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Cardiologista Marcos Andrade: A Covid e seus efeitos na população

Desde que a Organização Mundial de Saúde revisou o seu roteiro de priorização do uso de vacinas contra a Covid-19, muitas dúvidas começaram a surgir. A população, que já estava se distanciando dos postos de saúde, está ainda mais desconfiada. O cardiologista Marcos Andrade explica essa mudança no foco das prioridades da OMS e de como a doença afetou algumas pessoas. 

As pessoas estão deixando de procurar as vacinas da Covid. Isso pode ser um problema?

Vamos por partes. Sempre gosto de explicar a origem das coisas. Quando falamos em estatística, que é o que orienta quase tudo na vida, inclusive os tratamentos médicos, você tem que ter dois tipos de informação: que é o número de pessoas que estão sendo tratadas e a outra coisa é o tempo. Para se concluir se um tratamento é bom ou não, tem que ter um número grande de pessoas tratadas durante um tempo grande, para conseguir fazer cálculos estatísticos. Quando você tem um número pequeno de pessoas ou um tempo curto, a estatística não é válida, então as suas conclusões não são validadas, do ponto de vista de mensuração. Quando começou a Covid, nós não tínhamos nem o número de pessoas doentes, nem o tempo de observação. Como toda doença por vírus a única solução é vacina, vamos produzir vacina. Hoje nós melhoramos numa coisa, nós temos um número grande de pessoas vacinadas, mas nós não temos nenhum tempo de observação em que as pessoas foram vacinadas. São milhões de pessoas vacinadas, mas esse tempo é de dois anos. Nós não temos ainda as conclusões definitivas sobre o que é bom, o que é ruim que as vacinas podem produzir. Temos algumas noções básicas definidas. Mas quando eu falo Covid é uma coisa que nós continuamos ainda no aprendizado, porque a estatística não tem um dos braços completo, que é o tempo de observação. É fácil fazer uma recomendação social “olha vamos passear todo mundo”. É isso mesmo, vamos vacinar. Agora, quando você traz para discutir a indicação da vacina pessoa a pessoa aí a coisa complica, porque estatística não orienta o que você faz com uma pessoa. Ela orienta o que que você faz com o grupo de pessoas. O ideal seria que cada pessoa que fosse vacinado tivesse o seu médico, que ia estudar a recomendação ou não e o tipo de vacina para cada pessoa e isso é inviável para na grande parte da população.

É preciso continuar vacinando?

 Quando me perguntem se tem que vacinar, digo que tem. Eu preciso vacinar? Falo para ir lá no consultório e vamos conversar, estudar seu caso. São duas coisas diferentes: é o sanitarista e o médico da prática diária. Um outro dado de como de estatísticas são, as pessoas às vezes esquecem e que é importante, você pega essas vacinas todas que atuam sobre o DNA e RNA das pessoas, elas desde o início falavam que elas teriam índice complicação de 0.01%. Houve até uma polêmica grande com o governo que atrasou com as vacinas porque os laboratórios exigiam nos contratos eles ficassem livre de qualquer tipo de processo por complicações que poderiam surgir no futuro, o governo não queria assinar esses contratos e isso deu uma polêmica danada, por que quem vai assumir uma responsabilidade sobre uma coisa que ninguém sabe o que vai acontecer? Com 0001 por cento de complicação, tinha-se poucas pessoas tomando esse tipo de vacina e 001 por cento de 10 pessoas não é nada. Como a terceira dose da vacina no Brasil foi exatamente com esse tipo de vacina, então você tem milhões de pessoas vacinadas. Como apareceu um monte de gente com complicações, isso daí para pessoa leiga, que não entende, que não tem essa esses dados estatísticos, começou a ficar com aquele pânico. Tratei de várias pessoas complicações cardíacas.

Houve alguma mudança?

Tem alguns dias em que a Organização Mundial de Saúde redefiniu as recomendações da vacina. A primeira coisa que eles falam é que essas recomendações vão variar de tempos em tempos, de acordo com comportamento que a doença está tendo. Considerando que grande parte da população já teve a doença e, portanto, já desenvolveu a imunidade, considerando que uma grande parte da população foi vacinada e terceiro que a própria epidemia da Ômicron, que pegou um grande número de pessoas, e que essas pessoas desenvolveram também a imunidade, a recomendação hoje, para o mundo inteiro é que para as pessoas que não sejam de altíssimo risco, e que já tomaram duas dose, não precisam mais tomar mais do que já tomaram e haverá uma recomendação para uma dose de reforço, depois de um ano da última dose. A pessoa pega a data da última vacina espera fazer um ano e toma só uma dose de reforço. Está se estudando se as pessoas que não foram vacinadas e quisesse vacinar agora, se faria apenas as duas doses dessa vacina dupla, que foi lançada agora, que é uma vacina mais atual. Existe uma coisa em remédio que é uma coisa fundamental: o remédio tem que ser menos ruim do que a doença. Se a doença é muito grave você vai tomar um remédio muito forte, se você pega uma doença muito simples e dá um remédio muito forte os efeitos colaterais do remédio serão mais perigosos do que a doença. Isso não tem sentido. Nesse momento, se as pessoas não precisam vacinar mais e têm complicações da vacina, isso é uma catástrofe, porque está -se usando uma coisa que não é necessária e que tem potencial de risco, porque o 001 de complicação passa a ser algo muito sério. Mas se a pessoa tem um risco muito baixo de contrair a doença ou de morrer da doença, não deve correr esse risco.

Muita gente tem dúvida em relação a essa questão de alterar o DNA. Como que é isso?

Em resumo é o seguinte: o DNA e RNA é tudo que nós somos. Quando somos gerado está tudo definido no nosso DNA e no RNA. Se a pessoa vai ter olha azul, se você vai ser alto, vai ser baixo é a forma que nós passamos nossas características. Quando você mexe no DNA da pessoa, quer dizer que o código daquela pessoa, tem um código quando ela é gerada, você fica na dúvida do que vai acontecer. Quando você mexe um pouquinho em um gene – um gene é responsável por milhões de características suas – a predisposição para ter doença tal doença, câncer, tudo está no nosso código genético e quando você mexe um gene, você interfere em várias características da pessoa. A dúvida é: como essa vacina mexe na parte genética para alterar na sua imunidade, para você ficar protegida contra a doença, o que mais essa vacina está mexendo? Isso pode mexer na parte de reprodução das meninas hoje, que no futuro ainda vão ter crianças? Isso pode mexer na parte da imunologia da pessoa? São todas perguntas que não existe uma resposta ainda definida. Tem muita gente vacinada, muita gente com doença, mas o tempo de observação ainda é muito pequeno. Se nós temos dúvidas sobre os reais efeitos colaterais que a vacina pode dar, aí sim, se nós temos duvida do que pode acontecer – no meio de uma pandemia paciência, vamos salvar todo mundo, vacina todo mundo-, mas agora, é que saiu da pandemia, já tem essa recomendação de que a doença está sob controle, então nós temos que pensar muito, porque se o risco de morrer da doença hoje é pequeno, existem riscos da vacina que nós precisamos pensar muito para ver quem vamos vacinar. A minha recomendação continua aquela que te falei no início, a parte pública está resolvida, agora quem quiser vacinar deve ler essa recomendação da Organização Mundial da Saúde e, se possível, consultar o seu médico, porque não dá para você fazer o mesmo tipo de recomendação para homem, para mulher, pessoa fértil, não fértil, com doença grave, sem doença grave, aí passa a ser uma prescrição como qualquer um tipo de remédio.

Quais são os casos mais comuns que o senhor tem observado em relação aos problemas cardíacos que tem aparecido?

Praticamente todos. Tem primeiro os aspectos de trombose, que são os coágulos. Esse vírus é um vírus que ele favorece a formação de coágulos. A vacina, mesmo em doses menores tem os efeitos colaterais da doença. O primeiro tipo de complicação são as tromboses, a formação de coágulos e esses coágulos podem formar na perna, esses coágulos podem ser no pulmão e virar embolia pulmonar, eles podem dar dentro das coronárias e produzir infarto e causar um infarto por morte súbita. Eu tive um caso de morte súbita de um jovem e está tendo uma série de discussões pelo mundo afora de pessoas que tiveram trombose nas coronárias e tiveram morte súbita. Particularmente tive mais acometimentos de parte do músculo do coração, que é a miocardite, uma inflamação do músculo e dessa miocardite da membrana que envolve o coração, que chama pericardite. Da parte neurológica e das tromboses neurológicas, estamos observando muitas alterações da doença e talvez a vacina afete parte de memória. As células do sistema nervoso são bem sensíveis. (Foto/reprodução internet)

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