O país vive um momento difícil. As próximas eleições caminham para a polarização. Mas o prefeito de Nova Lima, João Marcelo Dieguez, acha que a sociedade precisa refletir sobre o que ela quer para o futuro e lembra que o momento é de uma virada geracional na política. Essa será, certamente,a última eleição de Lula e será aberta a possibilidade de o país caminhar para a pacificação, para a busca do diálogo e do retorno das suas tradições, como na diplomacia, que tornou o país conhecido por ser conciliador, bem diferente do que acontece agora.
O julgamento e condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pode ter que tipo de reflexos na política?
Vivemos um momento de polarização radical muito forte, que qualquer posição é levada para o aspecto puramente ideológico e acho que esse é o momento que, com certeza, vai esquentar ainda mais os preparativos para as eleições de 2026. Especialmente no que diz respeito ao cenário nacional. O que o nosso país tem que ter como reflexão é que essa próxima eleição presidencial, a eleição geral, representa, na verdade, uma virada geracional, independente do resultado na política brasileira. Certamente a última eleição do presidente Lula, como um dos políticos lá do período da redemocratização. Independente de se o Lula for reeleito ou perder eleiçãopara qualquer outro candidato, essa é a sua última eleição. A partir daí, o Brasil passará por uma virada geracional. E nessa virada temos que tirar as melhores eleições para construir um país que acredite no diálogo, no equilíbrio, na conciliação e no caminho de construção política, onde a gente se permita sentar numa mesa e debater as ideias. Não necessariamente a gente precisa concordar com todas elas, mas temos que ter capacidade de dialogar. Eu acho que essa é a grande reflexão,de tudo isso que a gente está vivendo, o que temos que deixar para o futuro e para as novas gerações de políticos e de brasileiros de uma maneira geral.
A eleição de 2026 caminha para a polarização novamente. Essa situação pode ser prejudicial para o país, para construção realmente de novos líderes?
No meu modo de ver, sim. Essa polarização sangrenta, que transmite ser mais uma guerra de narrativas por uma briga de poder, do que de fato um projeto de desenvolvimento de país.Pouco se vê nessa guerra de narrativas uma discussão de desenvolvimento para o país. Qual o projeto de desenvolvimento está sendo colocado? O que vemos é uma guerra de narrativa de a contra b. Uma guerra que tende a colocar a população em uma situação em que qualquer opinião que você tome, você é de um lado ou é do outro e a discussão de país para segundo plano. Infelizmente, desenha-se para esse mesmo caminho no próximo ano. Mas eu acredito que a grande reflexão que a gente tem que ter após tudo isso é que, de fato, a gente precisa superar essa guerra sangrenta e olhar para o futuro de uma forma diferente.
Estamos vendo uma interferência dos Estados Unidos, inclusive com reflexos na economia. Isso tem afetado os municípios? Nova Lima também tem sido afetada?
Acaba afetando todo o país. Nova Lima sofre, de certa forma, menos impacto, porque 97% das nossas exportações são minério de ferro e ouro, que não são tão atingidos. Esse impacto não é tão maior, mas é claro que toda a cadeia produtiva do país está sendo afetada. Isso vai refletir no país de uma maneira geral, impactando nas cidades, na vida das pessoas. O Brasil sempre foi um país do diálogo, conciliador, e a gente está vivendo um momento muito difícil. Vamos ver como superamos isso para retomar as nossas identidades, as nossas raízes, a forma como o Brasil sempre se portou na diplomacia internacional.
Você já sabe com quem vai caminhar em 2026?
Ainda não.A gente está a mais de um ano da eleição. Falta mais de um ano. Nenhum cenário está consolidado. A gente espera ter boas alternativas, tanto para o governo do estado como também para o governo federal.
