e Minas de 8,7%. Esse desempenho é motivado pelo ambiente recessivo. Nós observamos, nesse caso, dois fatores: do ponto de vista econômico e político, que resultou na crise de confiança. Essas três variáveis se retroalimentam. A crise de confiança está se desarmando. Estamos sentindo que o brasileiro, o empresário e o consumidor estão mais confiantes, porque está tendo um ambiente econômico de política macroeconômica melhor do que tinha antes. Isso muda o cenário e faz com que nós tenhamos uma previsão de crescimento em 2017.

 

Esse crescimento de 1,5% é muito pequeno, em que vai alterar para o setor?

É muito pequeno em cima de uma queda grande. O Brasil entrou em uma recessão muito grande, com uma queda de 4% por três anos seguidos. Em 2014 ficamos praticamente parados. O crescimento foi muito pequeno e 2015 caímos e em 2016 também. Então, são três anos de queda. O que estamos vendo agora é positivo porque estamos revertendo a tendência de queda.

 

Até o final do ano haverá uma mudança nessa curva na construção civil?

Nós esperamos que quando o IBGE divulgar o PIB dos dois últimos trimestres de 2016 já se tenham um número melhor do que os dois primeiros trimestres. E isso vai consolidando o crescimento para 2017. O mercado está prevendo, ainda uma recessão para 2016 e não está prevendo, ainda, um crescimento para este ano.
Este será mais um ano perdido?

Exatamente. O Banco Central, pela pesquisa Focus, está prevendo uma queda de 3,15% do PIB em 2016 e prevendo um crescimento de 1,30 em 2017. Um outro dado importante é que o Brasil estava vivendo um fenômeno que é a inflação alta com recessão. Em 2015 a economia caiu 4% e a inflação foi de 10,67%, quase 11%. O que observamos agora é a reversão desse fenômeno. A inflação está caindo e a economia está voltando a crescer. O Banco Central está prevendo uma taxa de inflação de 7,23% para 2016, bem menor do que 2015 e prevendo uma inflação de 7,04% para 2017, com um crescimento de 1,3%. Isso quer dizer que desarmou esse fenômeno, que é muito perverso. Isso é um ponto positivo demais.

 

Quando o governo começa a investir em obras, há uma reação na economia. E os investimentos voltarem essa reação pode vir mais rápido?

Está tudo caminhando para isto. Estamos assistindo a essas reformas estruturantes, que estão sendo levadas agora pela política econômica, que vai trazer essas obras, principalmente de infraestrutura, através das concessões e das PPPs, principalmente.

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