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Mais cuidado com o país. Menos preocupação com a reeleição

Paulo César de Oliveira
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A situação dos municípios mineiros não é nada fácil. A queda nas receitas e a retenção de repasses, que só neste ano começaram a ser regularizados deixaram a situação ainda pior. Quando tudo parecia começar a entrar nos eixos, aconteceu o rompimento da barragem em Brumadinho, causando a morte de 247 pessoas. Outras 23 estão desaparecidas. O prefeito de Nova Lima e presidente da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil, Vitor Penido (foto), entende que essa é uma questão que tem que ser enfrentada com responsabilidade, punir quem tem que ser punido. Mas outra questão também tira o sono dos prefeitos: os municípios ficaram de fora da reforma da Previdência e correm contra o tempo para conseguir mudar o texto no plenário da Câmara.

A mineração no estado pode ficar prejudicada com a paralisação das atividades das mineradoras?

A empresa tem que ser responsabilizada. Infelizmente vidas se perderam e isso não tem preço. É preciso pagar as indenizações devidas e a recuperação ambiental tem que existir. O que temos que fazer agora é entender que a mineração faz parte de Minas Gerais e nós mineiros dependemos muito da mineração. Todas essas barragens que tiveram problema são de 20, 25 anos, e já estão paralisadas e saturadas. Houve erros até de projetos. Lamentavelmente aconteceu o rompimento.

 

Tem muita gente se aproveitando dessa situação?

É o que mais tem, infelizmente. Nós temos visto coisas absurdas, inclusive de pessoas que não precisam receber da Vale e estão recebendo. Atender a uma pessoa que sofreu, que está dentro da área da mancha, eu concordo plenamente. Mas quem não tem nada a ver com isso está recebendo voucher. Não estou defendendo nenhuma empresa. Sou o maior cobrador de mineração, pela entidade que presido. Nós temos que entender que vai chegando a um ponto em que vai ficando difícil.

 

Mas tem muito político também querendo tirar proveito de tudo.

O que precisa ter no Brasil é o seguinte: o Senado teve uma renovação de mais de 50%, a Câmara Federal mais de 40%. O que acontece é que ainda existe entre os mais antigos, uma mentalidade de nunca se preocupar com o mandato, mas com a reeleição. O Brasil não suporta mais isso hoje. Políticos têm que assumir posições, como aconteceu comigo agora, quando entrei na prefeitura sabendo que teria que sofrer um desgaste para consertar a cidade. Eu consertei a cidade, viabilizei o município, que hoje é totalmente viável. Estamos fazendo obras grandes, isso porque assumi uma posição de que para poder fazer as coisas para atender a população mais humilde, era preciso cortar muita coisa. A maioria dos políticos não, a preocupação deles é com o mandato. A reeleição, então eles pensam que se fizer determinada coisa vai perder a eleição. Isso acontece com o deputado federal, o estadual e o senador.

 

Em início de mandato, não está faltando responsabilidade?

Acho que é o momento de todos entenderem que o país está no buraco, não só a nível federal, como estadual, sue sofre ainda mais. Passou da hora de não falar em partido político. O PT fez a reforma da Previdência, o PSDB tentou fazer, o MDB tentou fazer, só que agora, a situação é muito mais grave do que há 20 anos. Nós temos que esquecer os partidos, parar de falar dos partidos agora e só pensar em partidos no ano que vem ou daqui a dois anos. Tem gente que fala que o governo não tem um programa, mas pelo que tenho ouvido, tem programa sim. Muitas coisas vão depender da Câmara. O Estado, todo ele inchado, sem recursos para investimentos, isso não pode acontecer mais. O país não comporta mais isso. Olha o exemplo de Nova Lima, olha as escolas, a saúde, a cultura. Há três anos, quando assumi, era uma vergonha. Peguei a administração com três mil a quatro mil funcionários, cortei onde podia cortar, economizei mais de R$ 50 milhões em um ano, cortei todas as malandragens que tinha na prefeitura. Hoje temos 71 obras e dinheiro em caixa.

 

Essa radicalização em relação a reforma da Previdência, com os municípios de fora da reforma, vai chegar uma hora em que ficará inviável para muitos municípios. Como sair desse impasse?

Pedi, através da Associação que presido, a Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil, uma audiência com o presidente da República e com o apoio dos prefeitos e com a presença deles, para que possamos ir à Brasília hipotecar apoio à reforma. Esses municípios representam mais de cinco milhões de habitantes. Nós pretendemos fazer com que os deputados que ainda estão contra, entendam que são os prefeitos que sabem quais são as necessidades dos municípios e eles precisam dessa reforma. O Brasil tem que estar todo de mãos dadas para viabilizar a reforma.

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