O trabalho desenvolvido por Thiago Toscano (foto/Tião Mourão) à frente da Codemge tem chamado a atenção. Ele foi o convidado do último Conexão Empresarial, onde pode mostrar aos empresários, autoridades e representantes da sociedade, o que tem sido feito na empresa e qual o seu papel no processo de exploração do lítio e do nióbio, minerais que tem sido amplamente utilizados na indústria.
A Codemge é uma extensão da Codemig?
Essa é a pergunta que todo mundo faz. Em 2018 houve uma cisão da Codemig, que separou alguns ativos, o principal deles que era o nióbio, para tentar fazer, na época, uma abertura de capital, para trazer e captar recursos para estado e aí, quando essa cisão foi feita, o estado se tornou dono de 99% da Codemge, que é dona de 51% da Codemig. Os outros 49% são do próprio Estado. A Codemig, hoje, é só uma casca, é um veículo que detém o direito minerário do nióbio, que é explorado em conjunto com a CBMM e por causa dessa exploração em conjunto, a Codemig recebe 25% dos lucros.. Ela distribui esse lucro e com isso, 51% vai para a Codemge e 49% para o Estado. A Codemge tem outras atividades imobiliárias, societárias e muitos direitos minerais e depois dessa operação, ela novamente apura e distribui o lucro para o Estado.
O nióbio e o lítio viraram os minerais mais desejados. Como funciona essa parceria?
O Brasil é hoje o líder na produção e comercialização do nióbio e a extração se dá muito pela tecnologia que a CBMM desenvolveu, que nasceu em Araxá., A mina está em Araxá e todo o processo produtivo está lá. Ela pega o minério em estado bruto, transforma esse minério, em 160 processos físicos e químicos, em uma liga de ferro e nióbio. Hoje, é o principal produto que ela comercializa para o mundo inteiro, através de 40 países onde ela tem escritório, e por causa disso, ela domina o mercado com 80% do market shere, muito em função de produzir com menor custo e com a maior qualidade. Ela domina, principalmente em termos de tecnologia, esse mercado e faz o Brasil ser o número 1 e, ainda, vem desenvolvendo aplicações. O nióbio, quando foi descoberto, não tinha aplicação mercadológica, isso veio em um processo de definição do seu uso, no desenho de uma rota tecnológica para o nióbio para ser aplicar no aço. Hoje vai na indústria automotiva e é tem muita utilização em baterias.
O que é que se representa, em termos econômicos, para o Estado?
No ano passado, a nossa operação em conjunto da CBMM, nós ficamos com o que cabe a nós, que são 25% e esse número representou R$ 1,4 bilhões. Isso é muito dinheiro para uma empresa que não presta serviço público na área da Cemig e da Copasa, nem tem clientes, nem tem agências reguladores. São R$ 1,4 bilhões que podem ser gastos da forma como o governo quiser. Hoje o que fazemos é distribuir 100% desses lucros para o Estado para que ele possa investir em políticas públicas.
Como é que é feito o controle desse recurso?
Tem dois tipos de controle. Um controle na mina daquilo que é explorado. A exploração ela se dá em parceria com a CBMM. Nós temos uma joint venture, a Comipa, que é a Companhia Mineradora do Pirocloro de Araxá e é por meio dessa companhia que nós fazemos a gestão da exploração nos termos contratuais. O contrato regra que tem que haver a exploração paritárias, com 50% de cada membro. Nós fazemos o controle por, e o controle dos recursos depois, na apuração do resultado é feita uma auditoria, onde se apura o resultado e o recurso distribuído. Depois disso, distribuímos para o Estado.
E o lítio?
Assim como o nióbio, o lítio está principalmente, no estado de Minas Gerais. O direito minerário do lítio é detido por empresas privadas. O que nós estamos fazendo é trazendo investimentos para que isso possa ser explorado e gerar riqueza para o estado de Minas Gerais. Recentemente fizemos o lançamento do nosso programa do Vale do lítio na Bolsa de Nova Iorque, que contou com a presença do governador, e o objetivo disso é trazer investimento para a região e agregar valor na cadeia produtiva, para que possamos conseguir fazer algum tipo de transformação no lítio e assim agregar valor. O mais importante é entender que, ao longo do tempo, esse dinheiro que veio para dentro da companhia foi aplicado e a companhia foi protagonista do desenvolvimento econômico. A companhia investiu e geriu investimentos próprios.